Ambiente: “Green Deal” e desenvolvimento humano integral
Ambiente: “Green Deal” e desenvolvimento
humano integral
Por P. Armando Soares
12 Novembro, 2019 JM-181
D.R. |
A Comissão dos Episcopados Católicos da União Europeia (COMECE) pediu à nova liderança comunitária uma transição “justa e inclusiva” para a ecologia “integral”, que proteja as pessoas e o ambiente, com uma “atenção especial aos mais vulneráveis, levando em consideração os recursos limitados do planeta”.
Os participantes debateram o chamado ‘Green Deal’ (Acordo Verde) que a
nova comissária europeia, Ursula von der Leyen, assumiu como prioridade,
desejando que as propostas que apresentam visem “políticas ecológicas que
promovam o desenvolvimento humano integral”.
“Sob o impulso da ‘Laudato Si’ do Papa Francisco, os bispos debateram
como as políticas ecológicas da UE se devem centrar nas pessoas, famílias e
comunidades, abordando os desafios mais cruciais em relação ao meio ambiente,
aos mais vulneráveis, à demografia e ao desenvolvimento”, refere o comunicado
final do encontro, que decorreu entre 23 e 25 de outubro.
D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, destacou
a necessidade de centrar atenções na “emergência climática”, apelando a todos
os países da UE a subscreverem o “Acordo
Verde”.
Destacou
ainda a “sintonia” da COMECE com o Papa Francisco na busca de “formas
alternativas de uma presença da Igreja” nos setores das migrações e da
ecologia.
Participaram quatro organizações católicas: o Movimento Católico Global
pelo Clima, a Cáritas Europa, a Federação das Famílias Católicas (FAFCE) e a
CIDSE – Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Solidariedade.
Proteção da atmosfera
O Papa Francisco anunciou no dia 7 de novembro, a adesão da Santa Sé a
um acordo internacional para a proteção atmosférica, através da diminuição da
emissão de hidrofluorcarbonetos.
“Tenho o prazer de anunciar a intenção da Santa Sé de aderir à Emenda
de Kigali. Com este gesto, a Santa Sé deseja continuar a oferecer o seu apoio
moral a todos os Estados comprometidos com o cuidado da nossa Casa Comum”, refere, numa mensagem aos participantes da 31ª Reunião
das Partes do ‘Protocolo de Montreal’ sobre as substâncias que destroem a
camada de ozono (MOP 31).
A ‘Emenda de Kigali’ é um compromisso internacional de reduzir o uso de
gases com alto potencial de causar aquecimento, na indústria de refrigeração. O
Papa destaca a importância de um “modelo de cooperação internacional” na
proteção ambiental e na “promoção do desenvolvimento humano integral”, unindo
“a comunidade científica, o mundo político, os atores económicos e industriais,
além da sociedade civil”.
“Um diálogo honesto, num espírito de solidariedade e de criatividade, é
essencial para a construção do presente e
do futuro do nosso planeta”, pode ler-se.
O Papa propõe para a proteção do meio ambiente, uma educação para a
“responsabilidade política, científica e económica”.
Fazemos parte da criação
A rede ‘Cuidar da Casa Comum’ (CCC) promoveu em 23 de setembro 2019 o
encontro “Também Somos Terra” para partilhar boas práticas, divulgar a
encíclica “Laudato sí” e afirmar a existência de “uma espiritualidade” que
determina preocupações ecológicas.
Para
Rita Veiga, da rede CCC é necessário pensar “em termos de uma ecologia
integral”, que “é muito mais abrangente” do que a preocupação pela
biodiversidade” e inclui as “vítimas” do desrespeito pela natureza.
Para
a pastora Eva Michel, da Igreja Metodista, as preocupações com a salvaguarda do
planeta são de todas as confissões cristãs e comunidades religiosas.“Durante
muito tempo pensou-se que o homem tinha o direito de explorar a terra como
entendia, mas agora já todos percebemos que a terra nos foi entregue para
cuidarmos dela”, afirmou.
É
necessário recentrar a pessoa humana no planeta, onde precisa do “sol, mar,
água, animais e plantas” para viver. “Nós, como seres humanos, fazemos parte da
criação”, sustentou.
Combate
à desertificação
A
ONU pede investimentos na restauração de solos para salvar planeta e estimular
economia. Mudança climática e uso pouco sustentável dos solos provoca
desertificação. Os solos fornecem 99,7% dos alimentos que ingerimos. Os índios
da Amazónia falam com todo o respeito na “mãe-terra”.
O
precioso recurso da água está em sério risco. Em média, 70 países são afetados
por secas todos os anos. Thiaw, chefe da entidade da ONU contra a
desertificação, afirmou: “investir na restauração dos solos é melhorar os meios
de subsistência, reduzindo as vulnerabilidades que contribuem para as mudanças
climáticas e os riscos para a economia”. A desertificação aumentou de 10 para
17%.
O
fenómeno da desertificação provoca: mais migrações forçadas, pressões
crescentes sob os solos férteis e ao mesmo tempo, mais insegurança alimentar e
mais encargos financeiros como parte do combate às mudanças climáticas. Estas
podem forçar 700 milhões de pessoas a migrar até 2050.
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