FÉRIAS «Descansar em Deus» é encontrar a «alegria serena e ânimo para prosseguir»
FÉRIAS
«Descansar em Deus» é encontrar
a «alegria serena e ânimo para prosseguir»
Ago 10, 2018 - 0:51
Testemunho de quem
encontrou na arte e nos Exercícios Espirituais, de Santo Inácio de Loyola, o
caminho orante para o descanso
Lisboa, 10 ago 2018 (Ecclesia)
– O tempo de férias é para Dirce Serafim, psicóloga aposentada e membro de uma
Comunidade de Vida Cristã (CVX), uma ocasião para “descansar em Deus”.
A expressão «descansar em
Deus» tornou-se mais clara quando experimentou fazer Exercícios Espirituais,
retiro com base nos princípios de Santo Inácio de Loyola, durante um mês.
“No final tinham sido as
melhores férias da minha vida. Foi um descanso em Deus, um descanso com Deus e
com todas as pessoas que cruzaram a minha vida”, afirma à Agência ECCLESIA.
Esta é uma prática que procura
realizar pelo menos durante uma semana ao longo do ano.
“No final desse tempo estou
mais apaziguada, com mais energia, com uma serena alegria, com ânimo para
prosseguir, com algum desafio e propósito interessante. Penso que é isso que se
quer das férias”, sublinha.
O silêncio que vive durante o
tempo de retiro é “cheio de sentido e comunhão com os outros”.
Dirce Serafim, explica, que
desde cedo a contemplação deu sentido à sua vida; natural de uma família e
ambiente católico, de “uma pequena aldeia da serra da Beira Alta”, a natureza
que a circundava lançava-lhe um apelo orante.
“Não era de uma beleza óbvia.
Era preciso tempo para descobrir uma flor silvestre entre as rochas, por
exemplo”, recorda, mas a exigência não lhe limitava o olhar, quando procurava
caminhar para encontrar uma “árvore frondosa ou uma fonte refrescante. É uma
beleza e paisagem agreste, descarnada mas que solicita um olhar contemplativo”.
Nesse tempo, reconhece, não
procurava o silêncio, mas radica aqui as memórias primeiras para aprender a
arte da contemplação.
“A recordação desse tempo,
torna-me claro, que o silêncio era resultado do espanto. Por isso falei da
natureza. As montanhas ao longe assombravam-me. Havia um apelo à contemplação
silenciosa. Quando recordo esse tempo penso que foi o tempo em que aprendi a
saborear o louvor. A saborear a beleza, a valorizar a beleza como um lugar
especial de encontro com o Deus Pai, Deus terno, um Deus bondoso”.
Na procura de uma linguagem
que a ajude a traduzir Deus, encontra-se com os escritos de Santo Inácio e a
espiritualidade inaciana.
Nunca fiz ruturas com a minha cultura católica mas houve
um tempo de grande questionamento e em que a oração, sobretudo a que tinha
aprendido na catequese e que não tinha aprofundado, não chegava para as
respostas que procurava. Isso obrigou-me a procurar outras linguagens. Hoje, eu
diria que foi o desejo de busca presente em todos, a bem aventurança da sede”.
Os Exercícios Espirituais, que
experimenta inicialmente durante uma semana, “foram um fascínio”.
“Havia uma articulação entre a
linguagem da psicologia e a linguagem da espiritualidade. Articulava-se e
acrescentava. Pareceu-me ter chegado a casa”, recorda.
Hoje, a entrevistada entende
que ao usufruir da arte, “poesia, concertos”, procura encontrar os detalhes
que, acredita, Deus dá aos artistas.
“A linguagem metafórica da
poesia que é a melhor para dizer Deus, assim como da arte”, sublinha.
Muitas vezes a forma como estou num concerto é uma escuta
orante. Não sou especialista de música. Talvez por isso utilizo-a mais para
isso, para me deixar envolver, fazer sublinhados e para introduzir até o tempo
de oração”.
O testemunho de Dirce Serafim
pode ser escutado no programa Ecclesia na Antena 1. OC|Ecclesia
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