PERSEGUIÇÃO «construir o perdão, superando o ódio»
Perseguição: «construir o perdão, superando o ódio»
Por P. Armando Soares
21 Novembro, 2019
D. R. |
Situação
complexa e grave
O Papa Francisco afirmou, na segunda-feira passada, que o
fundamentalismo religioso é uma “praga” e que todos os crentes se devem
comprometer numa atitude de diálogo e cooperação. E lembrou a declaração da
“Fraternidade humana”, assinada em Abu Dhabi nos EAU, no dia 4 de fevereiro
deste ano, onde se lê: “A intenção do documento é adotar a cultura do diálogo
como caminho comum, a colaboração como conduta e o conhecimento recíproco como
método e critério”.
No entanto, a situação dos cristãos perseguidos no Médio Oriente
deteriorou-se nos últimos anos em países como a Síria, Egito, Iraque, Turquia,…
Com efeito, “em quase todos os países a situação dos cristãos vem piorando
desde 2015, como consequência da violência e da opressão”. “A única exceção é a
Arábia Saudita, onde a situação já era tão má que dificilmente conseguiria
piorar mais. O Estado Islâmico provocou um êxodo de cristãos em massa. “No
Iraque, o êxodo é tão grave que uma das Igrejas mais antigas do mundo está em
vias de desaparecer. Na Síria verifica-se a mesma fuga de cristãos, que “ameaça
a sobrevivência do Cristianismo em regiões, como Alepo, onde antigamente vivia
uma das maiores comunidades cristãs de todo o Médio Oriente”.
O EI e outros grupos militantes islamitas “cometeram genocídio
na Síria e no Iraque” e “os governos do Ocidente e a ONU” não “ofereceram aos
cristãos em países como o Iraque e a Síria, a ajuda de emergência de que
precisavam quando o genocídio começou”, destacando que foram as organizações
cristãs a colmatar “essa lacuna”. A AIS identificou o “hiper-extremismo
islâmico” como principal ameaça à liberdade religiosa.
Terra Santa – Jerusalém
As decisões políticas internacionais intensificam o conflito na
Terra Santa. Há três grupos de pessoas a viver no território: israelitas,
palestinianos e cristãos. Para um judeu ou um muçulmano não há nenhum perigo
encontrar-se com um cristão.
Há palestinianos que pertencem a grupos fundamentalistas, mas
também há muitos que recusam a violência. A maioria dos cristãos na Terra Santa
são palestinianos. Assim, experimentamos a cooperação e a solidariedade, mas
também a exclusão e a discriminação. Há liberdade de culto: os cristãos podem
celebrar e organizar a sua vida comunitária, mas não podem decidir livremente
se querem ser cristãos.
Com a mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém, aumentou a
tensão entre Israel e os Territórios Palestinianos.
Em Jerusalém, a AIS financia os cursos inter-religiosos
“Construir o perdão, superando o ódio” em que participam cristãos, judeus e
muçulmanos. Muitos destes jovens aplicam o que aprendem na sua própria vida
profissional. A religião converte-se assim num elemento de união.
O fundamentalismo religioso atira claramente os cristãos para a
margem da sociedade. Os cristãos representam cerca de 1% da população. Mas a
Igreja tem relações sólidas a nível mundial, pois aqui vêm milhões de cristãos
peregrinos de todo o mundo. A Igreja tem uma forma cristã de viver neste país e
procura construir pequenas pontes.
As visitas dos Papas têm sido pedras importantes colocadas no
caminho da paz e do ecumenismo: o Papa Francisco deu continuidade ao famoso
encontro entre o Papa Paulo VI e o Patriarca Atenágoras em Jerusalém, em 1964,
e foi um ponto decisivo e palpável na sua visita (em 2014) para a relação entre
cristãos católicos e ortodoxos sobretudo a oração ecuménica na Igreja do Santo
Sepulcro.
Diálogo e reconciliação
O Papa Francisco apelou, a 27 outubro 2019, ao diálogo no
Líbano: “Dirijo um pensamento especial ao querido povo libanês, em particular
aos jovens que nos últimos dias fizeram sentir a sua voz perante os desafios e
os problemas sociais e económicos do país. Exorto todos a procurar as soluções
justas, no caminho do diálogo”.
Que o Líbano “continue a ser um espaço de convivência pacífica e
de respeito pela dignidade e liberdade de cada pessoa, em benefício de toda a
região que sofre tanto”.
Convidou “as autoridades iraquianas a ouvir o grito da
população, que pede uma vida digna e tranquila”. Pediu ao povo que procure “o
caminho do diálogo e da reconciliação” para encontrar “soluções justas para os
problemas do país”, que sofreu atrozmente nos últimos anos de guerra. Contam-se
centenas de mortos entre os manifestantes.
A Igreja Católica está preparando a
beatificação de 48 católicos assassinados por terroristas a 31 de outubro de
2010, na igreja sírio-católica de Bagdad.
A Irmã portuguesa Maria Lúcia Ferreira – Myri – como é conhecida,
referiu que as tropas turcas
“entraram na região de Hassaké e isso pode ter consequências muito graves”. A
cidade síria tem uma “histórica comunidade cristã”.
O arcebispo católico de Erbil, no Iraque, D. Bashar Warda,
manifestou a sua preocupação com os “refugiados e deslocados de todas as
religiões” que fogem da violência; a intervenção militar da Turquia no nordeste
da Síria afetou “muitas famílias cristãs”. Segundo a ONU, mais de 130 mil
pessoas deixaram as casas desde 9 outubro deste ano.
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