Missão: do “eu” medroso ao “eu resoluto”
Missão:
do “eu” medroso ao “eu resoluto”
10 Junho, 2020 JM-278
A
missão é “Igreja em saída” para anunciar o Evangelho, é movimento do Espírito
que nos impele e conduz, é conversão, é mudança, é envio ao outro neste ano bem
marcado pelas tribulações e desafios causados pelo covid-19.
Ao
apelo «Quem enviarei?» o profeta Isaías responde: «Eis-me aqui, Senhor,
envia-me» (Is 6, 8).
A
chamada vinda de Deus misericordioso, interpela a Igreja e a humanidade na
crise mundial atual. Fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furiosa.
Demo-nos conta que estávamos no mesmo barco, todos frágeis e desorientados.
Sentimo-nos
chamados a remar juntos, falando a uma só voz, a voz do medo, dizendo
angustiados “vamos perecer” (Mc 4, 38).
O
sofrimento e a morte fazem-nos experimentar a nossa fragilidade humana; mas,
todos reconhecemos um forte desejo de vida e de libertação do mal.
A
missão que Deus confia a cada um faz-nos passar do «eu» medroso e fechado ao
«eu» resoluto e renovado pelo dom de si.
No
sacrifício da cruz, onde se realiza a missão de Jesus (Jo 19, 28-30), Deus
pede-nos a nossa disponibilidade pessoal para ser enviados, porque Ele é Amor,
em perene movimento de missão, para dar vida.
Ele
é o Missionário do Pai, morto e ressuscitado por nós. No seu movimento de amor
atrai-nos com o seu próprio Espírito, que anima a Igreja, nos torna seus
discípulos e nos envia em missão ao mundo e às nações.
A
missão de anunciar é movimento porque o Espírito Santo nos impele e conduz. A
vida humana nasce do amor de Deus, cresce no amor e tende para o amor.
A
Igreja, sacramento universal do amor de Deus pelo mundo, prolonga na história a
missão de Jesus e envia-nos por toda a parte. Deus continua a manifestar o seu
amor e a tocar e transformar corações, mentes, corpos, sociedades e culturas em
todo o tempo e lugar.
A
missão é resposta, livre e consciente, à chamada de Deus. Prontos a ouvir a
chamada ao caminho do matrimónio, da virgindade consagrada ou do sacerdócio
ordenado.
Só
com disponibilidade interior se pode responder a Deus: «Eis-me aqui, Senhor,
envia-me» (Is 6, 8). E isto respondido não em abstrato, mas no hoje da Igreja e
da história.
A
compreensão daquilo que Deus nos está a dizer nestes tempos de pandemia
torna-se um desafio para a missão da Igreja. Desafia-nos a doença, a
tribulação, o medo, o isolamento. Interpela-nos a pobreza de quem
morre sozinho, de quem está abandonado a si mesmo, de quem perde o emprego e o
salário, de quem não tem abrigo e comida.
Somos
convidados a redescobrir que precisamos das relações sociais e também da relação
comunitária com Deus.
E
a oração, na qual Deus toca e move o nosso coração, abre-nos às carências de
amor, da dignidade e da liberdade dos nossos irmãos, bem como ao cuidado por
toda a criação.
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