FIGURA/católicoex-pastor Mãe na terra e MÃE NO CÉU
FIGURA/católicoex-pastor
Mãe na terra e MÃE NO CÉU
Redacção da Aleteia|Prof. Filipe Aquino|Maio 17,
2019 ALETEIA
Scott Hahn |
“Eu via o Rosário e a Virgem
Maria como obstáculos que se colocavam entre minha avó e Jesus Cristo"
O blog
do professor Felipe Aquino compartilhou nesta semana um trecho
do livro-testemunho “Salve, Santa Rainha“,
publicado no Brasil pela Editora Cléofas. O autor é o ex-pastor
presbiteriano Dr. Scott Hahn, que
relata o seu primeiro “encontro” com Maria, como Mãe de Deus e nossa mãe, superando a rejeição que
tinha por ela com base em preconceitos anticatólicos.
Eis
o extrato de seu testemunho:
«Com
toda a minha piedade recém-descoberta, eu tinha ainda quinze anos e era muito
consciente da minha “tranquilidade”. Havia apenas alguns meses, eu tinha
deixado para trás vários anos de culpa juvenil e aceitado Jesus como meu Senhor
e Salvador. Meus pais, que não eram particularmente presbiterianos devotos,
notaram em mim uma mudança e, de coração, me aprovaram. Se a religião fosse
para me manter fora daquela culpa juvenil, então que assim fosse.
O
zelo pela minha nova fé me consumia a maior parte do tempo. No entanto, num dia
de primavera, eu estava consciente de que algo mais me inquietava. Tive um
problema estomacal com todos os desagradáveis sintomas. Expliquei minha situação
para o meu professor na sala de aula, que me mandou para a enfermaria da
escola. A enfermeira, depois de verificar minha temperatura, me pediu para
deitar, enquanto ligava para minha mãe.
A
partir da conversa que ouvi, eu poderia dizer que iria para casa. Senti um
alívio imediato e cochilei. Acordei com um som que me golpeou como uma navalha.
Era a voz da minha mãe, que estava cheia de piedade materna.
“Ah”,
ela me disse quando me viu ali.
Então,
de repente, me ocorreu: Minha mãe vai me levar para casa. O que vão pensar meus
colegas ao verem minha mãe saindo comigo daqui? E se ela tentar colocar seu
braço sobre mim? Serei motivo de chacota…
A
humilhação estava a caminho. Eu já podia ouvir os caras zombando de mim: “Você
viu a mãe dele enxugando sua testa?”
Se
eu fosse católico, sentiria, nos quinze minutos seguintes, o meu purgatório.
Para minha imaginação evangélica, porém, o inferno. Então, olhei fixo para o
teto, acima do sofá da enfermeira, e tudo o que eu podia ver era um longo e
insuportável futuro como “o filhinho da mamãe”.
Sentei-me
para enfrentar aquela mulher se aproximando de mim com a máxima piedade. Na
verdade, foi a piedade dela que eu achei mais repugnante; afinal, dentro da
compaixão de toda mãe, está a necessidade do seu “pequeno” – e aquela forma de
carência e pequenez, definitivamente, não era legal.
“Mãe”,
sussurrei antes que ela pudesse dizer uma palavra. “Você não poderia sair daqui
antes de mim? Não quero que meus colegas vejam você me levando pra casa”.
Minha
mãe não disse uma palavra. Deu meia-volta, saiu da enfermaria e da escola,
direto para o carro. De lá, me levou para casa, perguntou-me como eu me sentia
e se certificou de que eu fosse para cama com os remédios habituais.
Foi
por um triz, mas eu tinha a certeza de ter escapado com tranquilidade. Fui me
deitar numa quase perfeita paz.
Naquela
noite eu pensei sobre a minha “calma” novamente. Meu pai foi até meu quarto
para ver como eu estava me sentindo. “Bem”, respondi. Então, ele me olhou
seriamente.
“Scottie”,
disse ele, “sua religião não significará muito se tudo não passar de simples
palavras. Você tem que pensar sobre a maneira como trata as outras pessoas”. E
aí, veio o “puxão de orelha”: “Nunca se envergonhe de ser visto com sua mãe”.
Eu
não precisava de explicações; podia ver que papai estava certo, e tive vergonha
de mim mesmo por ter me envergonhado de minha mãe.
Adolescentes espirituais
No
entanto, não é assim com muitos cristãos? Morrendo pregado à cruz, em seu
último testamento e sua última vontade, Jesus nos deixou uma mãe. “Quando Jesus
viu Sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que Ele amava, disse a Sua mãe:
‘Mulher, eis aí o seu filho!’. Depois disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe!’. E
dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,26-27).
Nós
somos Seus discípulos amados, Seus irmãos mais novos (ver Hb 2,12). Sua casa
celeste é a nossa, Seu Pai é nosso e Sua mãe é nossa. Quantos cristãos, porém,
a estão recebendo em suas casas?
Além
disso, quantas igrejas cristãs estão cumprindo a profecia do Novo Testamento de
que “todas as gerações” a chamarão “Bem-aventurada” (Lc 1,48)? Muitos ministros
protestantes – e aqui eu falo da minha própria experiência passada – evitam até
mesmo mencionar a mãe de Jesus, por medo de serem acusados de “católicos
ocultos”. Às vezes, os membros mais zelosos de suas congregações têm sido
influenciados por polêmicas anticatólicas incômodas. Para eles, a devoção
mariana é uma idolatria que coloca Maria entre Deus e o homem ou que exalta
Maria à custa de Jesus. Assim, por vezes, você vai encontrar igrejas
protestantes nomeadas como de São Paulo, São Pedro, São Tiago, ou São João, mas
dificilmente chamada de Santa Maria. Você vai encontrar frequentemente pastores
pregando sobre Abraão ou Davi, antepassados distantes de Jesus, mas praticamente
nunca ouvirá um sermão sobre Maria, Sua
mãe. Longe de chamá-la de Bem-aventurada, a maioria das gerações protestantes
vivem a vida sem nunca a chamar em nada…
Esse
não é somente um problema protestante. Muitos católicos e ortodoxos têm
abandonado a rica herança das devoções marianas. Foram intimidados pelas
polêmicas dos fundamentalistas, envergonhados pelo riso de teólogos
dissidentes, ou se envergonharam até de boa intenção, mas estão equivocados na
sensibilidade ecumênica. Eles estão felizes por terem uma mãe que reza por
eles, prepara suas refeições e mantém suas casas; mas somente desejam que ela
fique, com certeza, fora de vista, quando outros estiverem ao redor, pois
simplesmente não os entenderiam.
Maria, Maria, muito pelo contrário
Eu
também me sinto culpado por essa filial negligência não só com a minha mãe
terrena, mas também com minha mãe em Jesus Cristo, a Bem-aventurada Virgem
Maria. O caminho da minha conversão me levou para o ministério presbiteriano.
Ao longo dessa caminhada, tive meus momentos antimarianos a partir de uma culpa
juvenil.
Meu
primeiro encontro com a devoção mariana veio quando minha avó faleceu. Ela era
a única católica dos dois lados da minha família, uma calma, humilde e santa
alma. Como eu era o único praticamente de uma religião na família, meu pai me
deu os artigos religiosos de minha avó quando de seu falecimento. De repente,
eu olhei para aquilo horrorizado. Segurei seu rosário entre minhas mãos e, à
parte, arrebentei-o, dizendo: “Deus, liberte-a das correntes do catolicismo que
a prendiam”. Eu quis dizer isso mesmo. Eu via o Rosário e a Virgem Maria como
obstáculos que se colocavam entre minha avó e Jesus Cristo.
Mesmo
quando lentamente fui me aproximando da fé Católica – atraído inexoravelmente
por uma verdade após outra da doutrina –, eu não poderia aceitar para mim mesmo
os ensinamentos da Igreja sobre Maria.
A
prova de sua maternidade viria para mim somente quando tomei a decisão de me
deixar ser seu filho. Apesar de todos os poderosos escrúpulos da minha formação
Protestante – lembre-se, havia poucos anos, eu dilacerara as contas do terço de
minha avó –, eu mesmo, um dia, peguei o terço e comecei a rezar. Rezei numa
intenção bem específica, praticamente impossível de ser atendida. No dia
seguinte, peguei o terço e rezei de novo, e no outro dia também, e no outro, e
no outro… Meses se passaram antes de eu perceber que minha intenção, uma
situação praticamente impossível, tinha sido revertida desde o primeiro dia em
que peguei no rosário e comecei a rezar. O meu pedido tinha sido atendido.
A
partir desse momento, eu conheci minha mãe. A partir desse momento, acreditei,
realmente conheci a minha casa na aliança da família de Deus: sim, Cristo era
meu irmão. Sim, Ele me ensinara a rezar o “Pai-Nosso”. Agora, no meu coração,
eu aceitava a Sua ordem para “receber” a minha mãe.
O professor Felipe acrescenta ao final do
extrato:
Você
pode saber um pouco mais sobre esta linda história no livro “SALVE, SANTA RAINHA”. Além disso neste livro, com base nas escrituras e fundações
históricas, Hahn apresenta um novo olhar na doutrina Mariana: Sua Concepção
Imaculada, Virgindade Perpétua, Assunção e Coroação. Ele guia os leitores
modernos através destas passagens cheias de mistérios e poesia, e os ajuda a
redescobrir a arte antiga e a ciência da leitura das Escrituras para se
adquirir um entendimento mais profundo das veracidades e a relação da fé com a
prática da religião no mundo contemporâneo. Vale a pena conhecer este livro!
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