MISERICÓRDIA Misericórdia e consolação por ARMANDO SOARES*
MISERICÓRDIA
Misericórdia e consolação por ARMANDO SOARES*
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A misericórdia possui também o rosto da consolação: «Consolai, consolai o
meu povo», diz o Profeta. Mantenhamos a esperança que nos vem da fé no Senhor
ressuscitado. Não percamos, mesmo nas grandes provações, a certeza de que o
Senhor nos ama. A sua misericórdia exprime-se na proximidade, no carinho e no
apoio que muitos irmãos e irmãs podem oferecer quando sobrevêm os dias da
tribulação. Enxugar as lágrimas é uma acção concreta que rompe o círculo de
solidão onde muitas vezes estamos encerrados.
Porque ninguém está imune do sofrimento e da
incompreensão, todos precisamos de consolação. «Quanta dor pode causar uma
palavra maldosa, fruto da inveja, do ciúme e da ira! Quanto sofrimento provoca
a experiência da traição, da violência e do abandono! Quanta amargura perante a
morte das pessoas queridas! Deus está sempre perto quando se vivem estes
dramas. Uma palavra que anima, um abraço que te faz sentir compreendido, uma
carícia que deixa perceber o amor, uma oração que permite ser mais forte... são
expressões da proximidade de Deus através da consolação oferecida pelos
irmãos», refere o Papa Francisco.
Às vezes, poderá ser de grande ajuda também o silêncio: em certas ocasiões não
há palavras para responder às perguntas de quem sofre. Mas, à falta da palavra,
pode supri-la a presença, a proximidade, o amor e o estender a mão.
Num momento particular como o nosso, marcado por
tantas crises, entre as quais a da família, é importante fazer chegar diante de
Deus, uma fidelidade para sempre, é muitas vezes interrompido pelo sofrimento,
a traição e a solidão. A alegria pelo dom dos filhos não está imune das
preocupações sentidas pelos pais com o seu crescimento e formação, com um
futuro digno de ser vivido intensamente.
Não podemos esquecer que cada um traz consigo a
riqueza e o peso da sua própria história, que nos distingue de qualquer outra
pessoa. A nossa vida, com suas alegrias e sofrimentos, é algo único e
irrepetível que se desenrola sob o olhar misericordioso de Deus. Isto requer,
sobretudo por parte do sacerdote, um discernimento espiritual atento, profundo
e clarividente, para que toda a pessoa sem exceção, em qualquer situação que
viva, possa sentir-se concretamente acolhida por Deus, participar ativamente na
vida da comunidade e estar inserida naquele Povo de Deus que incansavelmente
caminha para a plenitude do reino de Deus, reino de justiça, de amor, de perdão
e de misericórdia. * In NA FORÇA DA MISERICÓRDIA Armando Soares
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