IRAQUE/grito dos que sofrem
IRAQUE/grito dos que sofrem
Cardeal Sako: espero que governo do Iraque ouça o povo que sofre
Cidade do Vaticano
No Iraque ao menos três pessoas
foram mortas em Karbala, sul do país do Oriente Médio, onde uma multidão atacou
o consulado iraniano na cidade. Os manifestantes substituíram a bandeira do Irã
pela do Iraque e acusaram o governo de Teerã de ingerência nos assuntos
iraquianos.
Foram lançadas pedras contra a
sede diplomática iraniana na cidade que é considerada uma das cidades santas
para os muçulmanos de confissão xiita. As forças de segurança declararam ter
atirado para o alto para dispersar os manifestantes. Algumas testemunhas falaram,
ao invés, de tiros disparados à altura das pessoas.
Mais de 250 vítimas até o
momento
Os protestos no Iraque contra o
alto custo de vida e a corrupção do governo começaram em 1º de outubro e
causaram até momento mais de 250 vítimas dos confrontos entre manifestantes e
forças da ordem.
Na capital Bagdá o coração
pulsante das manifestações de protestos é a Praça Tahrir, ocupada por milhares
de pessoas que desafiam o toque de recolher imposto pelo governo.
Grande participação das
mulheres
30/10/2019
“Espero que o
governo queira ouvir o grito destas pessoas que sofrem, como o Santo Padre
pediu”, afirmou ao Vatican News o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, cardeal
Louis Raphaël I Sako, que no sábado encontrou os manifestantes na Praça Tahrir.
“Fui levar medicamentos para os
feridos e os enfermos”, disse, “e encontrei milhares e milhares de jovens,
anciãos, mulheres e jovens estudantes. É a primeira vez que as mulheres
participam expressivamente destas manifestações”.
Governo pede
restabelecimento da normalidade
“Esse povo busca justiça e um
futuro melhor e foi capaz de abater as barreiras sectárias que dividem os
iraquianos, de unir-se e de dizer que o Iraque vem antes de tudo”, afirmou o
purpurado.
“Lançaram um apelo ao governo a
fim de que adote medidas rápidas e concretas e que o dinheiro desaparecido nos
últimos dezesseis anos pela corrupção seja recuperado em projetos de
desenvolvimento econômico, social e de saúde”.
Todavia, o primeiro-ministro
Adel Abdul Mahdi pediu aos manifestantes que os ajudem a restabelecer a
normalidade no país e ressaltou que os protestos estão custando bilhões de
dólares para a economia iraquiana. Por sua vez, o presidente Barham Saleh
prometeu eleições antecipadas e uma nova lei eleitoral.
Semelhanças com os
protestos no Líbano
Também no Líbano se tem
registrado estes dias protestos análogos na forma e nos conteúdos e o cardeal
Sako ressaltou as semelhanças entre os dois países. O descontentamento é por
causa “da corrupção” e “da classe política que busca poder e dinheiro enquanto
o povo sofre”, afirmou o patriarca.
Ademais, prosseguiu, “os
manifestantes iraquianos e libaneses fazem as mesmas reivindicações de
dignidade humana, prosperidade econômica, justiça social, cidadania, distantes
do sectarismo e do confessionalismo”.
Cardeal Sako: estes
clamores são os clamores de Cristo
O cardeal Sako apreciou como ele
e seus colaboradores foram acolhidos na Praça Tahrir: “Vocês cristãos são
irmãos e estão na origem deste país”, disse-lhes. “Sinto profundamente”,
afirmou o purpurado, “que esses clamores são os clamores de Cristo, que veio
para trazer uma vida mais digna aos homens; a sua luta contra todas as
manobras, a sua oposição às autoridades religiosas de seu tempo, contra a
política. Eis que hoje vivemos a mesma situação. Sinto que Cristo está
presente: não é uma teoria, uma especulação teológica, mas é uma encarnação.
Havia 500 mil na praça, e nós éramos uma dezena, com dois ou três bispos, cinco
ou seis sacerdotes, uns vinte jovens. Todos se aproximaram e vieram falar
conosco: para nós é um sinal de esperança...”
Uma celebração pela paz e a
estabilidade
Esta segunda-feira (04/11)
escolas e administrações públicas permaneceram fechadas em grande parte no País
do Golfo tendo, à noite, na Catedral de São Pedro em Bagdá, uma oração ecumênica
pela paz e a estabilidade do país.
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