Paróquia Igreja em Missão por Armando Soares


Arautos - Igreja e Missão em toda a parte
                                           
 «A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser “sacramento universal de salvação (LG, 48), por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo ao mandato do seu fundador, procura incansavelmente anunciar o Evangelho a todos os homens. Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, “pregaram a palavra da verdade e geraram as Igrejas” (Santo Agostinho). Aos seus sucessores compete perpetuar esta obra, para que “a palavra de Deus, se propague rapidamente e seja glorificada (2 Tess. 3, 1), e o reino de Deus seja pregado e estabelecido em toda a terra» (Ad Gentes).
Assim começa o decreto sobre a actividade missionária da Igreja (Ad Gentes), do Concílio Vaticano II.
Também as Encíclicas dos últimos Papas apelam incessantemente  para a dimensão missionária da Igreja e para a urgência da Missão chegar a todos os homens. É sob a acção do Espírito Santo “protagonista da Missão” (Redemptoris Missio), que os cristãos se sentem enviados em Missão pelas suas comunidades, na construção do reino de Deus. A Igreja obedece ao mandamento de Cristo, seguindo o seu exemplo, como enviado do Pai e do Espírito Santo: no caminho da pobreza, do serviço e da imolação até à morte de que Ele saiu vencedor pela sua ressurreição.
Esta tarefa deve ser levada a cabo pelos Bispos coadjuvados por toda a Igreja. A razão desta actividade da Igreja vem da vontade de Deus que quer a salvação de toda a humanidade e desenrola-se no tempo. Antes do fim dos tempos o Evangelho será pregado a toda a criatura.
E como não há evangelização sem evangelizadores, o povo de Deus vivendo em comunidades, diocesanas e paroquiais, deve colaborar na tarefa missionária, pelo anúncio e testemunho da fé, na vida quotidiana. Os sacerdotes, como os Bispos entendam muito bem que a sua vida foi consagrada também ao serviço das missões. Organizem o seu trabalho pastoral de modo a que contribua para a dilatação do Evangelho entre os não-cristãos» (Ad Gentes, 39), devendo para isso despertar o zelo pela evangelização do mundo, persuadindo as famílias cristãs da necessidade e da honra de cultivar as vocações missionárias entre os próprios filhos e filhas, fomentando o fervor missionário entre os jovens das escolas e associações católicas, de maneira a saírem dentre eles futuros arautos do Evangelho.
Os leigos sejam encorporados nesta empresa, colaborando na obra de evangelização da Igreja e nas actividades paroquiais. E os que se sentirem chamados a trabalhar nas obras da Igreja na linha da frente, preparem-se técnica e espiritualmente, para que a sua vida seja um forte testemunho de Cristo.
Os sacerdotes nas suas paróquias nunca esqueçam os que andam longe de Deus, os fracos, os oprimidos, os pobres, os sem tecto, os que sofrem injustiças, os doentes da sua comunidade paroquial e da Igreja inteira. Lembrem que as suas comunidades paroquiais só serão dinâmicas e vivas quando forem Paróquias missionárias.
Pertenço a uma Paróquia em que já fomos sete os missionários vivos. A missão ia, por assim dizer, passando de porta em porta. Tem havido uma passagem de testemunho. E isto porque esteve a paroquiar durante mais de cinquenta anos um santo homem, que sempre manifestou seu interesse em dirigir para o Seminário, quer diocesano quer missionário, os meninos melhor prendados.
Não podemos limitar uma paróquia a um espaço geográfico, mas ela terá de ser uma verdadeira Igreja com vivência da fé, individual, familiar e na sociedade. Fé sacramental, fé que é partilha com os outros, crentes ou não-crentes, ricos ou pobres, mais sábios ou menos sábios. Paróquia que se abre aos outros é paróquia viva, dinâmica, apostólica. Paróquia fechada em si mesma é paróquia doente. Cristianismo não é uma teoria, mas um compromisso social e caritativo, missionário. Animados pelo Espírito Santo, os discípulos de Cristo, no Pentecostes tornaram-se homens novos, cheio de força e coragem. “Perseguidos”, diziam: “nós não podemos calar-nos” e Paulo “ai de mim se não evangelizar”.
No Congresso da Aparecida no Brasil, todas as dioceses e paróquias foram convidadas à missão continental, no Brasil e na América. É preciso que os evangelizados se tornem evangelizadores. Há paróquias no ocidente que vão definhando na sua fé. Por isso o Papa Bento XVI nas suas viagens a Portugal e Espanha, como peregrino, fez um grande apelo à nova evangelização, num mundo que se afasta de Deus, num mundo dominado pelo materialismo, pelo consumismo, pelo hedonismo, pele egoísmo, pela indiferença, por uma vida sem sentido e sem alegria.
O apelo do Papa vai directo e insistente Para a juventude, tanto de Bento XVI como do Beato João Paulo II, os amigos e confidentes dos jovens. As paróquias precisam que os jovens mostrem sua força, suas capacidades, seu voluntarismo na dimensão do bem, da verdade e do belo. Os dois últimos Papas não tiveram receio de os convidarem a serem santos. “Jovens sede santos”, gritaram no Canadá e na Alemanha nas Jornadas Mundiais da Juventude. Deixemo-nos mover pelo Espírito Santo que é o protagonista da Missão.
Comamos o Livro, a Palavra de Deus, vivendo a missa dominical como uma verdadeira festa de ressurreição, saboreando a Palavra e a Eucaristia. Paróquia em Missão é paróquia que vive e dá testemunho da sua fé, promovendo a solidariedade, a fraternidade, a comunhão e o voluntariado, em direcção aos que mais precisam.
A Igreja é e será cada vez mais uma Igreja da compaixão, quer dizer, de mãos estendidas para com os que a sociedade marginaliza. A Carta Pastoral dos Bispos Portugueses “Para um rosto missionário da Igreja em Portugal” faz um apelo veemente a todos e às paróquias para se organizarem numa dimensão apostólica e missionária

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