MÉDIO ORIENTE Israel e Hamas aceitam cessar-fogo de longa duração em Gaza

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Israel e Hamas aceitam cessar-fogo de longa duração em Gaza
Actualizado em  26 de agosto, 2014 - 17:17 (Brasília) 20:17 GMT
Cessar-fogo foi comemorado por palestinos na cidade de Gaza
O governo de Israel e o Hamas aceitaram nesta terça-feira uma trégua de longa duração na Faixa de Gaza.
O cessar-fogo, que encerra sete semanas de pesados confrontos que deixaram pelo menos 2,2 mil pessoas mortas, a maioria palestinas, foi mediado pelo Egito e teve início às 19h locais (13h de Brasília).
O vice-líder político do Hamas, grupo que controla Gaza, Moussa Abu Marzouk, classificou o acordo como "uma vitória sobre a resistência".
Autoridades do governo de Israel disseram que atenuariam o bloqueio a Gaza para permitir a entrada e saída de materiais para a reconstrução do território.
Não houve acordo, no entanto, sobre assuntos mais polêmicos, incluindo o pedido de Israel pelo desarmamento de grupos extremistas no território palestino. Discussões nesse âmbito devem começar no Cairo dentro de um mês.
O anúncio da trégua ocorreu em meio a registros de confrontos de ambos os lados.
A reportagem da BBC foi informada de que disparos de morteiros vindos de Gaza mataram um civil israelense e feriram outros seis no Conselho Regional de Eshkol, território localizado no sul de Israel.

Antes do anúncio da trégua, prédios foram bombardeados em Gaza e foguetes lançados contra Israel
Na manhã desta terça-feira, pelo menos seis palestinos foram mortos em uma série de ataques aéreos em Gaza, afirmaram autoridades palestinas.

Autoridades palestinas informaram que a proposta de cessar-fogo do Egipto reivindicava um fim indeterminado às hostilidades, a abertura imediata das fronteiras de Gaza com Israel e o Egipto e a extensão da zona comercial pesqueira no Mediterrâneo.
Um mês mais tarde, acrescentaram as autoridades, o governo de Israel e as facções palestinas discutiram a construção de um porto e de um aeroporto em Gaza e a libertação de cerca de 100 prisioneiros. Homens que já haviam sido soltos em troca do soldado israelense Gilad Shalit, em 2011, e que foram presos novamente na Cisjordânia ocupada.
Segundo fontes envolvidas nas negociações, Israel e o Egito estariam reivindicando garantias de que armas não seriam mais contrabandeadas para Gaza.
O anúncio do cessar-fogo foi festejado a tiros nas ruas da Cidade de Gaza.
Segundo Israel, ofensiva representou 'golpe devastador' no Hamas
Sirenes de alerta de foguetes continuaram a soar no sul de Israel. Uma porta-voz das Forças de Defesa de Israel afirmou que o Exército estava monitorando onde os foguetes haviam caído.

O acordo do cessar-fogo combina elementos de possíveis resoluções que estavam sendo discutidas por semanas.
O mote é o fim das hostilidades em troca de um alívio das restrições às fronteiras em Gaza, que permitirá a entrada de suprimentos humanitários e materiais de construção.
Assuntos de longo prazo, como a reivindicação do Hamas por um aeroporto e um terminal portuário, serão adiados nas negociações, talvez por um período de um mês ou mais.
Trata-se de uma fórmula que possibilita o fim da violência sem uma definição de todos os assuntos que continuam dividindo os israelenses e os palestinos por anos.
Tréguas anteriores nesse conflito não prosperaram – a esperança diplomática agora é que o cansaço dessa guerra mútua possa aumentar suas chances de sucesso.
Um porta-voz do Hamas, que controla Gaza, afirmou em entrevista a jornalistas: "Nós estamos aqui hoje para declarar a vitória da resistência, a vitória de Gaza, com a ajuda de Deus, e a perseverança do nosso povo e sua nobre resistência".
Um funcionário do alto escalão do governo israelense disse à BBC: "Israel aceita a iniciativa egípcia para um cessar-fogo ilimitado em Gaza".
"A proposta não inclui as reivindicações do Hamas sobre o porto, aeroporto, prisioneiros e fundos. Os lados vão discutir as demandas por meio da mediação do Egito dentro de um mês".
A fonte afirmou que o Hamas sofreu "um golpe devastador", incluindo 5,2 mil "abrigos" atingidos e mil "terroristas" mortos.
Israel lançou a Operação 'Margem Protetora' no dia 8 de julho com o intuito de pôr fim ao lançamento de foguetes por parte do Hamas. Mais tarde, a ofensiva passou a incluir a destruição de túneis usados pelos militantes para realizar ataques em Israel.
Pelo menos 2.140 pessoas, muitas das quais civis, foram mortas em Gaza, segundo o Ministério da Saúde palestino.
Israel iniciou Operação 'Margem Protetora' no dia 8 de julho com o objetivo de por fim ao lançamento de foguetes pelo Hamas
As autoridades israelenses afirmam que 64 soldados foram mortos, além de três civis e um cidadão tailandês.

Na manhã desta terça-feira, jatos israelenses bombardearam dois arranha-céus em Gaza. O Basha Tower, um prédio residencial e comercial, foi arrasado, e o Italian Complex, que abriga apartamentos residenciais, lojas e escritórios, foi fortemente danificado.
Ninguém morreu à medida que os moradores tentavam fugir de ambos os prédios após o alerta emitido pelas Forças de Defesa de Israel.
No entanto, 20 pessoas ficaram feridas no ataque ao Italian Complex, e pelo menos seis outras foram mortas em ataques israelenses em outras localidades, afirmaram médicos palestinos.
Hamas acusa Israel de "um ato de vingança sem precedentes" contra civis.

Mas o porta-voz militar de Israel, tenente-coronel Peter Lerner, afirmou à agência de notícias Associated Press que os ataques foram "um resultado direto da decisão do Hamas de situar sua infraestrutura terrorista na esfera civil, incluindo escolas, hospitais e arranha-céus".

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