MOÇAMBIQUE Governo de Moçambique e RENAMO assinam cessar-fogo
MOÇAMBIQUE
Governo de
Moçambique e RENAMO assinam cessar-fogo
É esperado um encontro nos próximos dias entre Armando Guebuza e Afonso Dhlakama, de acordo com o Governo |
O Governo
moçambicano e a RENAMO, principal partido de oposição, assinaram, neste domingo
(24.08), em Maputo, acordo para a cessação imediata das hostilidades militares
em todo o país.
O acto
simbólico visa “ dar a certeza” de que as lideranças tanto do Governo como da
RENAMO vão cumprir o que ficou acordado, segundo afirmou um dos observadores
nacionais nas negociações, Lourenço do Rosário. O acordo acontece depois de
quase um ano e meio de conflito armado e mais de 70 rondas de negociação.
"Mandatados
por Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, e por Afonso
Dhlakama, presidente do partido RENAMO, [os negociadores das duas partes]
declaram o cessar das hostilidades militares, em todo o território nacional com
efeitos imediatos", declarou o académico Lourenço do Rosário.
O chefe dos observadores disse, no final da reunião, que
também foram assinados o memorando de entendimento, os mecanismos de garantia e
os termos de referência da equipa militar de observação do cessar de
hostilidades.
O acordo foi assinado pelo chefe da delegação
governamental e ministro da Agricultura, José Pacheco, e pelo líder dos
negociadores da RENAMO, Saimone Macuiane, que depois se abraçaram perante os
jornalistas, representantes de ambas as partes, numa cerimónia transmitida em
directo pelas principais televisões do país.
Saimone Macuiane, líder da delegação da RENAMO nas
conversações com o Governo
Na base do
atraso da assinatura do entendimento, esteve a declaração de cessar-fogo, cujos
termos foram negociados ao longo da tarde e parte da noite de domingo. Os
chefes das delegações do executivo e da RENAMO ultrapassaram também as últimas
divergências, que se prendiam com os mandatos conferidos aos negociadores para
subscrever o entendimento em nome dos seus líderes.
Uma “nova era”
para o país
Após a assinatura do cessar-fogo, o chefe dos
negociadores da RENAMO nas conversações com o Governo afirmou que o país
"entrou numa nova era" e que "valeu a pena o sacrifício".
"Hoje Moçambique entra numa nova era, num novo
modelo de democracia efectiva, onde as eleições podem ser transparentes e haja
liberdade e justiça", declarou Saimone Macuiane. "Estamos a criar uma
verdadeira República de Moçambique para todos os moçambicanos, e não uma
monarquia para algumas famílias, estamos a criar um verdadeiro Estado de
Direito para todos, em que cada um se sinta protegido, respeitado e
dignificado", declarou o líder da representação do partido da oposição.
José Pacheco lidera a equipa de negociadores do Executivo
moçambicano
Segundo
Macuiane, "valeu a pena o sacrifício, o sofrimento e entrega de homens e
mulheres, jovens adultos", que foram necessários, alegou, para que
"os moçambicanos tivessem a sua dignidade e liberdade de escolha". De
acordo com o chefe da delegação da RENAMO, "este acordo significa também
que a partir deste momento Moçambique começa um novo caminho em que as Forças
de Defesa deixam de ser de um partido político, como acontecia até este
momento".
O chefe dos negociadores da RENAMO referiu-se ainda ao
líder do partido, Afonso Dhlakama, que permanece em parte incerta, algures na
Gorongosa, no centro do país, desde que o seu acampamento foi atacado pelo
exército em outubro do ano passado.
"Não poderíamos terminar sem saudar o presidente da
RENAMO, que escapou à morte no dia 21 de outubro de 2013, na sua residência em
Satunjira, província de Sofala. Valeu o sacrifício”, declarou.
Encontro de Guebuza e Dhlakama nos próximos dias
Encontro de Guebuza e Dhlakama nos próximos dias
O Governo
moçambicano, por sua vez, anunciou que o cessar-fogo alcançado será visado numa
cerimónia pública nos próximos dias pelo Presidente da República, Armando
Guebuza, e pelo líder do principal partido da oposição, Afonso Dhlakama.
José Pacheco, ministro da Agricultura e chefe dos
negociadores do Governo, e que no domingo subscreveu o cessar-fogo com o
principal partido de oposição, não divulgou detalhes sobre esta cerimónia, cujo
anúncio ocorre após a persistente recusa de Dhlakama em assinar o entendimento
para o fim das hostilidades ao mais alto nível, que era o desejo do Presidente
da República, o que levou a que ambos entregassem procurações às respectivas
delegações para subscrever o entendimento.
O diálogo entre Governo de Moçambique e RENAMO, assegurou
José Pacheco, "está a produzir resultados substanciais e animadores"
e o cessar-fogo é o "passo subsequente à lei da amnistia", publicada
na semana passada abrangendo o período do conflito.
Comentários
Enviar um comentário