PENTECOSTES 3 inimigos do Espírito
PENTECOSTES 3 inimigos do
Espírito
Papa apresenta os três inimigos do dom do Espírito: o narcisismo, a
vitimização e o pessimismo
Por Vatican News
1
Junho, 2020
Foto: Vatican Media |
“O que é que nos une, em que
se baseia a nossa unidade?”. Na homilia da Missa na Solenidade de Pentecostes,
celebrada no Altar da Cátedra da Basílica de São Pedro, com a presença de 50
fiéis, o Papa Francisco falou sobre a unidade como dom do Espírito
Santo.
E começou, partindo da Igreja
nascente: «Há diversidade de dons espirituais, mas o Espírito é o mesmo –
escreve Paulo aos Coríntios –; há diversidade de serviços, mas o Senhor é o
mesmo; e há diversos modos de agir, mas é o mesmo Deus que realiza tudo em
todos».
Diversos, unidos pelo Espírito Santo
O Apóstolo – observa o Papa –
insiste em juntar duas palavras que parecem opostas. Quer-nos dizer que
este um só que junta os diversos é o Espírito
Santo. E a Igreja nasceu assim: diversos, unidos pelo Espírito Santo”.
O Papa recordou que entre os
apóstolos havia “pessoas simples, habituadas a viver do trabalho das suas mãos,
como os pescadores”, mas também Mateus, “certamente dotado de instrução pois
fora cobrador de impostos”. Ou seja, há “origens e contextos sociais
diversos, nomes hebraicos e nomes gregos, temperamentos pacatos e outros
ardorosos, ideias e sensibilidades diferentes. Todos eram diferentes”.
A união vem com a unção
A união “Deixou as suas
diversidades; e agora une-os, ungindo-os com o Espírito Santo.” Em Pentecostes,
“os Apóstolos compreendem a força unificadora do Espírito”, pois constatam, que
apesar de todos falarem línguas diversas, “formam o povo de Deus, plasmado pelo
Espírito, que tece a unidade com as nossas diferenças”.
Voltando para a Igreja hoje, o
Papa pergunta: «O que é que nos une, em que se baseia a nossa unidade?»,
pois também entre nós “existem diversidades, por exemplo de opinião,
preferência, sensibilidade”. Mas a tentação, “é defender sempre as nossas
ideias, considerando-as boas para todos e pactuando apenas com quem pensa como
nós. E esta é uma má tentação que divide”.
Nosso princípio de unidade é o Espírito Santo
Mas “o nosso princípio de
unidade é o Espírito Santo. E a primeira coisa que Ele nos lembra é que somos
filhos amados de Deus. Todos iguais
nisso, e todos diferentes”:
“O Espírito vem a nós, com
todas as nossas diversidades e misérias, dizer-nos: temos um só e mesmo Senhor,
e um só e mesmo Pai; somos irmãos e irmãs.
Olhemos a Igreja como faz o Espírito,
não como faz o mundo:
O mundo vê-nos de direita e de
esquerda, com esta ideologia, com aquela outra; o Espírito vê-nos do Pai e de
Jesus.
O mundo vê conservadores e
progressistas; o Espírito vê filhos de Deus.
O olhar do mundo vê
estruturas, que se devem tornar mais eficientes; o olhar espiritual vê irmãos e
irmãs implorando misericórdia. O Espírito ama-nos e conhece o lugar de cada um
no todo: para Ele não somos papelinhos coloridos levados pelo vento, mas
ladrilhos insubstituíveis do seu mosaico”.
O perigo da “Igreja ninho”
Voltando ao dia de
Pentecostes, o Papa observa que a primeira obra da Igreja é “o anúncio”:
“Vemos, porém, que os
Apóstolos não preparam uma estratégia; quando estavam fechados no Cenáculo, não
preparavam um plano pastoral. Teriam podido dividir as pessoas por grupos… Mas
não! O Espírito não quer que a recordação do Mestre seja cultivada em grupos
fechados, em cenáculos onde tendemos a «fazer o ninho». E esta é uma séria
doença que pode ocorrer na Igreja: a Igreja não comunidade, não família, não
mãe, mas ninho. O Espírito abre, relança, impele para além do que já foi dito e
feito, Ele impele para mais além dos recintos duma fé tímida e cautelosa”.
O segredo da unidade é o dom
Diferentemente do mundo que
precisa de uma “estrutura compacta e uma estratégia calculada”, na Igreja –
disse o Santo Padre – é o Espírito que assegura ao arauto a unidade”. Assim, os
Apóstolos partem “sem preparação, lançam-se, saem. Anima-os um único
desejo: dar o que receberam.”
E isso, leva-nos a compreender
que “o segredo da unidade na Igreja, o segredo do Espírito, é o dom.
Porque Ele é dom, vive doando-Se e, assim, nos mantém unidos, fazendo-nos
participantes do mesmo dom”:
“Deus é dom, que se
comporta, mas dando. E por que é importante? Porque o nosso modo de ser crentes
depende de como entendermos Deus. Se tivermos em mente um Deus que Se impõe,
desejaremos também nós tomar e impor-nos: ocupar espaços, reivindicar
importância, procurar poder.”
“MAS, SE TIVERMOS NO CORAÇÃO QUE DEUS É DOM, MUDA TUDO. ENTÃO TAMBÉM
NÓS QUEREREMOS FAZER DA VIDA UM DOM. E AMANDO HUMILDEMENTE, SERVINDO
GRATUITAMENTE E COM ALEGRIA, OFERECEREMOS AO MUNDO A VERDADEIRA IMAGEM DE
DEUS.”
Os três inimigos do dom
O Espírito, memória
viva da Igreja, lembra-nos que nascemos de um dom e crescemos doando-nos;
não poupando-nos, mas dando-nos.
O Papa então nos convida a
olhar no íntimo de nós mesmos e nos perguntar o que é que impede de nos darmos,
indicando três inimigos do dom, “sempre deitados à porta do coração: o
narcisismo, a vitimização e o pessimismo”.
O narcisimo
“O narcisismo leva a
idolatrar-me, a comprazer-me apenas com o lucro próprio. O narcisista pensa: «A
vida é boa, se eu ganho com ela». E assim chega a dizer: «Por que deveria eu
doar-me aos outros?» Nesta pandemia, faz um mal imenso o narcisismo, o
debruçar-se apenas sobre as próprias carências, insensível às dos outros, o não
admitir as próprias fragilidades e erros.
A vitimização
Mas o segundo inimigo, a vitimização, também é perigoso. A
vítima lamenta-se todos os dias do seu próximo: «Ninguém me compreende, ninguém
me ajuda, ninguém me quer bem, estão todos contra mim!» Quantas vezes ouvimos
estas lamentações! No drama que vivemos, como é má a vitimização! Como é mau
pensar que ninguém nos compreende e sente aquilo que sentimos nós. Isso é a
vitimização!
O pessimismo
Por fim, temos o pessimismo.
Neste caso, a ladainha diária é: «Nada vai bem, a sociedade, a política, a
Igreja…»
O pessimista insurge-se contra
o mundo, mas fica inerte e pensa: «Assim para que serve doar-se? É inútil».
Agora, no grande esforço de recomeçar, como é prejudicial o pessimismo, ver tudo negro, repetir que nada voltará
a ser como antes!”
Com este tipo de pensamento –
observou Francisco – o que seguramente não volta é a esperança: “Nestes três – o ídolo narcisista do espelho, o
deus-espelho; o deus-lamentação: “eu me sinto pessoa nas lamentações”; e o
deus-negatividade: “tudo é escuro” – , “encontramo-nos na carestia da esperança e
precisamos apreciar o dom da vida, o dom que é cada um de nós. Por isso,
necessitamos do Espírito Santo, dom de Deus que nos cura do narcisismo, da
vitimização e do pessimismo, nos cura do espelho, das lamentações e do escuro.”
1138
Comentários
Enviar um comentário