Os Santos estão «ao pé da porta» Por P. Armando Soares
D.R.
A santidade é um dom
O
meu objetivo é humilde: fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, encarnado-a
no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o
Senhor escolheu cada um de nós «para ser santo e irrepreensível na sua
presença, no amor» (Ef 1, 4), assim começa o Papa Francisco a Exortação
Apostólica “Gaudete et Exsultate” – “alegrai-vos e exultai”. (GE,2) Deus
quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre,
superficial e indecisa.
Ser
santo não uma prerrogativa oferecida só a alguns, nem significa ser dotado de
uma capacidade especial. Não! Trata-se de um dom que o Senhor Jesus oferece
gratuitamente a cada um de nós, disse o Papa numa das últimas Catequeses de
quarta-feira. Para ele o chamamento à santidade é um “convite a viver com
alegria e amor” transformando a vida «num dom para as pessoas que nos
circundam” de modo que “cada passo rumo à santidade torne as pessoas mais
livres de egoísmo e mais abertas aos irmãos e às suas necessidades. Diante do
Senhor, como batizados, temos todos a mesma dignidade e a mesma vocação, a da
santidade”, acrescentou Francisco na catequese aos fiéis na Praça de São Pedro,
transmitida pela Rádio Vaticano.
Presente no povo de Deus
O
Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, porque «aprouve a Deus
salvar e santificar os homens, não individualmente, mas constituindo-os em povo
que O conhecesse na verdade e O servisse santamente». (GE,6)
Ninguém
se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos através da complexa rede de relações
interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa
dinâmica popular, na dinâmica dum povo.
O
Senhor nos estimula através dos membros mais humildes deste povo, que difundem
o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade». (GE,8) A santidade «mais não é do que a
caridade plenamente vivida».
“Gosto
de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos
com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para
casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir”. Na Exortação
GE, Francisco lembrou a chamada à santidade que o Senhor faz a cada um de nós:
consagrado, casado, solteiro, idoso, doente, sem-abrigo, … Esta é muitas vezes
a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo
da presença de Deus. (GE,7)
A
santidade irá crescendo com pequenos gestos: uma saudação, não falar mal de ninguém, lembrar a Virgem Maria num
momento de angústia, conversar carinhosamente com um pobre que encontramos na
estrada, visitar um doente, …
Isto
deve entusiasmar e animar cada um a crescer rumo àquele projeto, único e
irrepetível, que Deus quis, desde toda a eternidade. (GE, 13) Na Igreja, santa
e formada por pecadores, encontrarás tudo o que precisas para crescer rumo à
santidade.
Um rosto que deves transmitir
A santidade
é o rosto mais belo da Igreja. Mas, mesmo fora da Igreja Católica e em áreas
muito diferentes, o Espírito suscita «sinais da sua presença. (GE.9)
É
usual falar duma espiritualidade do catequista, duma espiritualidade do clero
diocesano, duma espiritualidade do trabalho. Por essa razão, na ‘Evangelii
gaudium’ quis concluir com uma espiritualidade da missão, na ‘Laudato si’ com
uma espiritualidade ecológica, e na ‘Amoris laetitia’ com
uma espiritualidade da vida familiar. (GE,28)
«Todos
estamos chamados a ser testemunhas, mas há muitas formas existenciais de
testemunho. (GE,11) Cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que reflete,
num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho. (GE,19) Cada
cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo
(33)
Isto
é um vigoroso apelo para todos nós. Também tu precisas de conceber a totalidade da tua vida como uma missão:
refletir Jesus Cristo no mundo de hoje. Descobre a mensagem que Ele quer que tu
comuniques ao mundo com a tua vida.
Sempre alegre
Não
te santificarás sem te entregares de corpo e alma, dando o melhor de ti mesmo
no compromisso de construíres, com Ele, o Reino de amor, justiça e paz.
Somos
chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação (GE,26. nos momentos de
quietude, solidão e silêncio diante de Deus. (GE,29)
Todos
os momentos serão degraus no nosso caminho de santificação. (GE,31) Não
desanimes, porque tens a força do Espírito Santo para tornar possível a
santidade (GE,15) Não tenhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida
nem alegria. (GE,32)
Não
tenhas medo de apontar para mais alto, de te deixares amar e libertar por Deus.
A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade
com a força do Omnipotente.
Vive
alegre, faz caridade, ajuda o próximo. Vê nos outros o seu lado bom. Os santos
estão à tua porta.
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