SOMÁLIA Violação de mulheres e meninas por soldados
SOMÁLIA
Violação de mulheres e meninas por soldados
FP – Mogadiscio
08 De Setembro De 2014 15:15 SOMÁLIA
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Soldados
da força da União Africana na Somália (Amisom), financiada pela ONU, estupraram
mulheres e trocaram ajuda humanitária por sexo em suas bases em Mogadíscio,
denunciou nesta segunda-feira um relatório da Human Rights Watch (HRW).
"Os
soldados da União Africana, servindo-se de intermediários somalis, utilizaram
uma variedade de táticas, como ajuda humanitária, para obrigar mulheres e
crianças vulneráveis a realizar atividades sexuais", detalhou a HRW.
"Estupraram
e agrediram sexualmente mulheres que foram buscar ajuda médica ou água nas
bases da Amisom", acrescenta o documento, que afirma que os soldados
"deram comida e dinheiro em uma tentativa aparente de fazer o abuso se
passar por uma transação sexual".
A
Amisom afirmou que estes são incidentes isolados e classificou o relatório de
injusto, embora tenha afirmado que tomará medidas a respeito.
Esta
força da União Africana conta com 22.000 soldados de seis nações (Uganda,
Burundi, Quênia, Etiópia, Djibuti, Serra Leoa) e desde 2007 luta junto às
tropas governamentais contra os insurgentes islamitas shebab, vinculados à
Al-Qaeda.
Além
da ONU, é financiada por União Europeia, Estados Unidos e Grã-Bretanha, entre
outros.
Forçadas
pela fome
As
mulheres vítimas destes abusos se dirigiram a duas bases da Amisom em
Mogadíscio depois de ter fugido, em sua maioria, da fome que em 2011 devastou
as zonas rurais do país.
Longe
de sua comunidade e da proteção de seus pais, maridos ou seu clã, estas
mulheres dependem da ajuda externa para cobrir suas necessidades básicas e as
de seus filhos.
O
relatório de 71 páginas se baseia no testemunho de 21 mulheres e crianças, que
dizem ter sido estupradas ou sofrido abusos sexuais por parte de soldados de
Uganda ou Burundi desde 2013.
A
menor delas, de 12 anos, indicou ter sido estuprada por um soldado ugandês.
O
documento também cita o caso de uma adolescente de 15 anos, Qamar R., que foi
no fim de 2013 buscar medicamentos na base do contingente de Burundi.
Um
intérprete disse a ela para seguir dois soldados: um a estuprou e o outro deu
10 dólares, explicou a jovem à HRW.
Outra
jovem, Kassa D., de 19 anos, sem meios para comprar comida, explicou ter se
apresentado a um intérprete somali da base ugandesa que a levou diante de um
soldado. Ele também entregou 10 dólares depois de ter mantido relações sexuais
com ela.
Segundo
a ONG, a exploração sexual é um fenômeno conhecido nas bases da Amisom em
Mogadíscio e a maioria das vítimas não denunciaram os abusos por medo de
represálias.
Estes
incidentes "provocam uma grande preocupação sobre os abusos de soldados da
Amisom a mulheres e crianças e sugerem que existe um problema muito
maior", alertou a HRW.
"Os
países contribuintes de tropas, a União Africana e os doadores que financiam a
Amisom devem se concentrar urgentemente sobre estes abusos e reforçar os
procedimentos na Somália para que justiça seja feita", declarou esta ONG
com sede em Nova York.
A
HRW também interrogou outras 30 pessoas, observadores estrangeiros, soldados e
líderes dos países membros da Amisom.
O
relatório "só se baseia em uma pequena amostra, e utilizá-la para condenar
o conjunto de nossos 22.000 soldados é extremamente contraproducente",
declarou o porta-voz da Amisom, Eloi Yao, que afirmou que a força aplica uma
"política de 'tolerância zero' em relação aos maus comportamentos".
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