VATICANO Papa lista os 15 "males" da Cúria
VATICANO
Papa
lista os 15 "males" da Cúria
Graça Andrade Ramos, RTP22 Dez, 2014, 15:19 / atualizado em 22 Dez,
2014, 15:37
Andreas Solaro/Reuters |
O Papa Francisco
criticou duramente a Cúria, denunciando nomeadamente o desejo de poder a
qualquer preço, a vida dupla hipócrita e o "alzheimer espiritual" de
muitos dos prelados, "que os fez esquecer que são supostamente alegres
homens de Deus".
O "terrorismo
dos mexericos" que "pode matar a sangue frio a reputação dos nossos
colegas e irmãos" e o modo como as faações podem "escravizar os seus
membros e tornar-se um cancro que ameaça a harmonia do corpo" e
eventualmente mata-lo por "fogo amigo", foram outros problemas
mencionados por Francisco na sua mensagem de Natal e de Ano Novo à Cúria.
Esta não foi a
primeira vez que Francisco falou contra os problemas que afligem o modo de
funcionamento da Santa Sé mas o seu discurso de Natal deste ano foi o mais
abrangente e decidido.
O discurso do Papa, que incluiu uma lista de 15 "males da Cúria"
completa com notas de rodapé e referências bíblicas, foi recebido com aplausos
refreados e poucos sorrisos. A Cúria do Vaticano,
composta sobretudo por padres, bispos e cardeais, é responsável pela
administração de múltiplas actividades mundiais da Igreja Católica.
"A Cúria é chamada sempre a melhorar a si mesma e a crescer em comunhão,
santidade e sabedoria para cumprir a sua missão", recordou o Papa.
"Mas mesmo ela, como qualquer corpo humano, pode sofrer de males de saúde,
disfunções e doenças" acrescentou Francisco.
Um dos piores problemas apontados pelo Papa são aqueles que vivem vidas duplas
e hipócritas. São "típicos de um vazio espiritual medíocre e progressivo
que nenhum grau académico pode preencher" acusou Francisco.
Reforma em marcha
Francisco é o primeiro Papa não europeu em centenas de anos e viveu a sua vida
sacerdotal e eclesiástica longe da Cúria. Desde o início do seu pontificado que
procura reformar a Igreja Católica. O
Papa formou uma comissão de nove cardeais conselheiros para reformular toda a
estrutura burocrática da Santa Sé. Outra das áreas alvo é a financeira.
Mesmo esse esforço tem resultado em complicações e confusões, forçando a Santa
Sé a um exercício invulgar de relações públicas e controlo de danos.
Um dos episódios mais recentes teve como protagonista o cardeal George Pell,
nomeado pelo Papa vindo da Argentina como novo responsável das Finanças do
Vaticano.
Numa entrevista explosiva ao jornal britânico Catholic Herald há
semanas Pell revelou que a sua equipa tinha descoberto que a situação
financeira da Santa Sé era "muito melhor do que parecia porque algumas
centenas de milhões de euros estavam guardados em contas de secções
particulares e não apareciam nos balanços" contabilísticos.
O Vaticano foi forçado a esclarecer depois que o dinheiro não estava escondido
e que nada de ilícito tinha ocorrido. Uma publicação jesuíta desdisse mesmo a
ideia deixada por Pell de que tinha sido ele e a sua equipa a encontrar o
dinheiro.
A America afirmou que os fundos da Secretaria de
Estado do Vaticano eram bem conhecidos, devidamente reportados e usados para
cobrir eventuais perdas e projectos especiais, tendo sido até muito bem geridos
ao longo dos anos. Pell impôs medidas
orçamentais e de contabilidade a organismos tradicionalmente independentes e
pouco habituados a prestar contas. Mas não foram rivais incomodados a criar
embaraços, senão o próprio prelado.
Alguns analistas acreditam que o Papa tivesse o Cardeal George Pell em mente,
quando criticou hoje o "desejo de poder" de alguns prelados, que
recorrem "até a jornais ou revistas para se mostrarem como mais
capazes".
Outros dos 15
A lista de Francisco é iniciada com "a doença da sensação de ser imortal,
imune ou até indispensável". Seguem-se "ser vaidoso",
"querer acumular coisas" e "ter um coração endurecido".
"Bajular superiores para ganhos pessoais", ter uma "cara de
funeral" e ser "demasiado rígido, duro e arrogante",
especialmente para com subalternos" são outros males da Cúria.
Francisco criticou até mesmo aqueles que trabalham demasiado e que planeiam
tudo ao pormenor, Espírito Santo.
"É tão bom para nós ter sentido de humor" referiu o Sumo Pontífice.
No final do seu discurso Francisco pediu aos prelados para rezar "para que
as feridas que os pecados de cada um carrega sejam curadas" e para que a
Igreja e a Cúria se tornem elas próprias mais saudáveis.afirmando que, quem não
tira tempo para estar com a família está demasiado ansioso e que aqueles que
planeiam tudo não se deixam surpreender pela "frescura, fantasia e
novidade" do Espírito Santo.
"É
tão bom para nós ter sentido de humor" referiu o Sumo Pontífice.
No
final do seu discurso Francisco pediu aos prelados para rezar "para que as
feridas que os pecados de cada um carrega sejam curadas" e para que a
Igreja e a Cúria se tornem elas próprias mais saudáveis.
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