ÉBOLA Ebola já afecta seis países na África
ÉBOLA
Ebola
já afecta seis países na África
Epidemia
que já matou mais de 1,5 mil pessoas, sobretudo na Libéria, Serra Leoa e Guiné,
chega ao Senegal. Na República Democrática do Congo, vírus identificado é
diferente e provavelmente menos perigoso.
O ebola mata um em cada dois pacientes infectados 31.08.2014 |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou nesta
semana que já foram registados mais de 3 mil casos de ebola na África e mais de
1,5 mil mortes em decorrência do vírus. A agência de saúde da ONU alertou que
podem haver muitos outros casos antes que a epidemia seja contida. A DW destaca
os últimos acontecimentos nos países directamente afectados.
Guiné
A Guiné foi o
ponto de partida da actual epidemia do ebola. Cientistas acreditam que o vírus
começou a se espalhar por lá em dezembro de 2013. O primeiro caso confirmado
foi numa criança de dois anos de idade, que morreu na pequena cidade de
Meliandou, no sudeste do país. Em seguida, sua mãe, irmã e avó também morreram.
Desta cidade, o vírus de espalhou rapidamente pelo país.
No dia 24 de
março, o ministro da Saúde da Guiné, Remy Lama, informou à OMS que haviam sido
confirmadas 59 mortes por causa do vírus. "Esta epidemia simplesmente
acabou com o nosso sistema de saúde", disse o ministro à DW. "Um
sistema de saúde que, mesmo antes [do surto], não tinha equipes qualificadas
nem os equipamentos necessários para combater uma epidemia como essa."
No começo,
médicos da Guiné frequentemente não conseguiam diagnosticar o ebola, uma vez
que a doença nunca havia aparecido antes na região. "Foi uma surpresa para
os países da África Ocidental", afirma Lama. Mas mesmo depois das notícias
nos jornais de que o ebola havia aparecido, a doença continuou a se espalhar.
"Quando foi dito para as pessoas nos hospitais que nenhuma vacina ou remédio
poderia protegê-las do ebola, elas preferiram procurar ajuda com os curandeiros
tradicionais", afirma o ministro. O número de mortes por causa do ebola já
chegou a 430 no país e continua a subir.
Libéria
A partir da Guiné, a doença continuou a se espalhar para
os países vizinhos Libéria e Serra Leoa. Na Libéria, o vírus chegou à capital
Monróvia em meados de junho. Depois que uma multidão invadiu o centro de
isolamento de pacientes na favela de West Point, no dia 16 de agosto, o governo
decidiu colocar a área toda em quarentena e impôs um toque de recolher noturno.
Mas as medidas tomadas parecem não ter conseguido conter o surto.
"O ebola
está em toda a cidade", disse Lindis Hurum, coordenador de emergência dos
Médicos sem Fronteiras em Monróvia. "Em todos os bairros, há pessoas
morrendo e ficando doentes, todos os dias." Mesmo com a ajuda
internacional e equipes médicas vindo de outros países, muitos pacientes não
são devidamente tratados. "O sistema está completamente
sobrecarregado", disse Hurum. Com quase 700 pessoas mortas pelo ebola, a
Libéria continua sendo o país mais afectado pelo vírus.
Serra Leoa
Assim que a
epidemia eclodiu, os países da região começaram a examinar as pessoas que
cruzavam as fronteiras, em busca de sinais da doença. Alguns até mesmo fecharam
as fronteiras. Em meados de agosto, a Libéria ordenou que as forças armadas
atirassem em qualquer um que tentasse entrar ilegalmente no país a partir de
Serra Leoa, outro país seriamente afectado pela doença e que ainda tenta se
recuperar das violentas guerras civis dos anos 1990. O ebola já matou mais de
420 pessoas no país, onde mais de mil casos da doença foram registados.
Muitas
companhias aéreas suspenderam os voos para a região. A inglesa British Airways
cancelou todos os voos para a capital de Serra Leoa, Freetown, até o ano que
vem. A Air France seguiu o exemplo e, nesta quarta-feira (27/08), suspendeu
todos os voos para o país.
Com os
governos pedindo aos moradores que deixem a região e muitas empresas
multinacionais retirando suas equipes de trabalho, as medidas de protecção já
começaram a prejudicar a economia da África Ocidental. Numa visita à Freetown
nesta quarta-feira, Donald Kaberuka, presidente do Banco Africano de
Desenvolvimento, prometeu 60 milhões de dólares dos fundos de emergência. Ele
pediu aos investidores para voltarem aos países afectados pelo ebola. "Não
há nenhuma razão para não ir a Serra Leoa", afirma. "Minha presença
aqui é um sinal. Vamos impor apenas as restrições recomendadas pela OMS. Mas
qualquer coisa além disso vai prejudicar nossas economias a longo prazo, nosso
comércio e a prosperidade da região."
Nigéria
No dia 25 de
julho, a Nigéria reportou o primeiro caso do ebola, em Lagos, a cidade mais
populosa do país e centro econômico da África Ocidental. O vírus chegou ao país
com um paciente que viajou da capital da Libéria para Lagos. Ao contrário das
autoridades de Guiné, Libéria e Serra Leoa, que ficaram sobrecarregadas com a
doença, a Nigéria parece estar tendo êxito no combate ao ebola, que matou seis
pessoas no país até agora.
"Temos
que reconhecer que o governo reagiu rápido ao primeiro caso", afirma John
Vertefeuille, chefe do Centro de Americano de Controle e Prevenção de Doenças
na Nigéria. Pessoas que possivelmente tiveram contacto com pacientes infectados
foram rastreadas, examinadas e isoladas, quando necessário. O país criou um
centro de reação à crise e deu ênfase às campanhas de conscientização, com
diversas transmissões de rádio e televisão com informações sobre medidas de
higiene contra a doença. Nesta quarta-feira, entretanto, o ministro da Saúde da
Nigéria relatou o primeiro caso confirmado do ebola fora de Lagos. O paciente,
um médico, morreu na cidade de Port Harcourt, segundo o ministro da Saúde do
país.
República Democrática do Congo
Quando o primeiro ministro da República Democrática do
Congo, Felix Kabange Numbi, informou ao público no último domingo (24/08) sobre
uma epidemia de ebola no norte do país, ele foi rápido em acrescentar que os
casos não estavam relacionados à epidemia que se espalha pela África Ocidental.
Especialistas confirmaram que o vírus na República Democrática do Congo era
diferente – e provavelmente menos perigoso. O ministro Numbi não foi convidado
para a reunião sobre a crise, organizada pela Comunidade Econômica dos Estados
da África Ocidental (Ecowas, sigla em inglês) em Gana, nesta quinta-feira.
Senegal
O governo de
Senegal, na África Ocidental, anunciou nesta sexta-feira que o primeiro caso de
contágio com o vírus do ebola foi verificado no país. O infectado, que está
hospitalizado num hospital de Dacar, é um jovem da vizinha Guiné que viajou
recentemente para o Senegal e foi sujeito a exames depois de ter sentido
sintomas da doença. O estudante havia desaparecido da capital de Guiné há três
semanas, e as autoridades estão tentando mapear por onde ele passou e com quem
teve contacto. A ministra da Saúde senegalês, Awa Marie Coll-Seck, afirma que
medidas para prevenir que a doença se espalhe estão sendo reforçadas.
A OMS adverte
que a doença continua a se espalhar e pode ir além das fronteiras dos países actualmente
afectados. "Claro que os países vizinhos dos afectados são mais propensos
a terem pessoas atravessando a fronteira e têm que ter cuidados extras",
disse Nyka Alexander, porta-voz do centro de coordenação da OMS para o combate
ao ebola em Conakry, capital da Guiné. "Mas a OMS pede a todos os países
do mundo que estejam preparados para a possibilidade de terem casos de
ebola."
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