MULHERES/ mais espaço
MULHERES/ mais espaço
D. Auza na Onu: espaço às mulheres para a paz e segurança do mundo
4 novembro 2019 VATICAN NEWS
Ainda muitas vezes vítimas nos
conflitos armados, esquecidas nos processos de paz e segurança. Para valorizar
o papel das mulheres no mundo é preciso ir além dos compromissos verbais.
Assim se expressou o
observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas, dom Bernardito Auza,
ao pronunciar-se em 04/11, no Conselho de Segurança da Onu, no debate aberto em
vista do 20º aniversário, no próximo ano, da histórica Resolução 1325 sobre
mulheres, paz e segurança, aprovada por unanimidade em 31 de outubro do ano
2000.
As vozes das mulheres
esquecidas
Desde aquela data, certamente
“foram feitos progressos”, observou o arcebispo filipino: “as vozes das
mulheres são cada vez mais ouvidas e, em muitos lugares, é dado mais espaço
para a contribuição singular delas na busca da paz e da reconciliação”.
“Todavia, há muito ainda a ser
feito para aumentar a representação feminina neste importante setor”, disse o
prelado. Grandes diferenças, “que derivam principalmente de fatores
socioculturais”, caracterizam ainda a condição das mulheres no mundo, como
ressaltado recentemente pelo Papa Francisco.
Vítimas de violências nos
conflitos armados
As mulheres são muitas vezes
vítimas de violências, das quais raramente são causa e autoras e suportam o
peso maior dos conflitos, como os deslocamentos e a privação de bens e serviços
essenciais, que se repercutem na saúde e bem-estar social delas e das pessoas
das quais cuidam. Além disso, são alvo de violências sexuais usadas “como arma
de guerra”.
Tudo isso, advertiu dom Auza:
são necessários “esforços mais eficazes a fim de que não sejam cometidos crimes
tão atrozes” e para que os autores sejam “entregues à justiça”. “A impunidade
generalizada de tais ações, como ainda se verifica em situações de conflito,
deve ser enfrentada se se quiser que tais crimes diminuam”.
Excluídas dos processos de
paz
Mulheres vítimas das guerras,
mas também protagonistas na promoção da paz e da reconciliação nas famílias e
nas comunidades que entraram em conflito. É importante, recomendou o prelado,
“que o seu gênio e insubstituíveis competências sejam utilizados nos processos
de decisão nacionais, regionais e internacionais”.
Isso vale também para as
operações de paz da Onu, a fim de que sejam mais sensíveis às necessidades
fundamentais das mulheres e das jovens, favorecendo para tal também a presença
constante de mulheres.
Compromisso das religiosas
contra os abusos
O representante da Santa Sé
fez uma homenagem particular aos milhares de religiosas católicas que –
impulsionadas pelo exemplo de Madre Teresa de Calcutá, 40 anos atrás Nobel da
Paz – trabalham em todos os cantos do mundo “para promover a dignidade e a emancipação
das mulheres”, fator estratégico “para construir e manter sociedades
pacíficas”.
“Mulheres religiosas que respondem 'aos desafios do horror do tráfico
de seres humanos e de outros abusos que mulheres, homens, rapazes e moças
sofrem', como as irmãs católicas reunidas na rede internacional 'Talitha Kum',
fundada há 10 anos, que assistiu mais de 15 mil vítimas e alcançou mais de 200
mil através de suas iniciativas de sensibilização e prevenção.”
“Essas mulheres de paz e
solidariedade, dentro e fora das situações de conflito, correm para assistir
aqueles que sofrem as consequências das guerras e do subdesenvolvimento e dão
exemplo a toda a comunidade internacional diante das causas profundas do
conflito e da desigualdade”, recordou o arcebispo Auza.
Apelo à Onu: fatos e não
somente palavras
Por fim, o apelo do observador
permanente da Santa Sé ao Conselho de Segurança a fim de que saiba ir além das
palavras e realize com fatos “a integração das mulheres nos processos de
paz” para se “alcançar resultados mais profundos, mais profundos e duradouros
para o bem de todos”.
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