ZÂMBIA Celebra 50 anos de Independência Por JOSÉ GUEDES
ZÂMBIA
Celebra
50 anos de Independência
Por
JOSÉ GUEDES
CINQUENTA ANOS DE PAZ
Celebrando a sua
independência, a Zâmbia está a celebrar 50 anos de paz. Apesar da grande
diversidade de tribos, línguas e costumes, os zambianos aprenderam a viver
juntos, de tal forma que um pode sentir-se em casa em qualquer parte do país.
Por toda a Zâmbia, é possível encontrar um grande número de casamentos mistos,
com os filhos nascidos desses casais a sentirem-se acolhidos seja pelos
familiares do pai ou da mãe. Encontramos tensões regionais, que são normais em
qualquer país, e podemos encontrar grupos queixando-se de serem postos de lado
nos programas de desenvolvimento, mas a tradição de primos tribais permite a
pessoas de diferentes tribos de se rirem uns dos outros, sem se ofenderem,
trazendo ao de cima os valores e contravalores de cada grupo tribal. Na
verdade, o slogan usado por Kenneth Kaunda, o primeiro Presidente, de “Uma
Zâmbia, uma Nação” tem-se manifestado verdadeiro, com todos os cidadãos, não
importa a tribo à qual pertencem, a sentirem-se orgulhosos de ser Zambianos.
SOB O SOCIALISMO/
HUMANISMO
A Zâmbia de hoje é muito
diferente da nascida há 50 anos. Seguindo a tendência de muitos outros países
africanos, a Zâmbia tornou-se um estado de partido único, guiado por uma
ideologia humanista e socialista. Muitas infra-estruturas foram criadas, com
escolaridade e serviços de saúde gratuitos. O Partido UNIP, sob a
orientação de Kenneth Kaunda, tentou construir uma sociedade igualitária, onde
as necessidades básicas eram satisfeitas. Os ricos eram poucos, e até mesmo o
filho do pobre podia ir à universidade, desde que provasse a sua capacidade no
fim do ensino secundário. No entanto, o Estado controlava tudo e todos, tratando
os cidadãos como menores, que precisam de um tutor para os orientar e lhes
dizer o que devem fazer. Dinamismo, criatividade e iniciativa eram sufocados
por um sistema que pensava pelas pessoas, criando uma atitude de dependência,
em que as pessoas, contando com o Estado, não se sentiam responsáveis pela sua
vida e pelo seu futuro.
UMA NOVA ERA COM O SISTEMA
MULTI-PARTIDÁRIO
Com o fim da era de Kaunda e a
introdução de um sistema multi-partidário, a Zâmbia passou por uma grande
transformação: do socialismo ao capitalismo, abrindo as portas à iniciativa
privada e à criatividade. Houve uma explosão de dinamismo e de criatividade,
que levou as pessoas a novos empreendimentos, assumindo a responsabilidade
pelas suas vidas. Os frutos desta transformação podem ser vistos por toda a
parte, com novas minas, novas empresas, novas iniciativas e um aumento na
construção, transformando a face de vilas e cidades.
No entanto, esta transformação
não tem sido fácil e indolor. Muitas pessoas mal conseguem sobreviver, com um número
crescente vivendo nas bordas da pobreza, enquanto uma nova classe de ricos e
muito ricos se foi formando, muitas vezes à custa dos pobres, a quem exploram.
E tem-se a impressão de que os níveis de escolaridade e dos cuidados de saúde
para a maioria das pessoas baixaram, enquanto os ricos vão para as melhores
escolas e clínicas privadas. Mas ninguém gostaria de voltar ao sistema antigo,
perdendo a liberdade de expressão e a capacidade de prosseguir a própria
iniciativa e tentar a própria sorte.
DANDO GRAÇAS A DEUS
Ao celebrarmos 50 anos de
independência, devemos dar graças a Deus por estes anos de paz, reconhecendo os
sucessos do País e dando louvor à sabedoria política que soube unir as pessoas
e levá-las a viver em harmonia.
Esta deve ser uma ocasião para
todos os Zambianos se comprometerem a servir o País, preocupando-se com o
bem-estar da nação. A Zâmbia precisa de investir mais nas infra-estruturas que
vão facilitar a criação de riqueza. As áreas rurais precisam de muito mais
atenção e esforços mais concertados de desenvolvimento, para que os
agricultores possam ver o seu trabalho valorizado e recompensado. O Estado deve
investir muito mais na educação a todos os níveis e em todas as províncias. A
riqueza do país deve ser distribuída de forma justa por todas as províncias.
Não esquecendo que a Zâmbia precisa de tornar-se menos dependente das
multinacionais e do capital estrangeiro, tornando possível às empresas
Zambianas ter bom sucesso. O futuro pertence à juventude, como diz o provérbio
Bemba: Imiti ikula, e mpanga. Na verdade, as árvores que crescem são a
floresta. Temos de criar oportunidades para os jovens e devemos dar ouvidos à
sua voz. A nossa juventude precisa de crescer, sendo-lhe dada a oportunidade de
mostrar iniciativa e responsabilidade.
Enquanto damos graças pelos 50
anos de independência, peçamos as bênçãos de Deus. Que Deus abençoe a Zâmbia, e
derrame o seu Espírito sobre o povo Zambiano, para que todos trabalhem para a
paz.
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