REINO UNIDO Bispo pede ao Papa um sínodo extraordinário para abordar os casos de abusos sexuais de menores que envolvem a Igreja Católica
REINO UNIDO
Bispo pede ao Papa um sínodo
extraordinário para abordar os casos de abusos sexuais de menores que envolvem
a Igreja Católica
Ago 24, 2018 - 13:34
D. Philip Egan realça a
importância de desenvolver mais ferramentas para «responsabilizar e
supervisionar» a missão dos membros do clero
Assembleia do Sínodo dos Bispos (imagem de arquivo) |
Portsmouth, 24 ago 2018
(Ecclesia) – O bispo de Portsmouth, em Inglaterra, escreveu ao Papa a pedir a
convocação de uma reunião extraordinária do Sínodo dos Bispos, para abordar a
questão dos abusos sexuais a menores dentro da Igreja Católica.
Na referida missiva, publicada
na página online da Diocese de Portsmouth, D. Philip Egan refere-se a esta
petição como “uma proposta construtiva” para contrariar o atual contexto
negativo que ensombra a Igreja Católica.
“Os terríveis escândalos de
abusos sexuais a menores por membros do clero, revelados na Pensilvânia. Aos
quais podemos acrescentar os casos no Chile, na Austrália, na Irlanda e agora
aqui também na Inglaterra (…) Como católico e como bispo estas revelações
enchem-me de tristeza e vergonha”, frisa o bispo britânico.
Para aquele responsável, é
fundamental que as estruturas da Igreja Católica se encontrem para buscar
soluções.
“O Sínodo poderia começar com
um congresso, com a participação dos bispos mas preparado por leigos e outro
peritos nesta matéria e também na defesa das crianças e dos mais vulneráveis.
Depois, os frutos desta primeira fase seriam a base de reflexão para o Sínodo
dos Bispos propriamente dito”, sugere D. Philip Egan.
Entre outros temas, o bispo de
Portsmouth salienta que para este encontro deveriam ser trazidos para cima da
mesa temas como “a identidade do padre e do bispo”, também a questão do
“celibato” e as suas premissas, e o estabelecimento de “medidas para
responsabilizar e supervisionar” a missão dos sacerdotes e bispos.
“A Lei Canónica poderia depois
ser revista, à luz dos resultados do Sínodo, e cada diocese seria chamada a
aplicar as alterações, através do desenvolvimento de um Diretório para o
Clero”, acrescenta o mesmo responsável católico.
Mostrando-se extremamente
preocupado com o momento atual da Igreja Católica, D. Philip Egan lamenta que
aos bispos sejam dadas “poucas ferramentas para facilitar a gestão quotidiana
do clero”, em contraciclo com o que acontece por exemplo com a pastoral
vocacional, nos seminários.
“Quando eu era formador no
Seminário, nós passámos vários anos a desenvolver um sistema de análise e
escrutínio, baseado na exortação apostólica ‘Dar-vos-ei Pastores’, para ajudar
cada aluno a tomar responsabilidade pela sua formação. Por contraste, uma vez
ordenados, os sacerdotes e bispos têm poucos momentos de avaliação formal ou de
supervisão ministerial”, aponta o prelado.
À luz do anteriormente exposto,
D. Philip Egan considera também essencial que “se desenvolvam mais mecanismos
para ajudar os bispos nas suas responsabilidades junto dos sacerdotes”.
E medidas que “mostrem aos
membros do clero que não são agentes solitários mas ministros cujas ações estão
sob a alçada e a liderança da diocese”.
O bispo de Portsmouth, que
assina este pedido de um sínodo especial para a abordagem
aos casos de abusos sexuais a menores que envolvem membros do clero da Igreja
Católica, vai estar em breve com o Papa Francisco, integrado numa visita ‘ad
limina’ dos bispos britânicos ao Vaticano.
Recorde-se que o Papa Francisco reagiu às recentes situações envolvendo a
Igreja Católica, em diversas dioceses e países, também com uma carta onde reafirma a necessidade de
“tolerância zero” para os abusos sexuais a crianças cometidos por membros do
clero, e apela à responsabilização de quem cometeu ou ocultou tais crimes.
“Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar
uma cultura capaz de evitar que essas situações não só não aconteçam, mas que
não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas”, sustentou o Papa
argentino, num documento divulgado a 20 de agosto.
JCP
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