Japão: Jovens «disponibilizai tempo para os outros»
Japão: «disponibilizai tempo para os outros»
Por P. Armando Soares
28 Novembro, 2019
JM-190
Encontro com os jovens em Tóquio
1.
No dia 25, o Papa Francisco encontrou-se com os jovens na Catedral de Santa
Maria, na cidade de Tóquio.
Apercebeu-se
logo de uma grande diversidade cultural e religiosa, com jovens que vivem no
Japão e disse: “A amizade entre vocês e a vossa presença aqui lembram-nos:
“Como a família humana precisa de aprender a viver em harmonia e paz, sem
necessidade de sermos todos iguais!”.
“O medo, continua Francisco, é sempre inimigo do amor
e da paz. As grandes religiões ensinam tolerância, harmonia e misericórdia; não
ensinam medo, divisão e conflito”.
O
Senhor tem necessidade de vocês para darem
coragem a tantos que pedem uma mão para os ajudar a levantarem-se”. Isso exige
desenvolver uma qualidade muito importante: a capacidade de disponibilizar
tempo para os outros, para a família, para Deus, rezando e meditando.
“ A oração consiste principalmente em dar espaço a
Deus, que encherá teu coração de paz”. É difícil encontrar Deus numa sociedade
frenética, competitiva na qual as pessoas são materialmente ricas, mas são
escravas da solidão.
O mundo precisa de vocês
O
Papa recordou as palavras de Madre Teresa que trabalhava entre os mais pobres
dos pobres: “A solidão e a sensação de não ser amado é a pobreza mais
terrível”. E advertiu: “As coisas são importantes, mas as pessoas são
indispensáveis; sem elas, desumanizamo-nos, perdemos o rosto, o nome e
tornamo-nos mais um objeto”.
Explicou
aos jovens como se reza: “Para nos manter vivos fisicamente, temos que
respirar” e “para nos manter vivos no sentido mais amplo e pleno da palavra,
devemos também aprender a respirar espiritualmente, através da oração e da
meditação”.
Porém…
aproximamo-nos dos outros mediante atos de amor e serviço”. Cada um tem uma missão e seremos felizes na medida em que nos
dermos aos outros, às pessoas, indo ao encontro dos mais necessitados.
“O
Japão precisa de vocês, o mundo precisa de vocês, despertos e generosos,
alegres e entusiastas, capazes de construir uma casa para todos.
Com os jovens na Universidade Sophia
2.
Depois de se despedir da Nunciatura na manhã de 26, o Papa Francisco deslocou-se
à Universidade Sophia, em Tóquio, onde celebrou com membros da Companhia de
Jesus. Após o café da manhã, seguiu-se o encontro privado e a visita aos
sacerdotes idosos e enfermos.
A
Universidade Sophia foi fundada pelos jesuítas em 1913, mas sua origem remonta
a mais de 450 anos, quando o missionário Francisco Xavier chegou ao Japão, em
1549, com a ideia de difundir o cristianismo e criar uma universidade.
Este
centro de estudos teve início, em 1908, quando três sacerdotes jesuítas
chegaram ao Japão para abrir, cinco anos depois, a primeira universidade
católica do país.
Dado
que as universidades continuam sendo o lugar principal onde se formam os
futuros líderes, disse ser preciso que a cultura em toda a sua amplitude
inspire todos os aspectos das instituições educacionais.
“Numa
sociedade tão competitiva e tecnologicamente orientada, esta Universidade deve
ser não só um centro de formação intelectual, mas também um local onde modelar
uma sociedade.
A
Universidade Sophia sempre se distinguiu por uma identidade humanista,
cristã e internacional, “… enriquecida com professores provenientes de vários
países.
A estima geral pela Igreja Católica
O
Papa agradeceu a Deus e a todo o povo japonês pela oportunidade de visitar este
país,” que marcou fortemente a vida de São Francisco Xavier e no qual tantos
mártires deram testemunho da sua fé cristã. Embora os cristãos sejam uma
minoria, sente-se a sua presença ”.
O
Papa testemunhou a estima geral pela Igreja Católica, e espera que este
respeito mútuo possa aumentar no futuro. “Notei também que, apesar da
eficiência e da ordem que a caraterizam, a sociedade japonesa deseja e procura
algo mais: um anseio profundo de criar uma sociedade cada vez mais humana,
compassiva e misericordiosa”, disse ele.
Frisou
que a cultura japonesa se orgulha do seu antigo e rico patrimônio em
diversidade de culturas. O Japão conseguiu integrar o pensamento e as religiões
da Ásia no seu conjunto e criar uma cultura com identidade específica”.
A casa comum e os pobres
Lembrou
que o amor à natureza, tão típico das culturas asiáticas, aqui se devia
expressar numa lúcida e previdente preocupação pela proteção da terra, nossa
casa comum.
“Os
grandes progressos tecnológicos atuais devem ser colocados a serviço duma
educação mais humana, justa e ecologicamente responsável”.
O
Santo Padre recordou as Preferências Apostólicas Universais que propôs à
Companhia de Jesus e o Sínodo sobre os jovens: que “ação no acompanhamento dos
jovens” e, “a Igreja universal olha, com esperança e interesse, para os jovens
de todo o mundo”.
A tradição cristã e humanista da Universidade Sophia
está plenamente em linha com outra das Preferências que mencionou: “caminhar
com os pobres e os marginalizados do nosso mundo…seguindo a recomendação feita
a Paulo por Pedro: “não nos esqueçamos dos pobres”
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