Os meus dez mandamentos

Os meus dez mandamentos

Um dia perguntaram ao jornalista espanhol Padre Martin Descalzo “qual era o seu decálogo”. A pergunta queria obter como resposta o decálogo que ele considera o mais concreto e capaz para melhorar o mundo. É claro que todos nós trazemos na alma uma fraqueza de grandes ditadores. E de pretender ditar para os outros leis ou mandamentos que talvez nos favorecessem. Tornar-nos-íamos assim pequenos deuses, pequenos ídolos. Com pés de barro a desfazerem-se em mais ou menos tempo. E o mundo está cheio de ídolos, a que prestamos culto de idolatria.
Deus fez para nós um decálogo “muito bem feito” e que ninguém se sentirá com força e coragem de melhorar. No seu cumprimento estará a alegria e a felicidade. O próprio Deus disse: “cumpri e sereis felizes pelas gerações”.
Tudo é tão simples e tão complicado como:
Amar a Deus com verdade e com todo o coração;
Respeitar e defender a Deus, a pátria, as pessoas;
Santificar o domingo e repousar, pois não somos burros de carga;
Honrar os nossos pais enquanto vivos (mesmo e sobretudo quando velhinhos ou doentes) dando-lhes o carinho que bem merecem;
Não causar dano nem matar sabendo que se pode matar negando um sorriso ou vivendo com ódio e rancor ou afastando as pessoas como se fossem tinhosos, sidosos ou cães ferozes;
Viver na amizade sem medo do amor que deve transmitir alegria na vida aos outros que por nós passaram ou passam;
Não cair na armadilha de julgar que o amor é recolher prazer para si mesmo mas é fazer feliz o outro, mesmo que para isso tenhamos de passar pelo sofrimento e pela incompreensão – pois a medida de amar de Jesus de Nazaré é “amar sem medida”;
Não roubar a ninguém a riqueza de ser livre, de ser pessoa, de ser estimado, de ser bem considerado;
Não permitir que ninguém roube a outro a liberdade ou o condicione a viver sob o peso das suas palavras malévolas ou dos seus pensamentos mesquinhos e desdenhosos e muitas vezes errados porque baseados em pressupostos falsos;
Com a própria língua prestar sempre, sempre, sempre culto à verdade;
Não desejar a mulher do próximo, nem a sua casa, nem o seu automóvel, nem o seu dinheiro, transformando o coração em cemitério de sucata e desejos estúpidos que em breve conduziriam à angústia ou ao arrependimento;
Não cobiçar os bens alheios.
Só se deve ser avaro, meu amigo, de uma coisa: do tempo, de o gastar fazendo o bem, amando o Pai que está nos Céus e fazendo a fraternidade entre os irmãos na terra. Entre todos. Se faltar um que seja, é caso para duvidar da salvação. É andar por caminho errado, e numa vida perdida.
Cumprir é ser feliz.


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