FRANCISCO LOUÇÃ Louçã diz que Portugal não tem “nenhuma possibilidade” de sustentar a dívid
Louçã diz que Portugal não tem
“nenhuma possibilidade” de sustentar a dívida
O economista Francisco Louçã disse esta quinta-feira que
Portugal "não tem nenhuma possibilidade de sustentar os juros da
dívida", se a mesma não for reestruturada.
FRANCISCO LOUÇÃ A dívida e o sistema financeiro são os dois grandes riscos para a economia portuguesa HUGO DELGADO/LUSA |
O economista Francisco Louçã
disse esta quinta-feira que Portugal “não tem nenhuma possibilidade de
sustentar os juros da dívida”, se a mesma não for reestruturada, estando a ser
exigido o que nenhum outro país europeu alguma vez conseguiu.
Portugal está hoje numa
situação que não tem sentido, porque não tem nenhuma possibilidade de sustentar
os juros da dívida. Estão a pedir a Portugal que responda à dívida que foi
acumulada pelo aumento dos juros, com uma política que nenhum outro país conseguiu
fazer”, afirmou o antigo coordenador do Bloco de Esquerda.
Louçã falava na Escola
Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda sobre “Os riscos da economia
portuguesa e os remédios possíveis”, tendo considerado a dívida e o sistema
financeiro os dois grandes riscos para a economia portuguesa. Quanto à
primeira, sublinhou que “não há nenhuma economia europeia, nem a grega, que
tenha um pagamento de juros tão importante na escala do seu produto” como a
portuguesa e que, para chegar a uma dívida de 60% do Produto Interno Bruto
(PIB) como obrigam os tratados, teria de ter todos os anos um ‘superavit’
primário (excedente das receitas dos impostos sobre as despesas do Estado) a um
nível que nem a Alemanha conseguiu manter, no espaço de 15 anos.
“Nenhuma empresa aceita um
juro acima daquilo que consegue produzir”, ilustrou o catedrático de economia e
membro do Conselho Consultivo do Banco de Portugal na palestra em Águeda, um
concelho fortemente industrializado, defendendo que os juros devem ser
adequados ao crescimento da economia. “Se o juro da dívida não fosse de 3,5% ou
4%, mas sim de 1%, o que o Banco Central Europeu pode aceitar sem qualquer
dificuldade, Portugal reduziria a dívida em cerca de 40% do seu produto
[interno bruto]”, concretizou.
Sobre o sistema financeiro,
Francisco Louçã disse ter um problema particular: “O sistema bancário que opera
na nossa economia, com a aquisição do Novo Banco por um fundo norte-americano,
passa a ter apenas 25% de capital detido por nacionais”.
Explicou
que não é por uma posição de princípio contra os estrangeiros, mas que o
problema está no facto de os bancos, ao criar crédito, ficarem com conhecimento
estratégico, que pode ser determinante na disputa do mercado globalizado pelas
empresas nacionais
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