QUARESMA FATIMA: mensagem do Superior Geral (09 de Fevereiro de 2016)
QUARESMA
FATIMA: mensagem do Superior Geral (09 de Fevereiro de 2016)
Caros companheiros
Amanhã é Quarta-feira
de Cinzas e entramos, uma vez mais, na Quaresma. Permiti
que partilhe convosco algumas palavras de reflexão sobre este tempo que nos guia,
ao longo desta peregrinação que é mistério e que espelha toda a nossa vida de
seres humanos, cristãos e consagrados. Cinco Domingos que representam etapas
nessa caminhada e que se espelham na nossa missão de membros da SMBN.
O tema do Primeiro
Domingo da Quaresma é “a tentação”: «Jesus, cheio do Espírito Santo,
voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto» (Lucas 4,1). O deserto é
palco de lutas e de angústias, mas também de encontro com Deus. Nunca
esqueçamos esta dimensão, pois é manancial da nossa esperança. As “tentações” do
poder, da ganância, da arrogância e do egoísmo podem pairar sobre nós como
nuvem negra, grassando a nossa existência e corroendo-nos as entranhas. No
entanto, Deus faz uso até das nossas fraquezas e do nosso pecado para nos
amparar e nos dar a mão. É esta a nossa esperança, que é certeza alicerçada na
fé, mesmo que a dúvida nos faça estremecer.
O Segundo Domingo da
Quaresma apresenta uma outra tentação: a do derrotismo ou da falta de coragem.
Com o nascimento, fomos colocados neste caminho e não podemos voltar para trás.
O nosso titubear pela vida inclui marchas por escarpas e penedos, assim como
por vales verdejantes e ao longo de rios de águas cristalinas. Há dias de sol e
dias de chuva; horas de entusiasmo fogoso e horas de cansaço pesaroso. E há,
igualmente, aqueles momentos em que, contentes com a situação que saboreamos,
ali queremos permanecer e construir a nossa tenda, tal como Pedro. Tal
tentação, ao lado de poder representar uma tentativa de fuga, tolhe-nos,
rouba-nos a capacidade de sermos destemidos e apaga em nós o sonho de rasgarmos
novos horizontes e de sermos agentes de transformação. Não podemos esquecer
que, quando apontamos para a lua, não olhamos para o dedo que aponta, mas sim
para a lua. Se nos concentrarmos, egoisticamente, no dedo que aponta, não
veremos a maravilha da lua-cheia, nem sequer as flores que essa luz alumia.
Já é lugar-comum dizer-se
que necessitamos de conversão. De facto, quem não necessita dela? É algo que
deve estar presente no nosso dia-a-dia e aparece-nos no Terceiro Domingo da
Quaresma. Somos convidados a darmos flores e frutos. A figueira é a única
árvore que dá fruto sem flor (poderá dizer-se que a flor está dentro do fruto).
Teremos nós a flor no nosso interior, mesmo que invisível?
O tema do «Domingo da
Alegria» espraia-se ao longo de uma parábola muito conhecida. A misericórdia de
Deus aparece realçada: um amor que é sempre excessivo, quase irracional. Somos
convidados a dar o perdão a quem o aceita e a oferecê-lo a quem o não quer
aceitar. O que nos diz o pai misericordioso é que por muito penoso que seja o
nosso pecado, por muito aguda que seja a nossa dúvida e muito renhida que seja
a nossa luta, Deus não nos abandona porque Ele acredita em nós. Sim, Deus crê
em nós; quanto cremos nós n’Ele? Em que estado se encontra a nossa confiança? O
cristianismo é aquela aventura de cujo sentido total não nos apercebemos. Por
muito grande que seja o nosso pecado, Deus acolhe-nos, sempre que o desejemos.
«Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira
pedra» (Jo 8,7). Estas palavras do Evangelho do Quinto Domingo da Quaresma (C) são-nos
dirigidas a todos nós. Quem de entre nós não estará disposto a atirar pedras ao
outro, esquecido dos próprios telhados de vidro? Tenhamos consciência de que apenas
o amor e a misericórdia geram vida e fazem nascer o homem novo.
O Ano Santo da Misericórdia
ajuda-nos a reflectirmos sobre o nosso comportamento ao longo desta Quaresma
que começa. Será importante que nos lancemos para a frente, olhos fitos no
horizonte da
Ressurreição – que terá, forçosamente, de passar pela Paixão –
cheios de esperança, sempre conscientes de que não estamos sós, pois esta obra
não é nossa.
Votos de uma Quaresma verdadeiramente
interiorizada e repleta de sinais misericordiosos de salvação.
A cada um, o meu abraço fraterno
P. Adelino Ascenso
Superior Geral
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