PORTUGAL 2015 Oportunidade para as pessoas «recuperarem a confiança umas nas outras, nas instituições sociais e na própria família»
PORTUGAL
2015 Oportunidade para as pessoas «recuperarem a
confiança umas nas outras, nas instituições sociais e na própria família»
06 de Janeiro de 2015, às 11:17
D. António Vitalino, Bispo de Beja Bispo de Beja realça feridas a curar como «a afirmação crescente do individualismo» |
Beja,
06 jan 2015 (Ecclesia) – O bispo de Beja aponta para a necessidade das pessoas
aproveitarem o novo ano para “recuperarem a confiança umas nas outras, nas
instituições sociais e na própria família”.
Na
sua primeira nota semanal de 2015, D. António Vitalino alerta que existem
“muitas feridas” a “curar” e apresenta alguns dos “remédios” que “podem ajudar
a viver um ano com mais alegria e esperança”.
Em
primeiro lugar, o prelado refere a chaga da falta de proximidade entre as
pessoas, sobretudo para com os mais idosos, que foi visível nesta quadra
natalícia.
“Nas
diversas festas” em que participou, “em lares e instituições”, o bispo
alentejano foi testemunha de “muitas lagrimas nas faces rugosas de vários
idosos, ou porque perderam recentemente alguém ou porque não tiveram nenhuma
manifestação de carinho por parte dos seus familiares”.
“Há
em todos os seres, e muito especialmente nos humanos, uma necessidade de
múltiplas relações, que exigem muita atenção e cuidado para não serem
defraudadas e levarem a uma desilusão profunda e à solidão insuportável”,
alerta o responsável católico.
D.
António Vitalino refere também “a afirmação crescente do individualismo e
relativismo reinante no mundo atual”, que colocam em causa não só a “estrutura
relacional do ser humano” mas também toda a sua atitude perante a fé.
Neste
ponto, o bispo cita algumas das ideias que o Papa Francisco expressou durante o
seu encontro de Natal com os membros da Cúria Romana, no dia 22 de dezembro
último.
“Se
temos fé em Deus, não podemos deixar de amar os nossos irmãos. De contrário,
estamos a mentir, a dizer uma coisa e a fazer outra, temos dupla personalidade
ou somos esquizofrénicos ou então sofremos de alzheimer, perdemos a memória do
que somos, da nossa dignidade”, sustenta D. António Vitalino.
Quanto
aos “remédios” que o prelado propõe para a regeneração da sociedade portuguesa,
dos laços entre as pessoas, “em primeiro lugar” fala na importância de cada um
fazer o seu próprio “exame de consciência”.
Isto
porque “muitas das causas da desconfiança estão dentro de cada um” e as
soluções para os problemas “também”.
“Em
segundo lugar”, o bispo de Beja desafia as pessoas a saberem reconhecer as suas
“deficiências”.
“Não
somos perfeitos, nem sequer no cumprimento dos dez mandamentos, um código
fundamental para a convivência humana pacífica. Mas também não desesperamos,
porque nos sabemos amados por Deus apesar do nosso pecado e temos a
possibilidade de implorar o perdão e de o conceder a quem nos ofendeu”,
acrescenta.
“Em
terceiro lugar”, não deixar de “acreditar nos homens de boa vontade e de criar
laços de confiança, para que o trigo se fortaleça em relação ao joio, o bem
prevaleça sobre o mal e a sociedade se torne mais humana, justa, fraterna,
livre e solidária”.
Neste
campo, D. António Vitalino “felicita as pessoas que fazem voluntariado nas
comunidades e instituições”, considerando-as “os reis magos do nosso tempo”.
O
prelado conclui a sua reflexão fazendo votos de que 2015 seja “um bom e
abençoado ano” e que todas as pessoas “deem as mãos, fazendo cada uma o que
está ao seu alcance para o bem daqueles com quem vivem, sobretudo dos mais
débeis”.
JCP
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