POBRES Missa: II DMP Homilia de papa francisco
POBRES
Missa:
II DMP Homilia de papa francisco
18/11/2018
Como navegar na vida
Em
sua segunda ação, Jesus “encoraja” em plena noite. Vai ao encontro dos
discípulos, “submersos na escuridão, caminhando «sobre o mar»”.
O
Papa explicou que “na realidade, tratava-se de um lago; mas naquele tempo o
mar, com a profundidade dos seus abismos tenebrosos, evocava as forças do mal.
Em outras palavras, Jesus vai ao encontro dos discípulos, calcando os inimigos
malignos do homem. Grande é o significado deste sinal: não uma manifestação
celebrativa de força, mas a revelação, que nos é feita, da certeza
tranquilizadora de que Jesus, só Jesus, vence os nossos grandes inimigos: o
diabo, o pecado, a morte, o medo. Hoje, Ele diz também a nós:
«Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!».”
“A
barca da nossa vida vê-se, frequentemente, balanceada pelas ondas e sacudida
pelos ventos; e, se as águas por vezes estão calmas, não tardam a agitar-se.
Então irritamo-nos com as tempestades do momento, como se fossem os nossos
únicos problemas. Mas o problema não é a tempestade presente, mas o modo como
navegar na vida. O segredo de navegar bem é convidar Jesus a subir a bordo. O
leme da vida deve ser dado a Ele, para que seja Jesus a traçar a rota.”
Estender a mão
Na
terceira ação, “no meio da tempestade, Jesus estende a mão. Agarra
Pedro que, assustado, duvidou e, afundando, gritou: «Salva-me, Senhor!».”
“Podemos
colocar-nos no lugar de Pedro: somos pessoas de pouca fé e estamos aqui a
mendigar a salvação. Somos pobres de vida verdadeira, e serve-nos a mão
estendida do Senhor que nos tire fora do mal. Isto é o início da fé:
esvaziar-se da orgulhosa convicção de nos julgarmos em ordem, capazes,
autônomos, para nos reconhecermos necessitados de salvação. A fé cresce neste
clima, um clima ao qual nos adaptamos convivendo com quantos não se colocam no
pedestal, mas precisam e pedem ajuda. Por isso é importante, para todos
nós, viver a fé em contato com os necessitados. Não é uma opção
sociológica, mas exigência teológica. É reconhecer-se mendigos de salvação,
irmãos e irmãs de todos, mas especialmente dos pobres, prediletos do Senhor.
Assim bebemos do espírito do Evangelho: «o espírito de pobreza e de caridade –
diz o Concílio – são a glória e o testemunho da Igreja de Cristo».”
“Jesus
ouviu o grito de Pedro”, frisou o Papa, convidando-nos a pedir “a graça de
ouvir o grito de quem vive em águas agitadas”.
O grito dos pobres
“O
grito dos pobres: é o grito estrangulado de bebês que não podem vir à luz,
de crianças que passam fome, de adolescentes acostumados ao estrondo das bombas
ao invés da algazarra alegre das brincadeiras. É o grito de idosos descartados
e deixados sozinhos. É o grito de quem se encontra a enfrentar as tempestades
da vida sem uma presença amiga. É o grito daqueles que têm de fugir, deixando a
casa e a terra sem a certeza dum refúgio. É o grito de populações inteiras,
privadas inclusive dos enormes recursos naturais de que dispõem. É o grito dos
inúmeros Lázaros que choram, enquanto poucos epulões se banqueteiam com aquilo
que, por justiça, é para todos. A injustiça é a raiz perversa da pobreza. O
grito dos pobres torna-se mais forte a cada dia, e a cada dia é menos ouvido,
porque abafado pelo barulho de poucos ricos, que são sempre menos e sempre mais
ricos.”
O cristão não pode ficar de braços cruzados
Segundo
Francisco, “diante da dignidade humana espezinhada, muitas vezes fica-se de
braços cruzados ou então de braços abertos, impotentes diante da força obscura
do mal. Mas o cristão não pode ficar de braços cruzados, indiferente, nem de
braços abertos, fatalista! Não... O fiel estende a mão, como Jesus
faz com ele. Junto de Deus, o grito dos pobres encontra refúgio, mas em nós?
Temos olhos para ver, ouvidos para escutar, mãos estendidas para ajudar? «Nos
pobres, o próprio Cristo como que apela em alta voz para a caridade dos seus
discípulos». Pede-nos para O reconhecermos em quem tem fome e sede, é
forasteiro e está privado de dignidade, doente e encarcerado”.
“O
Senhor estende a mão: é um gesto gratuito, não devido. É assim que se faz. Não
somos chamados a fazer o bem só a quem nos ama. Retribuir é normal, mas Jesus
pede para ir mais longe dar a quem não tem para restituir, isto significa,
amar gratuitamente”, concluiu o Papa.
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