Ninguém pode viver sem a esperança de ser feliz por ARMANDO SOARES


É facto que os sofrimentos que inundam a vida de tantas pessoas não eliminam nelas a necessidade da alegria e o desejo de felicidade. Por isso podemos questionar-nos se estamos neste mundo para sofrer ou para ser felizes e serão ou não compatíveis o sofrimento e a dor com a alegria e a felicidade.
Se a experiência nos diz que ninguém vive toda a sua vida sem sofrer, também nos diz que ninguém pode viver sem alegria e sem a esperança de ser feliz. Se alguém perdeu essas esperança, podemos dizer que perdeu o sentido da vida, e verá a vida como um peso insuportável.

É célebre a frase do grande Mahatma Gandhi, da Índia: «se eu não tivesse alegria e sentido do humor, já me teria suicidado há muito tempo». Há apagões da alegria de viver, como aquela mãe que, depois de saber que tem sida e que a terá transmitido à sua filhita, se lança com ela da ponte abaixo, por causa da depressão que tinha, embora estivesse a ser devidamente medicada. Não aguentou mais.
É conhecido o caso de um homem considerado como um herói ou como um santo, porque durante anos cuidou de sua mãe, idosa e muito doente, de sua esposa que padecia de Alzheimer e seu filho mais novo que sofria de depressões. Ainda tinha duas filhas também doentes mas não com tanta gravidade. E por que é que esse homem tão bom e sacrificado e tão carinhoso para com seus familiares doentes, mata a mãe, a esposa, o filho e as filhas e por fim se suicida a ele mesmo? Porque ao passar tanto tempo dentro dessas vidas sem remédio foi perdendo a alegria da esperança de os ver saudáveis. Enlouqueceu e acabou violentamente com esse excesso de dor que o torturava. Caiu num estado de “desolação interior” ao deixar de olhar com benevolência para a própria vida Como dizia Éloi Leclerc: «a pessoa humana é um ser de desejo, sedento de vida e de felicidade, de beleza e de amor».

A perda do sentido da própria vida e da vida dos seus seres queridos, que  eclipsa toda a alegria de viver e qualquer esperança, explica a maioria dos assassinatos familiares, tão trágicos, do próprio par humano, ou dos filhos ou dos pais (violência doméstica ou de género) factos terríveis cujo número e crueldade aumenta em todos os países.

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