PAULO VI: Missão pela dignidade e pela paz por ARTUR DE MATOS, Diretor


SÃO PAULO VI: Missão pela dignidade e pela paz por ARTUR DE MATOS, Diretor*

O Papa Paulo VI foi canonizado no passado dia 14 de outubro. Elevado aos altares permanece, agora, como modelo e referência de santidade para todo o povo de Deus. Papa do Concílio Vaticano II, sofreu as consequências das mudanças e dos desafios e viu, com dor, o afastamento e a recusa de tantos à abertura da Igreja e do Evangelho às novas situações. Foi um Papa sofredor, esclarecido, corajoso e peregrino do mundo. Em 1967 foi o primeiro Papa a visitar Fátima, ficando célebre o seu clamor pela paz e pela dignidade humana: “Homens , sede Homens!”

Nessa inesquecível peregrinação, Paulo VI teve um gesto inesperado quando, na Casa de Nossa Senhora do Carmo, diante dos Bispos portugueses, fez ao Superior Geral dos Missionários da Boa Nova, P. Manuel Fernandes, a oferta de 150.000 dólares para a ajuda da construção do Seminário da Boa Nova, em Valadares. Este gesto quis sublinhar a sua preocupação missionária, pois sentia a imperiosa necessidade de reforçar a evangelização das então Colónias do Ultramar. O Papa Paulo VI sabia, pelo historial da Sociedade Missionária muito bem conhecido dele, que esta estava ligada umbilicalmente às dioceses portuguesas, porque delas nascida e nelas alimentada, e era ela a via natural do compromisso da Igreja em Portugal para assumir a responsabilidade da evangelização, não só da metrópole, mas também, e de igual forma, a do imenso e disperso território ultramarino. Viabilizando, com essa oferta, a construção do Seminário da Boa Nova quis dizer, diante dos Bispos portugueses, que era urgente investir na formação missionária do clero e apontar-lhe esse novo seminário maior como desafio de missão ad gentes.

Paulo VI foi um Papa missionário preocupado com o anúncio de Cristo em quatro grandes objetivos: primeiro anúncio querigmático; promoção integral da pessoa; liberdade e dignidade dos povos e nações- autodeterminação e independência; igrejas locais com hierarquia autóctone e bem formada, sem esquecer a abertura e respeito pelas culturas e o diálogo inter-religioso. A Exortação Apostólica “Evangelli Nuntiandi”, de 8 de dezembro de 1975, constitui ainda hoje o código inspirador e orientador da ação missionária da Igreja. Pela notável preocupação missionária, Paulo VI, agora S. Paulo VI, foi um Homem do mundo e da Igreja, aberto às diferenças e à sociedade multicultural, batendo-se, a vários níveis e em diversos palcos, pela dignidade do ser humano e pela grandeza e beleza da sua vocação comunitária. Foi, sem dúvida, o Homem da missão pela dignidade e pela paz. * in BOA NOVA, novembro 2018

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