EUROPA/cristãos não são cidadãos de 2ª Dia da Europa: “cristãos não são cidadãos de segunda” e têm direito de dar o seu contributo para manter valores
EUROPA/cristãos não são cidadãos
de 2ª
Dia da Europa: “cristãos não
são cidadãos de segunda” e têm direito de dar o seu contributo para manter
valores
Por Luisa Gonçalves
16
Maio, 2019 in JM
Foto: Duarte Gomes |
O bispo do Funchal, D. Nuno
Brás, diz que a Europa “nasceu Cristã” e foi sempre marcada pelo “ritmo e
valores morais do Cristianismo”. Neste contexto, o prelado fez questão de
referir que os “cristãos não são cidadãos de segunda”, pelo que têm de fazer
ouvir a sua voz, sempre sem “impor o nosso pensamento a ninguém”, mas dando “o
seu contributo para que se mantenham os valores comuns”.
D. Nuno Brás falava durante
uma conferência sobre «O desafio de ser cristão, na Europa de hoje», que teve
lugar esta terça-feira, dia 14 de maio, na Igreja do Colégio.
No decorrer desta iniciativa,
promovida pela Plataforma de Movimentos «Juntos pela Europa», na Diocese do
Funchal, para assinalar o Dia da Europa, o prelado falou da história da Europa,
sublinhou que “Europa não coincide necessariamente com União Europeia” e que “a
Europa é uma realidade maior”. Uma realidade que, entre outras características,
tem sido marcada pela laicidade, “esta relação sempre difícil entre Igreja e
Estado”, que “marca o pensamento europeu e a história da civilização europeia,
que é também a história entre estas relações muito conturbadas entre a Igreja e
o Estado”, que “não estão completamente resolvidas, nem nada que se pareça”.
Foto: Duarte Gomes |
“Hoje reconhecemos, e o
concílio também nos convida a isso, uma diferença essencial entre Igreja e
Estado”, mas também o “convite a uma intensa colaboração”, tendo sempre em
conta “a liberdade religiosa e a liberdade e dignidade de todo o ser humano”.
Claro que na Europa e na União Europeia “temos, ainda hoje, realidades muito
diferentes”, mas “há uma certa convergência para aquilo que podemos chamar um
modelo global europeu, em que temos por um lado a afirmação da liberdade
religiosa como parte necessária da dignidade do ser humano, mas por outro lado
uma colaboração sob múltiplas formas”.
Neste contexto a Igreja não
“deve se deixar funcionalizar do ponto de vista político”, mas antes ser “sinal
da presença conciliadora de Deus”, tendo como ponto de partida a realidade de
que, de facto, “o Estado não tem religião, mas a sociedade tem religião e esta
dimensão religiosa é essencial à vida das pessoas”.
É por isso que “quando nos
disserem para nos calarmos, porque isso são coisas da religião, devemos
responder que sim, mas que também Deus tem uma realidade a dizer e sobretudo
que eu não sou cidadão de segunda e que tenho todo o direito de participar no
pensamento, no debate e na construção de uma sociedade, onde todos possam ter o
seu lugar e onde todos possam contribuir para o seu bem”.
Por outras palavras, “não
queremos impor nada a ninguém, sempre propomos, mas não nos obriguem a calar” e
sobretudo a continuar a aceitar aquilo que tem acontecido e que “não podemos
deixar”, ou seja que Deus continue a ser “expulso das realidades oficiais, das
universidades, das escolas e das empresas”.
Não queremos também que achem
que a fé é uma coisa “para tolos”. Por isso mesmo, temos de “denunciar o aquilo
que se opõe ao Evangelho, porque se se opõe ao Evangelho opõe-se ao ser
humano”, fazendo uma verdadeira “apologética da fé” que é algo que “nos falta
muito”. É preciso mostrar que “ser cristão é inteligente, é de quem pensa” e
que “somos felizes como cristãos e que isso não nos retira nada do humano, pelo
contrário”.
Foto: Duarte Gomes |
Neste contexto, disse D. Nuno,
não podemos “deixar de ter em conta o apelo do Papa Bento XVI de criar minorias
criativas, quer dizer de grupos que assumam a responsabilidade de viver como
cristão e de mostrar que são felizes, no meio das cidades dos homens, vivendo
com outros olhos, é certo, e numa dimensão comunitária que é essencial à vida
cristã”.
O prelado, que reconheceu “a
crise moral e de valores da Europa contemporânea”, disse ainda que “é
necessário uma realidade que seja capaz de ser fermento da própria vida
política”. E isso faz-se “assumindo esta responsabilidade cristã também pela
sociedade e pelo Estado e neste sentido, não podemos deixar de procurar
políticos cristãos”. Quer dizer “o cristianismo torna-nos responsáveis também
pela dimensão material e comunitária da vida humana”, o que significa “que a
decisão maioritária nem sempre está correta” e que “o bem é uma realidade
anterior à decisão da maioria”.
Depois da intervenção de D.
Nuno, que fez ainda referências às eleições europeias que se realizam a 26
deste mês, seguiu-se um pequeno período de perguntas e respostas, numa
iniciativa que contou ainda com a presença do Coro da Universidade Sénior do
Funchal, dirigido pela Maestrina, Benvinda Carvalho.
A terminar de referir apenas
que a plataforma «Juntos pela Europa» engloba, como se disse anteriormente,
vários movimentos diocesanos nomeadamente as Equipas de Nossa Senhora,
Folcolares, Oficinas de Oração, Renovamento Carismático, Schoenstatt e Verbum
Dei e que o seu nascimento remonta ao Pentecostes de 1998.
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