Sínodo Amazónia: uma caminhada “sinodal” Deus, Igreja e “criaturas” por P. Armando Soares II in BN dez 2019



Sínodo Amazónia: uma caminhada “sinodal” Deus, Igreja e “criaturas” por P. Armando Soares  II in BN dez 2019
Mulheres na Igreja e na sociedade
A mulher, no mundo de hoje, conquistou mais espaço na vida social. A Igreja precisa de valorizar os carismas dos leigos, graças aos quais se manifesta a face da Igreja em saída, longe do clericalismo. A mulher tem mais espaço na vida da comunidade não só como catequista ou mãe, mas também como possível sujeito de novos ministérios.
No número 103 do documento final, aprovado com 137 votos favoráveis e 30 contra, sublinha-se que “as múltiplas consultas realizadas no espaço amazónico” destacam o “papel fundamental das mulheres religiosas e leigas na Igreja da Amazónia”, com os seus múltiplos serviços.
Nos novos contextos de evangelização e pastoral na Amazónia, onde a maioria das comunidades católicas são lideradas por mulheres, foi pedido que seja criado o ministério instituído da ‘mulher dirigente da comunidade’.

O Papa assumiu o compromisso de reforçar a Comissão para o estudo do diaconato permanente.

“Chegou-se a um acordo entre todos que não era claro. (…) Recolho o desafio que foi lançado pelas mulheres: “que sejamos ouvidas”. “Nós não nos damos conta do que significa a mulher na Igreja.” O seu papel vai muito além da “parte funcional”, afirmou entre aplausos.
Segundo o Papa, não existem dúvidas de que havia diaconisas no começo do Cristianismo, mas a questão está em determinar se “era uma ordenação sacramental ou não”.

Rito amazónico
Os participantes no Sínodo pedem a elaboração de um “rito amazónico”, que “manifeste o património litúrgico, teológico, disciplinar e espiritual” dos povos da região. Votaram o texto do documento final, que inclui a proposta da criação de um Rito Amazónico.

Francisco disse que irá solicitar à Congregação para o Culto Divino que faça “as propostas necessárias”, recordando as 23 igrejas com rito próprio, no mundo católico.

Na Igreja Católica existem os ritos latinos (rito romano: com as variantes ambrosiano, hispânico, bracarense e outros) e ritos orientais (especialmente o bizantino).

Tráfico humano e de drogas
“A Amazônia é a região do Brasil onde ocorre o maior número de rotas do tráfico internacional de pessoas. Pelo fato de ser uma região de fronteira, isso constitui uma fragilidade para toda a região”, informou a professora Márcia M. Oliveira, de Manaus.
 “O tráfico de seres humanos implica o aliciamento ou recrutamento de pessoas de diferentes formas e situações como a exploração sexual comercial, matrimónio forçado, escravatura, tráfico de órgãos, e outras formas de abuso e banalização da condição humana” e “ atinge as pessoas mais vulneráveis da sociedade: mulheres, crianças, deficientes físicos e migrantes”.
A Irmã Roselei Bertoldo, da rede “Um Grito pela Vida”, denunciou o tráfico de pessoas na Amazónia, que classifica de “um crime que se interliga com o tráfico de drogas e o de armas”. Suas dramáticas facetas: prostituição, trabalho forçado e tráfico de órgãos. Isto impõe um novo imperativo moral, e um esforço legislativo internacional para libertar a sociedade desses delitos..
Em algumas regiões da pan-amazónia, o cultivo de coca tem aumentado assustadoramente, com efeitos devastadores num aumento substancial da criminalidade e do desequilíbrio natural do território.
Em conferência de imprensa, D. Medardo de J. Del Río, vigário-apostólico de Mitú  - Colômbia, - falou da presença da “guerrilha” e do “narcotráfico”, além da pressão das “multinacionais” sobre os 44 mil habitantes distribuídos por 54.000 km2 num cenário de abandono”. “A Amazónia nunca esteve tão ameaçada como hoje”, disse o prelado.

Cultura da vida “respeita, protege e cuida”
Foi feito um forte apelo para que a Igreja tutele sempre a vida, denunciando as muitas estruturas de morte que a ameaçam. Uma conversão ecológica centralizada numa ecologia integral deve colocar cima de tudo a dignidade humana. Conversão esta. que faça perceber a gravidade do pecado contra o meio ambiente como um pecado contra Deus, contra o próximo e as futuras gerações. 
A situação inaceitável da degradação ambiental, na região pan-amazônica, deve ser enfrentada muito a sério por toda a comunidade internacional. As populações nativas devem ser consideradas como aliadas na luta contra as mudanças climáticas numa ótica “sinodal”, isto é, caminhando “juntos”, em amizade, que é diálogo: “respeita, protege e cuida”. O futuro da Amazônia está nas nossas mãos. 
Foi evidenciado ainda o exemplo luminoso dos mártires da Amazónia. Conversão ecológica é de fato, in primis, conversão à santidade. Esta tem um enorme poder de atração sobre os jovens, para os quais se pede uma pastoral mais dinâmica e mais atenta.


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