PSD Passos dispensa segurança, ganha menos e almoça a trabalhar

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Passos dispensa segurança, ganha menos e almoça a trabalhar

Salário do ex-primeiro-ministro baixou mil euros, deixou de andar com segurança e tem mais tempo para a família. Chega à São Caetano antes das 08h30, lê jornais no percurso casa-sede do PSD e, por vezes, os almoços são reuniões
O pin na lapela, com a bandeira de Portugal, é o mesmo, mas a rotina - quando não há Parlamento nem ações internas do partido - é diferente da de primeiro-ministro. O dia-tipo de Pedro Passos Coelho, o político, começa normalmente antes das oito e meia da manhã quando o "senhor Meireles", motorista do PSD, o apanha em Massamá para lhe dar boleia até à sede do PSD, na Rua de São Caetano à Lapa.
Já não há protocolos que atrapalhem as saídas para o trabalho. O batalhão de seguranças como primeiro-ministro foi reduzido a nada. O presidente do PSD tinha direito a uma equipa de seguranças do corpo de segurança pessoal da PSP (dois) durante um ano, mas optou por não ter guarda-costas. "É destemido, não é fã do contacto popular, mas nunca foi psicótico da segurança", conta fonte do PSD ao DN.
Passos não tem uma hora definida para chegar à sede, mas é raro o dia em que chega ao gabinete após as nove da manhã. Antes disso o trabalho já começou: lê os jornais no percurso casa-São Caetano.
Para voltar ao seu gabinete, na oposição, o presidente do PSD teve de desalojar o vice-presidente Marco António Costa, que ocupava a cadeira enquanto o líder estava no governo. É ali que Passos recebe pessoas. Muitas vezes o almoço é feito na própria sede e, outras, é aproveitado para reuniões de trabalho.
Há rotinas fixas: a reunião da comissão política permanente, por exemplo, acontece por norma todas as terças-feiras na sede. E mesmo fora da sede começa a existir hábitos: as tardes de quarta e quinta-feira e as manhãs de sexta-feira são passadas no Parlamento - a cumprir as funções de deputado.
Passos é um institucionalista. Daí que faça gala de não faltar, embora não deixe de fazer o trabalho político normal de líder da oposição. No segundo dia de debate de Orçamento, por exemplo, só entrou no plenário à tarde, já perto do encerramento, mas esteve no seu gabinete na Assembleia da República.
Há dias em que é conduzido diretamente de Massamá para São Bento, não a residência - como nos últimos quatro anos e meio - mas o palácio. Mas a vida de Passos está longe de ser monótona. Muito menos neste mês de fevereiro, em que o ex-primeiro-ministro tem andado numa roda-viva de eventos por todo o país, em campanha interna para o PSD (ver texto secundário).
Voltando ao dia-tipo de Passos Coelho, só pouco antes da hora de jantar é que normalmente regressa a casa. Trabalha, então, quase sempre, perto de 12 horas. Ainda assim, agora tem mais tempo para jantar em casa com a mulher e as filhas.
Já nos tempos de primeiro-ministro tentava acompanhar a mulher, Laura Ferreira, nos tratamentos e também ir buscar a filha mais nova à escola. Agora as prioridades na vida pessoal não mudaram, mas tem mais tempo disponível e sai menos vezes do país e de Lisboa.
No seu gabinete, Passos tem uma equipa próxima, à qual não impõe reuniões fixas. Sempre que precisa de um dos seus homens, chama-o.
Na São Caetano, tem um assessor de imprensa puro, António Valle (que já tinha sido seu assessor no partido e no governo e substituiu Rui Batista), um assessor para a área económica, Rodolfo Rebelo (ex-jornalista do DN) e um "homem do terreno", João Montenegro. Os dois últimos transitam do governo, ao contrário do chefe de gabinete, que não é o mesmo do governo. Atualmente é José Luís Fernandes - que esteve com Cavaco em Belém e é um histórico funcionário do PSD.

Outra mudança na vida de Passos face a primeiro-ministro é o salário. Recebe menos mil euros brutos, mas mais 668 euros do que os restantes deputados. O PSD paga a Passos "um complemento salarial destinado a perfazer a diferença entre a remuneração de deputado e a equivalente à de vice-primeiro-ministro". Ou seja: recebe 4012 euros brutos (eram 5016 como primeiro-ministro e 3444 se ficasse apenas com o de deputado).

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