VERITATIS GAUDIUM
Papa apresenta nova visão para universidades católicas *
31 de Janeiro de 2018
Constituição Apostólica «Veritatis
Gaudium» sublinha aposta na ecologia e no diálogo inter-religioso
O
Vaticano divulgou na segunda-feira, 29 de janeiro, a constituição apostólica «A
alegria da verdade» (
Veritatis Gaudium), do
Papa Francisco, que apresenta uma nova visão para as universidades e faculdades
eclesiásticas, perante a globalização e a necessidade de uma Igreja “em saída”.
“Torna-se
indispensável a criação de novos e qualificados centros de investigação onde
possam interagir, com liberdade responsável e transparência mútua, estudiosos
provenientes dos vários universos religiosos e das diferentes competências
científicas, de modo a estabelecerem diálogo entre si, visando o cuidado da
natureza, a defesa dos pobres, a construção duma rede de respeito e de fraternidade”,
defende.
O
pontífice apela a uma “mudança radical de paradigma”, uma “corajosa revolução
cultural”, que exige a “renovação do sistema dos estudos eclesiásticos”.
“Efetivamente,
estes [estudos eclesiásticos] não são chamados apenas a oferecer lugares e
percursos de formação qualificada dos presbíteros, das pessoas de vida
consagrada e dos leigos comprometidos, mas constituem também uma espécie de
providencial laboratório cultural”, precisa Francisco, no proémio da
Constituição Apostólica.
O Papa
liga o trabalho das instituições de ensino católicas à “missão evangelizadora
da Igreja”, na promoção do “crescimento autêntico e integral da família
humana”.
“O
que o Evangelho e a doutrina da Igreja estão atualmente chamados a promover, em
generosa e franca sinergia com todas as instâncias positivas que fermentam o
crescimento da consciência humana universal, é uma autêntica cultura do
encontro”, escreve.
O
novo documento atualiza as orientações da Constituição Apostólica ‘Sapientia
christiana’, promulgada por São João Paulo II em abril de 1979, face às
mudanças socioculturais e aos compromissos internacionais assumidos pela Santa
Sé no campo da educação.
O
atual pontífice convida a “superar o divórcio entre teologia e pastoral, entre
fé e vida”, evocando o ensinamento de vários dos seus predecessores sobre o
diálogo fé-razão e a necessidade de “inculturação” da proposta católica.
Francisco
elogia ainda o “perseverante compromisso de mediação cultural e social do
Evangelho” feito em todo o mundo e em diálogo com as várias culturas.
A
Constituição Apostólica assinala a importância da dimensão espiritual neste
campo e de ouvir “o clamor dos pobres e da terra” para tornar concreta a
“dimensão social da evangelização” como parte integrante da missão da Igreja.
O
Papa retoma as suas preocupações ecológicas para apelar a uma cultura
cristãmente inspirada que seja capaz de “descobrir em toda a criação a marca
trinitária”, propiciando “uma espiritualidade da solidariedade global que brota
do mistério da Trindade”.
Francisco
quer que as várias universidades e faculdades eclesiásticas sejam capazes de
“repensar e atualizar a intencionalidade e a disposição orgânica das
disciplinas e dos ensinamentos” dos seus planos de estudo, numa
interdisciplinaridade e transdisciplinaridade “exercidas com sabedoria e
criatividade”.
A
‘Veritatis Gaudium’ sublinha a importância do trabalho em rede e desafia os
teólogos a “elaborar instrumentos intelectuais” novos num mundo marcado pelo
“pluralismo ético-religioso”.
“Isto
requer não só uma profunda consciência teológica, mas também a capacidade de
conceber, desenhar e realizar sistemas de representação da religião cristã
capazes de penetrar profundamente em sistemas culturais diferentes”, precisa. in Além Mar
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