NIGÉRIA Sobreviventes do massacre do Boko Haram correm risco de morrer de fome
NIGÉRIA
Sobreviventes
do massacre do Boko Haram correm risco de morrer de fome
Crianças na cidade de Baga - AFP
10/01/2015 10:54
|
Ofensiva do exército nigeriano
As forças armadas nigerianas
lançaram uma ofensiva com tiros de artilharia e ataques aéreos contra os
milicianos islâmicos do Boko Haram, para tentar reconquistar a cidade de Baga
no Nordeste da Nigéria. Nos últimos dias, os terroristas cometeram um
verdadeiro massacre, fala-se de 2.000 mortos, saquearam e destruíram muitas
aldeias. Os soldados tinham abandonado Baga, depois de os jihadistas terem
tomado o controle da base militar, quartel-general das tropas do Chade, Níger e
República dos Camarões, para expandir as fronteiras do seu califado islâmico no
nordeste do país.
Os sobreviventes do massacre em risco de morrer de fome
Mortos um por um com armas de
fogo ou com machetes, velhos, mulheres e crianças perseguidos nas estradas e na
floresta, exterminados depois de terem sido horrivelmente mutilados. Não se
consegue contar as vítimas do massacre na cidade de Baga: dezenas de corpos
permanecem abandonados nas estradas e ninguém tem a coragem ou a força para
enterrá-los. A Amnesty Internacional fala "do pior massacre na história do
Boko Haram". E testemunhos trágicos vêm de alguns sobreviventes: habitantes
da cidade devastada fugiram em pequenas embarcações enfrentando as águas do
Lago Chade, chegaram a algumas ilhotas antes de os barcos afundarem, e agora
vivem privados de qualquer meio de subsistência. "Estão a morrer de fome e
miséria", disse um menino, acrescentando que o mesmo destino está abatendo
muitos feridos e idosos na floresta.
Maiduguri em perigo
Agora, a que mais arrisca,
contudo, é uma outra importante cidade da Nigéria, Maiduguri, capital do Estado
de Borno, quase completamente cercada pelos jihadistas. Mesmo aqui, a população
começou a sair para se juntar à já enorme massa de deslocados, tanto dentro
como fora da Nigéria: mais de um milhão e 600 mil pessoas, segundo os cálculos
das organizações humanitárias.
Consequências para os Camarões, Chade e Níger
Mas a conquista de Baga e umas
quinze aldeias na mesma área (que não está distante nem mesmo da
fronteira com o Níger) arrisca de não ser só ser uma tragédia para a população.
Segundo muitos observadores, serão pesadas também as repercussões sobre a
economia de toda a área, uma encruzilhada comercial e agrícola vital para
os Camarões, o Chade e o Níger. Não é por acaso que nas últimas semanas estes
países entraram em campo militarmente contra os milicianos, a aeronáutica dos Camarões
chegou até de bombardear algumas bases do Boko Haram para bloquear
infiltração e invasões.
Eleições no país no dia 14 de Fevereiro
Neste contexto, faltam praticamente apenas
cinco semanas para as eleições legislativas e presidenciais, a ser realizadas
em 14 de fevereiro. O chefe de Estado cessante Goodluck Jonathan, um cristão do
sul, recandidatou-se e poderia facilmente ganhar mesmo (e talvez sobretudo)
que, em muitas localidades do norte de maioria muçulmana não será
possível criar assembleias de voto precisamente por causa do caos desencadeado
pelo Boko Haram. Mas neste caso a sua vitória estaria em risco, com uma
oposição que apoia o muçulmano nortenho Muhammadu Buhari (que já esteve no
poder na Nigéria nos anos 80, durante a ditadura militar),legitimada a apoiar a
irregularidade do voto.
Comentários
Enviar um comentário