Auschwitz e Birkenau ENTRAM MUDOS E SAEM CALADOS
Auschwitz e Birkenau
ENTRAM MUDOS E SAEM CALADOS
Nas várias visitas ao campo de
cocentração de Auschwitz que fiz, acompanhando grupos de dezenas de pessoas,
sempre me acontecia na última vez pensar como se fosse a primeira: «o horror
perante a monstruosidade do homem». Como foi possível uma coisa destas? “Tanta
barbaridade!» Inqualificável.
No passado dia 29 de Janeiro 2018
o Papa Francisco disse, ao receber no Vaticano os participantes numa
conferência internacional contra o antisemitismo: “Recordo o silêncio ensurdecedor de que me apercebi na
minha visita a Auschwitz-Birkenau: um silêncio inquietante, que apenas deixa
espaço para as lágrimas, à oração e ao pedido de perdão”. Ali esteve em julho
de 2016. E recorda os passos da visita: “entrou a pé, sozinho e em silêncio, no
campo de concentração nazi de Auschwitz, perto de Cracóvia, através do famoso
portão decorado com as palavras "Arbeit mach frei" (O trabalho
liberta). Pouco depois de ter passado o portão, sentou-se num banco e rezou
silenciosamente, durante mais de dez minutos. Em seguida, Francisco usou um
veículo elétrico para ir até ao Muro da Morte, onde os alemães nazis executaram
milhares de prisioneiros com uma bala na cabeça”. Papa Francisco conversou e
abraçou alguns sobreviventes do campo de
concentração nazi.
No seu discurso o Papa partiu da
palavra “responsabilidade”, que mais do que analisar as causas da violência
implica “estar prontos e ativos” na resposta. “O inimigo contra quem lutar não
é apenas o ódio, em todas as suas formas, mas, ainda mais na raiz, a indiferença.
E segundo o Papa, é nesta indiferença que está “a raiz perversa, a raiz de
morte que produz desespero e silêncio”. Francisco falou da indiferença como um
“vírus” que contagia os dias de hoje, “tempos nos quais estamos cada vez mais
ligados aos outros, mas cada vez menos atentos aos outros”. Citou São João
Paulo II para renovar os votos de que a “inenarrável iniquidade da Shoah nunca
mais seja possível”.
Auschwitz é uma rede de campos de
concentração no sul da Polónia construidos pelo Terceiro Reich nas áreas polacas
anexadas pela Alemanha Nazista, maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo
nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Mortos: 1,3 milhões. Prisioneiros:
judeus, polacos, ciganos e prisioneiros soviéticos. Auschwitz-Birkenau: dois
campos de extermínio. Enganavam os judeus falando de vagas de trabalho.
Chegados ao campo, os inaptos para o trabalho eram assassinados, os outros
trabalhavam até à morte. Os prisioneiros ficavam ali amontoados. O “bloco da
morte” era o lugar onde eram aplicados os castigos que consistiam em fechar
os prisioneiros em celas minúsculas, onde morriam de fome, eram executados
ou enforcados.
.Auschwitz-Birkenau: os nazistas
conheciam-no como “Solução final”, onde se pretendia aniquilar a população
judia. O campo contava com uma extensão de 175 hectarese e estava dividido
em várias seções delimitadas com arames e grades eletrificadas.
Foi construído com a função de
exterminar os prisioneiros que entravam nele. Para isso, foi equipado com cinco
câmaras de gás e fornos crematórios, cada um deles com capacidade para 2.500
prisioneiros.
Depois de chegar ao campo
nos vagões de carga de um combóio numa terrível viagem de vários
dias, onde não recebiam água nem comida, os prisioneiros eram
selecionados. Alguns iam diretamente para as câmaras de gás e outros eram
enviados aos campos de trabalho.
Em 1945 o exército russo
avançava a passos rápidos em direção à Polónia, por isso os nazistas decidiram
evacuar Auschwitz com duras marchas que para muitos prisioneiros representaram
a morte. Em 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas libertaram os
prisioneiros que restavam no campo, embora infelizmente a maioria deles estava
doente e com pouco tempo de vida.
Numa viagem de 12 dias de combóio,
25 estudantes do Agrupamento de Escolas de Pombal e 6 do ensino secundário de
Carregal do Sal vão rumo a Auschwitz-Birkenau, com paragens em Paris (França) e
Berlim (Alemanha). Em Auschwitz e
Birkenau os jovens vão cumprir a ‘Marcha da Paz’ e visitar o Bairro Judeu de
Cracóvia. Em Paris visitam o Memorial da Shoah, dedicado à história dos judeus
durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Em Berlim, visitam o Museu em Memória
dos Judeus e as Portas de Brandemburgo. A iniciativa ‘Combóio da memória, é
organizada pela Professora Isabel Vicente do AEP.
A professora acredita que a
aquisição de conhecimentos relacionados com o genocídio dos judeus pelo regime
da Alemanha nazi são importantes para a compreensão da humanidade: “Os alunos
entram nos campos mudos e saem calados e começam a olhar para as coisas de
forma diferente», concluiu.
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