PORTUGAL Vários comissários de Juncker defendiam "chumbo" de plano português
PORTUGAL
Vários comissários de Juncker defendiam "chumbo" de plano
português
Vários comissários europeus do executivo liderado
por Jean-Claude Juncker pronunciaram-se a favor da rejeição do esboço do
projeto orçamental português, que acabaria por ser aprovado numa reunião
extraordinária a 5 de fevereiro, revela a ata deste encontro.
Reuters
ECONOMIA BRUXELASHÁ 18 HORASPOR LUSA
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A ata da reunião extraordinária celebrada a 5 de fevereiro em Bruxelas,
na qual a Comissão Europeia deu finalmente "luz verde" ao projeto
orçamental de Portugal, após uma semana de intensas negociações entre o
executivo comunitário e o Governo português, recorda que na reunião semanal do
colégio realizada três dias antes (2 de fevereiro), em Estrasburgo,
"alguns membros pronunciaram-se a favor da rejeição" do plano
orçamental português, "e outros a favor de o aceitar"
Na
sua intervenção na reunião de 5 de fevereiro, o vice-presidente da Comissão
Europeia responsável pelo Euro, Valdis Dombrovskis, sustentou que, de acordo
com o Pacto de Estabilidade e Crescimento, e em particular, a legislação sobre
coordenação de políticas orçamentais (o chamado "two pack"), a
Comissão poderia mesmo ter pedido a Portugal para submeter um novo plano
orçamental, "uma vez que a análise técnica ao esboço inicial identificou
um incumprimento particularmente grave das obrigações de política
orçamental", lê-se na ata.
Todavia, os últimos pacotes de
medidas apresentados pelo Governo português, que no total representaram um
valor de 845 milhões de euros, garantindo um esforço estrutural entre os 0,1 e
os 0,2% do PIB, preveniram um "chumbo" do colégio da Comissão
Europeia, que, na reunião de 02 de fevereiro, tinha decidido que se o esforço
estrutural ficasse aquém destes valores iria exigir um novo projeto orçamental
ao Governo, recordou Dombrovskis na sua exposição.
A ata da reunião, agora já
disponível publicamente, revela que tanto Dombrovskis como o comissário dos
Assuntos Económicos, Pierre Moscovici (os dois membros do colégio mandatados
para negociar com as autoridades portuguesas), sublinharam nas suas
intervenções a necessidade de a "luz verde" da Comissão ao plano
orçamental ser acompanhada de advertências claras sobre os "riscos"
associados ao projeto de Orçamento do Estado e a possibilidade de futuras
sanções em caso de incumprimento das regras.
Na sua intervenção, o presidente da
Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, considerou "que a decisão da
Comissão não era de natureza política, uma vez que as regras tinham sido
integralmente respeitadas e os números cuidadosamente verificados".
A 02 de fevereiro, na sua reunião
semanal - realizada em Estrasburgo, França, dado decorrer nessa semana uma
sessão plenária do Parlamento Europeu -, o colégio da "Comissão
Juncker" discutiu o plano orçamental português, mas não chegou a uma
conclusão, tendo reclamado "mais esforços" de contenção orçamental às
autoridades portuguesas para poder dar um parecer positivo.
Três dias volvidos, a 05 de
fevereiro, numa reunião extraordinária celebrada em Bruxelas para apreciar em
definitivo o projeto orçamental de Portugal para 2016, e após vários dias de
intensas negociações entre os executivos de Bruxelas e de Lisboa, a
"Comissão Juncker" aprovou finalmente o documento, que uma semana
depois também receberia, por consequência, a "luz verde" do
Eurogrupo.
Bruxelas indicou na ocasião que os
últimos compromissos assumidos pelo Governo permitiram "evitar uma
rejeição do plano" orçamental, mas salientou que, ainda assim, a Comissão
concluiu que o projeto orçamental "está em risco de incumprimento das
regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento, pelo que convida as autoridades
portuguesas a tomar as medidas necessárias para assegurar que cumpre as regras
orçamentais".
O Governo de António Costa ficou de
elaborar várias medidas adicionais de contenção orçamental para o caso de tal
se revelar necessário ao longo do ano.
O Orçamento do Estado para 2016 é
hoje mesmo aprovado na Assembleia da República, com os votos favoráveis de PS,
Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, e os votos contra do PSD e do CDS-PP.
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