PORTUGAL: PARLAMENTO CONDENA PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS


PARLAMENTO CONDENA PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS

Parlamento português condena, por unanimidade, assassinato de “mais de mil
cristãos” na Nigéria no ano de 2019
Por Fundação AIS -17 Janeiro, 2020  Compartilhar no Facebook Tweet no Twitter
Escola em Dpachi, Nigéria, após ataque
do Boko Haram | Foto: AFP

O Parlamento português votou por unanimidade uma proposta apresentada pela bancada do CDS/PP de “condenação e pesar” pelo assassinato de “mais de mil cristãos” na Nigéria ao longo do ano passado.
Citando um relatório da organização inglesa Humanitarian Aid Relief Trust, os deputados centristas afirmam que “em 2019, na Nigéria, foram assassinados mais de 1.000 cristãos pelo Boko Haram e radicais Fulani”. No texto, que mereceu a aprovação de toda a câmara, é referido ainda que, “de acordo com o mesmo relatório, em 2018 foram mortos, pelo menos, 2.400 cristãos e, é estimado que, desde 2015, tenham sido assassinados mais de 6.000 cristãos e cerca de 12.000 tenham sido deslocados das suas aldeias e do seu país”.
Esta posição do Parlamento português sobre a perseguição aos cristãos na Nigéria, votado a 10 de Janeiro, ocorre apenas dois dias depois do dramático sequestro de quatro seminaristas do seminário do Bom Pastor, situado na localidade de Kakau, estado de Kaduna, no norte do país.
Esse ataque contra uma instituição da Igreja Católica ocorreu 13 dias depois do bárbaro assassinato de uma dezena de cristãos por elementos de um grupo terrorista associado ao Estado Islâmico no estado de Borno, situado também no norte da Nigéria.
Num vídeo posto a circular na Internet logo após o Natal, no dia 26 de Dezembro, é possível ver dez homens a serem decapitados enquanto um décimo primeiro refém, identificado como muçulmano, era assassinado a tiro.
É neste contexto particularmente agressivo para com a comunidade cristã na Nigéria que o grupo parlamentar do CDS/PP apresentou este voto de condenação e pesar pela morte, no ano passado, de “mais de mil cristãos”.
No texto aprovado pelos deputados de todas as forças representadas na Assembleia da República – PS; PSD; BE; PCP; CDS; PAN; PEV; CH; IL; L – afirma-se que “estes assassinatos e estas perseguições são, exclusivamente, praticados por motivos religiosos, num claro ataque à liberdade religiosa de quem quer praticar o culto cristão num país maioritariamente muçulmano”.
Os deputados centristas, subscritores deste voto de pesar, recordam que o partido “defende que todas as perseguições religiosas e todos os ataques à vida de pessoas por motivos de fé são condenáveis, independentemente da religião professada”.
Com esta votação por unanimidade, a Assembleia da República condena a “perseguição religiosa feita aos cristãos por estes movimentos”, referindo-se ao grupo jihadista Boko Haram e aos pastores fulani.
Há um ano, no final de Janeiro, e também por unanimidade, os deputados portugueses já tinham manifestado a sua “condenação e pesar pela perseguição, intolerância e violência contra os cristãos” no mundo, expressando a “profunda preocupação” da Assembleia da República pelo “aumento da perseguição e violência contra minorias religiosas e étnicas”, especialmente nos países do Médio Oriente e continente africano, referindo que “a evolução dramática” desta situação inquieta os deputados.
O documento recordava que “os cristãos” eram então, “pelo sexto ano consecutivo, uma das confissões religiosas mais massacradas” no mundo, a par da comunidade rohingya, e salientava-se a situação de tentativa de “extermínio das comunidades cristãs no Médio Oriente e o desaparecimento de parte significativa do seu património religioso nos respectivos países”.
A preocupação sobre a perseguição aos cristãos no mundo já motivou inclusivamente uma reunião no Parlamento com a Fundação AIS.
Em Abril de 2018, a Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias da Assembleia da República recebia em audiência uma delegação da Fundação AIS com o objectivo de debater e analisar essa questão.
O deputado Bacelar de Vasconcelos, que presidia a essa Comissão Parlamentar, destacou na ocasião o “trabalho exemplar, muitas vezes único”, desenvolvido pela Fundação AIS na “chamada de atenção para situações em que por falta de amplificação mediática nos passariam despercebidas” no que diz respeito às questões da liberdade religiosa no mundo e na defesa dos direitos humanos.

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