JUVENTUDE JOVENS E MISSÃO Alargar as fronteiras da Igreja por RUI ALBERTO, Salesiano
JUVENTUDE
JOVENS E MISSÃO
JOVENS E MISSÃO
Alargar as fronteiras da
Igreja por RUI ALBERTO, Salesiano
Um convite para escrever umas
linhas sobre Juventude e missão é sempre agradável. São dois lugares eclesiais
que, a mim e a tantos amigos, dizem muito. Todos os que fazemos uma experiência
feliz na fé, gostaríamos de alargar as fronteiras desta “casa” onde se vive o
encontro com o Ressuscitado. A “missão” alarga essa fronteira em termos
geográficos e culturais; a “juventude” alarga-a geracionalmente.
Mas quando olhamos para a
fisionomia da fé vivida pelos jovens que se sentem mais identificados com a
Igreja, o entusiasmo esmorece um pouco. Aqueles jovens que frequentam mais as
nossas paróquias e comunidades cristãs, com as suas ofertas habituais
(catequese, associativismo juvenil…) serão cerca de 15 a 20% da totalidade dos
jovens portugueses. Fazem uma experiência interessante e motivada pela fé
cristã. Têm uma relação saudável, enriquecedora com o Deus de Jesus Cristo,
mesmo quando o Espírito Santo é deixado de lado. Conseguem resistir ao
silenciamento que os media e a escola impõem à visão cristã. Mas a maneira como
agem a partir da fé é ainda pobre. Percebem que a fé, essa relação de amor e
confiança para com Deus, tem algumas implicações. Mas as implicações que eles
identificam e vivem são auto-centradas ou de curto alcance. Têm consciência que
a fé pede para ser alimentada (na formação pessoal, na oração, nos
sacramentos). A fé fá-los sentir-se bem consigo mesmos; é uma experiência
libertadora nos momentos de crise. Chega até a ser fonte inspiradora de um novo estilo de relacionamento. Mas esse
impacto inovador da fé surge apenas nas relações de curto alcance (família,
amigos chegados, eventualmente os parceiros românticos).
Estes jovens têm imensa
dificuldade em perceber que a fé poderia/deveria ser fonte de renovação nos
campos da política, da economia, da sociedade. A experiência de fé que fazem
não está a ser suficiente para os alertar para o que sucede nas “outras
aldeias”, fora da sua zona de conforto.
Por isso, o tema da missão (do
outro lado do mundo ou junto de um coetâneo culturalmente afastado da Igreja)
é-lhes estranho. Ao mesmo tempo temos uma minoria mais reduzida que parece ter
um perfil muito diferente. Estão disponíveis para projectos de solidariedade,
de serviço missionário (em Portugal ou no estrangeiro). Algumas vezes esta
sensibilidade à missão nasce de uma profunda experiência de fé, enraizada na
oração e numa vida espiritual que lê o mundo que nos rodeia e os seus desafios
a partir do mandato missionário de Jesus. Outras vezes, essa disponibilidade
para a acção e o serviço legitima-se somente em valores vagos (solidariedade,
filantropia…). in VM abril 2017
A evangelização feita com as
novas gerações tem nesta sensibilidade à missão uma “cadeira em atraso”. Fica
por saber se é uma dificuldade específica da forma como a Igreja tem trabalhado
com os jovens ou se é apenas eco de uma indiferença missionária que caracteriza
amplos sectores da Igreja portuguesa. MISSÃOPRESS
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