RACISMO em Portugal?
RACISMO em Portugal?
Marcelo: "Há racismo em Portugal? Há! Mas destruir estátuas não é
uma forma inteligente de o combater"
15.06.2020 às 15h13 in EXPRESSO
EDUARDO
COSTA
Acabadinho
de dar uma aula na Telescola, Marcelo Rebelo de Sousa improvisou uma
conferência de imprensa para falar dos temas quentes do momento. Há racismo em
Portugal? "Há!". "Mas há muita descriminação na sociedade
portuguesa a merecer atenção". E "lutar não é destruir estátuas, é
criar condições para reduzir desigualdades". Centeno Governador do BdP?
"Não vejo problema". Apoios da UE? "Não estou otimista"
por ÂNGELA SILVA
"Radicalizar é um erro enorme". Marcelo Rebelo de Sousa discorda de Rui Rio, que há dias defendeu que "não há racismo na sociedade portuguesa", mas acha "um erro enorme", uma "imbecilidade" e uma "perda de tempo" a forma simplista como a questão está a ser tratada.
"Há ou não
racismo em Portugal? Há. Há setores racistas e xenófobos, como há setores
que não o são", afirmou o Presidente da República aos jornalistas à saída
de uma aula que foi dar na Telescola. "Mas uma coisa é analisar este tema
seriamente", outra é destruir estátuas, um exercício que o Presidente
classificou de "muito fácil, mas que
não muda em nada as condições de vida das pessoas".
Tratar este assunto com seriedade pressupõe, segundo
Marcelo, perceber que "há muitas descriminações na sociedade portuguesa
que merecem atenção". A começar pela pobreza. E que "há aqui uma
confusão enorme".
"Temos em Portugal dois milhões de pobres, eu vi como
é que se vive no bairro da Jamaica, e lutar contra o racismo e contra outras
descriminações é criar condições para reduzir essas desigualdades",
afirmou o Presidente. "Não é destruir História, é fazer uma História
diferente".
Da mesma forma que "destruir
estátuas não é uma forma inteligente" de fazer este combate. Pelo
contrário, diz Marcelo, "Nunca gostei da ideia de destruir livros, obras
de arte ou estátuas e se vamos por aí vai tudo, toda a História
Universal", alertou.
Como Presidente da República, o seu papel "é
unir" e travar radicalizações, Marcelo Rebelo de Sousa classificou de "imbecilidade e não só
ignorância" a forma como vandalizaram a estátua do Padre António
Vieira, que "perseguiu colonos e
lutou pela independência". E lançou a pergunta: "Quando temos uma
pandemia e uma brutal crise económica vamos transformar o tema sério das
desigualdades e das descriminações em gestos que só incendeiam? O que é que
ganhamos com isso. Parece-me uma perda de tempo", afirmou
Com a crise económica em pano de fundo, Marcelo comentou a
entrada em cena do sucessor de Mário Centeno no Ministério das Finanças,
congratulando-se com o facto de João Leão "corresponder à mesma
linha" de rigor nas contas públicas. "porque é essencial para o
futuro enfrentarmos a crise sem perdermos a noção do que émportante a nível
orçamental e sem entrarmos em derrapagens orçamentais".
Menos otimista com as ajudas da União Europeia, o
Presidente deitou água na narrativa da "bazuca" que supostamente
injetará milhões a fundo perdido na economia portuguesa. Pelo menos no que toca
aos timings e à demora nas decisões "Não estou otimista", afirmou
Marcelo, "é muito cedo para termos fumo branco"
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