IRLANDA Cultura do efémero: Papa critica «cultura do efémero» que coloca em causa viver «no amor» em família
IRLANDA
Cultura do efémero: Papa critica «cultura do efémero» que coloca em
causa viver «no amor» em família
Ago 25, 2018 - 16:17
«Que a revolução comece
convosco e com as vossas famílias», pediu Francisco a cerca de 400 casais de
noivos e esposos
Dublin, 25 ago 2018 (Ecclesia)
– O Papa criticou hoje em Dublin a “cultura do efémero” que marca a sociedade e
ameaça a família e as outras relações humanas, num encontro com casais de
noivos e esposos com diferentes anos de ligação, na Protocatedral de Santa
Maria.
Numa iniciativa inserida na sua
participação no 9.º Encontro Mundial de Famílias, que está a decorrer na
capital irlandesa, Francisco denunciou uma cultura que “ataca as próprias
raízes do amadurecimento” humano, do seu “crescimento na esperança e no amor”,
porque transmite a mensagem de que tudo é “descartável”, incluindo o matrimónio
ou a família.
“Temos de reconhecer que hoje
não estamos habituados a algo que dure realmente toda a vida”, apontou o Papa
argentino, que encorajou os casais presentes a nunca esquecerem que a relação
que vivem é “o sonho que Deus tem para eles e para a humanidade inteira”.
“Por favor, nunca o esqueçais!
Deus tem um sonho para nós, e pede-nos para o assumirmos. Não tenhais medo
deste sonho! Guardai-o e, juntos, sonhai-o de novo todos os dias”, exortou
Francisco aos cerca de 400 esposos e noivos que marcaram presença nesta
iniciativa.
Sobre esta ligação enquanto
sacramento, o Papa destacou que “entre todas as formas da fecundidade humana, o
matrimónio é único”, porque “é um amor que dá origem a uma nova vida”.
“Implica a responsabilidade
mútua na transmissão do dom divino da vida e oferece um ambiente estável no
qual a nova vida pode crescer e florescer”, asseverou.
Antes de entrar na
Protocatedral de Santa Maria, e depois de cumprir um percurso de papamóvel
pelas ruas de Dublin, testemunhado por milhares de pessoas ao longo do caminho,
Francisco realizou um momento de oração junto ao túmulo do venerável Matt
Talbot (1856 – 1925), considerado o padroeiro de todos aqueles que enfrentam
algum tipo de vício, e uma figura muito amada na Irlanda.
Já dentro do local de culto,
recebeu das mãos de um casal de jovens um ramo de flores que depositou depois
no altar da Capela do Santíssimo Sacramento.
É neste canto da Protocatedral
que desde 2011 arde uma vela em memória de todas as vítimas de abusos, e também
aqui Francisco se recolheu para um breve momento de oração.
Antes de iniciar a sua
intervenção, o Papa argentino teve oportunidade de escutar o testemunho de um
casal que cumpriu “50 anos de matrimónio e de vida familiar”, Vincent e Teresa.
“Obrigado quer pelas palavras
de encorajamento quer pelos desafios que apresentastes às novas gerações de
recém-casados e de noivos, não apenas aqui na Irlanda, mas em todo o mundo”,
enalteceu.
Francisco teve ainda ocasião de
responder a várias questões de noivos, algumas delas “perguntas ousadas”,
admitiu, envolvendo temas como o matrimónio enquanto “vocação”, e a missão que
o casal tem “de ocupar-se, ajudar-se e proteger-se mutuamente”.
“Não é fácil responder a estas
perguntas”, reconheceu o Papa, que desafiou os noivos e esposos a nunca
deixarem de se “apoiar mutuamente com esperança, com força e com o perdão, nos
momentos em que o percurso se fizer árduo tornando-se difícil vislumbrar o
caminho”.
Isto porque “o amor é uma rocha
e um refúgio nos tempos de provação, mas sobretudo é uma fonte de crescimento
constante num amor puro e para sempre”, lembrou.
Perante o exemplo daqueles que
estavam diante dele, e que dentro em breve vão assumir os laços do matrimónio,
o Papa quis ainda deixar uma mensagem em contraciclo com a sociedade.
“Não digam que os jovens de
hoje não se querem casar. Não digam, pois eles estão aqui”, realçou.
Sobre outra das questões que
foram colocadas, “como poderão os pais transmitir a fé aos filhos”, Francisco
enalteceu o trabalho da Igreja Católica na Irlanda, nomeadamente a aposta em
“programas de catequese visando educar para a fé nas escolas e paróquias”.
“Isto é, sem dúvida, essencial.
Mas o primeiro lugar, e o mais importante, para transmitir a fé é o lar,
através do exemplo calmo e diário de pais que amam o Senhor e confiam na sua
palavra”, completou.
Aqui, Francisco partilhou uma
experiência pessoal que viveu quando tinha cinco anos, a primeira memória que
tem dos seus pais a beijarem-se, depois de virem do trabalho.
“Nunca mais me esqueci deste
momento. Que bonito é o dialeto do amor, e a fé no dialeto do amor, nunca se
esqueçam disso”, pediu.
Depois deste encontro na
Protocatedral de Santa Maria, o Papa vai esta tarde ao encontro de várias
famílias em dificuldades, sociais e monetárias, e que são atualmente a ser
apoiadas num centro de acolhimento em Dublin, gerido pelos Padres Capuchinhos.
“O mundo diz-nos para sermos
fortes e independentes, preocupando-nos pouco com aqueles que estão sozinhos ou
tristes, rejeitados ou doentes, que ainda não nasceram ou estão moribundos. O
nosso mundo precisa duma revolução de amor! Que esta revolução comece por vós e
pelas vossas famílias!”, concluiu o Papa Francisco.
A visita a Dublin, na Irlanda,
para o 9.º Encontro Mundial de Famílias, é a 24.ª viagem apostólica
internacional do pontificado do Papa Francisco.
JCP
Comentários
Enviar um comentário