PERSEGUIÇÃO Península Arábica: A vida difícil e ignorada dos Cristãos na Península Arábica
PERSEGUIÇÃO
Península Arábica: A vida difícil
e ignorada dos Cristãos na Península Arábica
Por
Fundação AIS
24 Setembro, 2018
Apanhados na armadilha
Nos sete países que
constituem a chamada Península Arábica há cada vez há mais cristãos. São quase
todos estrangeiros, normalmente operários da construção civil, pessoas que
emigraram em busca de melhores condições de vida. Mas a realidade é, muitas
vezes, bem dura…
Os prédios enormes, de
arquitectura exuberante, os centros comerciais cintilantes de riquezas, os
automóveis de luxo têm feito sonhar milhares de pessoas em todo o mundo que
olham para os países da Península Arábica e aspiram a uma vida melhor.
Muitos, pressionados
pelo desemprego, pelos salários baixos nos seus países, aceitaram juntar-se à
multidão de operários que continuam a fazer crescer, no deserto, cidades
habitadas por multi-milionários graças ao ouro negro que parece correr
infindavelmente no subsolo. Depressa, porém, todos descobrem que a vida não é
fácil, que as promessas de dinheiro fácil são apenas uma ilusão e muitos acabam
encurralados numa enorme armadilha. Tomasito Veneracion é filipino e padre.
Está no Dubai, um dos países da Península Arábica que mais tem crescido nos
últimos anos. Muitos dos operários da construção civil que têm erguido alguns
dos maiores arranha-céus do mundo são seus conterrâneos. Saíram da pobreza mas
continuam pobres. “Tenho a impressão de que cerca de 70 a 80 por cento das
pessoas que vêm para cá nunca chegam a melhorar muito as suas condições de
vida”, diz o padre Tomasito. “Acabam frustradas e algumas são mesmo rejeitadas
e regressam sem nada.” Constroem cidades para os ricos mas vivem como que
enjaulados em casas sem condições. “Nestes espaços pode haver oito beliches.
Dezasseis pessoas partilham uma pequena cozinha e apenas uma casa de banho.
Noutra casa, disseram-me, havia 52 pessoas a morar…”
Drama quotidiano
E o dinheiro é mesmo uma
ilusão. Muitos têm de pagar taxas de recrutamento e, em alguns casos, os vistos
necessários para poderem residir nestes países podem custar até um ano de
salários. Na região, não há sindicatos e as greves estão proibidas. Os
trabalhadores insubordinados são deportados sem demora. Há turnos de 12 horas
em semanas às vezes sem qualquer dia de descanso. As cidades dos ricos parecem
‘glamourosas’ no cinema mas escondem o drama do dia-a-dia dos estrangeiros, dos
que ali vivem apenas do seu trabalho. Sendo enclaves pensados para os muito
ricos, em algumas destas cidades a alimentação é tão dispendiosa que muitos
chegam a gastar até um terço do seu salário só para a comida. Estrangeiros,
operários e, muitas vezes, cristãos. O trabalho da Igreja junto destas novas
comunidades é essencial mas difícil. Não se sabe bem quantos cristãos viverão
hoje em dia na Península Arábica. O Bispo Camillo Ballin, da Prefeitura
Apostólica da Arábia do Norte fala em números expressivos. “De acordo com
alguns critérios, podemos dizer que há 140 mil católicos no Barém, cerca de 350
mil no Catar, entre 350 e 400 mil no Kuwait e 1,5 milhões na Arábia Saudita.”
Apoiar estes novos cristãos que chegam com as malas cheias de sonhos é uma das
missões mais importantes da Igreja. Esta região do globo tem regras bem
apertadas no que diz respeito à liberdade religiosa. Todos os países da
Península Arábica proíbem a conversão do islão para outra religião, assim como
casamentos inter-religiosos. A construção de Igrejas está limitada e os
edifícios não podem ostentar símbolos religiosos. Nenhum destes países – Arábia
Saudita, Emirados Árabes Unidos, Omã, Bahrein, Kuwait, Qatar e Iémen – permite
a existência de seminários católicos nem a posse de Bíblias ou Terços em
lugares públicos. Para muitos trabalhadores estrangeiros, a vida na Península
Arábica transformou-se numa armadilha. Mas graças à sua presença, hoje a Igreja
é uma realidade incontornável que continua a crescer no mais improvável dos
solos. AIS
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