VATICANO Francisco condena antissemitismo e violência em nome da religião
VATICANO
Francisco condena
antissemitismo e violência em nome da religião
17 de Janeiro de 2016
O Papa visitou hoje a maior
Sinagoga de Roma, repetindo um gesto cumprido por João Paulo II e Bento XVI,
onde condenou todas as formas de antissemitismo e afirmou que judeus e cristãos
são “irmãos”.
“Não a qualquer forma de
antissemitismo”, afirmou. A visita começou simbolicamente junto da lápide que
evoca a deportação dos judeus de Roma, em 1943, durante a II Guerra Mundial,
local em que Francisco quis depor uma coroa de flores.
O Papa repetiria este gesto
junto do memorial dedicado a Stefano Gai Taché, criança que foi assassinada num
atentado terrorista em 1982.
Depois de ter percorrido a pé
o percurso que o levou desde estes locais simbólicos ao templo maior dos judeus
na capital italiana, cumprimentando dezenas de pessoas, Francisco quis lembrar
o 50.º aniversário da declaração ‘Nostra aetate’, do Concílio Vaticano II, que
promoveu o “diálogo sistemático” entre a Igreja Católica e o judaísmo.
Na Sinagoga representantes de
Roma e da Itália, e responsáveis de várias comunidades judaicas da Europa.
“Desejo que cresçam cada vez
mais a proximidade, o conhecimento recíproco e a estima entre as nossas duas
comunidades de fé”, disse o Papa, num discurso interrompido em diversas
ocasiões pelas palmas dos presentes.
O pontífice argentino apelou a
uma “lógica da paz” e da vida para superar as “profundas feridas” que afectam a
humanidade, em particular no Médio Oriente.
“A violência do homem sobre o
homem está em contradição com qualquer religião digna deste nome, em particular
com as três grandes religiões monoteístas”, advertiu.
Francisco sublinhou que o povo
judaico sofreu “a violência e a perseguição” ao longo da sua história, com
destaque para a Shoah, o Holocausto durante a II Guerra Mundial, a “mais
desumana barbárie”, que custou a vida a “seis milhões de pessoas”.
“O passado deve servir-nos de
lição para o presente e o futuro: a Shoah ensina-nos que é preciso ter sempre
máxima vigilância para poder intervir imediatamente em defesa da vida humana e
da paz”, sustentou.
O Papa citou São João Paulo
II, primeiro pontífice a visitar esta Sinagoga de Roma, em 1986, para falar dos
judeus como os “irmãos mais velhos” dos católicos.
A este respeito, referiu que
em dezembro de 2015, a comissão da Santa Sé para as relações religiosas com o
judaísmo publicou um documento sobre questões teológicas, que sublinha a
“ligação inquebrável” entre cristãos e judeus.
“A Igreja, professando a
salvação através da fé em Cristo, reconhece a irrevogabilidade da Antiga
Aliança e o amor constante e fiel de Deus por Israel”, assinalou.
O rabino-chefe Riccardo Di Segni,
por sua vez, tinha defendido que as duas comunidades se devem unir “contra
qualquer atentado de cariz religioso e em defesa das vítimas”, procurando
“trabalhar e colaborar no dia a dia”. OC| ECCLESIA in VM fevereiro 2016
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