IDOSOS Que futuro? Privilegiar seus domicílios por Armando Soares
IDOSOS COM FUTURO
Privilegiar seus domicílios por Armando Soares
Observação: 90% dos idosos preferem o tratamento em suas casas onde sempre viveram e onde trabalham enquanto o podem fazer -, sendo apoiados por equipas socio-sanitárias e/ou acompanhantes.
Convenção Nacional de Saúde
1.Nos dias 7-8 junho 2018, na
Culturgest, em Lisboa, reuniram cerca de 40 entidades, de natureza pública,
privada e social para um debate cujo objectivo era definir um pacto para a
saúde em Portugal. Sob a égide da Convenção Nacional de Saúde (CNS) e a União
das Misericórdias Portuguesas (UMP).
O aumento da longevidade da
população e a prevalência de doenças crónicas – associado à persistência no
tempo do subfinanciamento da saúde em Portugal, constituem um dos grandes
desafios colectivos a que a Convenção quer dar resposta. Deste modo abrem-se à
colaboração onde “todos os parceiros da saúde – profissionais, parceiros
públicos, privados e sector social, associações de doentes, responsáveis
políticos, imprensa, centros de investigação e universidades – e todos os
cidadãos poderão dar seu contributo para este grande desígnio”.
Humanizar as soluções
2. Misericórdias e UMP
enfrentam hoje o desafio para a inovação social, procurando respostas adequadas
às necessidades de uma sociedade em constante mudança. Precisamos de melhorar
os serviços e modernizar os processos. Necessitamos de falar nos afetos sob
pena de construirmos soluções eficientes, mas desumanizadas. É indispensável um
enquadramento humano que aprofunde e dê sentido à nossa acção, valorizando
projectos de voluntariado que deem particular atenção aos jovens. Devemos
reforçar a nossa capacidade de intervenção junto daqueles que servimos. E
devemos apostar de forma decisiva no voluntariado, para dar dimensão humana às
soluções que formos enfrentando, para além de criar novas respostas sociais com
recurso a dispositivos tecnológicos.
Envelhecimento em casa
3. Alguns projectos das Santas
Casas já estão sendo postos em prática segundo o livro “Ageing in Place – Boas
práticas em Portugal”: apoio domiciliário nocturno, ludoteca itinerante,
fisioterapeutas que vão à aldeias, transportes públicos à medida das
necessidades de cada um ou a prestação de cuidados e serviços a idosos que se
encontrem no seu domicílio, são alguns dos exemplos de boas práticas que nos
são dados a conhecer neste guia elaborado entre setembro 2017 e maio 2018.
Segundo nota introdutória do livro ‘Ageing in Place’, já grandes áreas no país
“promovem a inclusão social dos cidadãos mais velhos nas comunidades em que
residem, valorizando o envelhecimento em casa e na comunidade com segurança e
de forma independente”. O envelhecimento em casa partiu do professor da
Faculdade de Educação e Psicologia da UCP, António da Fonseca, logo apoiado
pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela UCP.
Apoio nas suas residências
4.”Misericórdia ou Santa Casa
é o espaço comum onde todos podem dar e receber, consoante as suas
possibilidades ou necessidades”, declarou Vítor Milícias. Misericórdias são
instituições a quem as pessoas deixam seus bens porque sabem que vão ser aplicados
em favor dos mais necessitados. O povo diz: “A nossa Misericórdia”. Silva
Peneda para além da “utilidade inolvidável às comunidades”, referiu “o
envelhecimento como um dos grandes desafios colocados hoje às instituições
sociais. Para ajudar a resolver esta questão, o ex-Ministro do Trabalho e da
Segurança Social defende que terão de ser encontradas formas de apoio nas suas
residências”.
“Ou transformamos o país num imenso lar ou
encontramos respostas em casa das pessoas”, disse, considerando ser necessário
“colocar a tecnologia ao nosso serviço” e não o contrário.
O Presidente da UMP, Manuel de
Lemos acentuou “vamos ter um especial cuidado na defesa dos nossos valores e do
que somos. As Santas Casas não são dos seus órgãos sociais, dos políticos ou da
Igreja. A força das Misericórdias radica na celebração da vida”.
Privilegiar as soluções do tipo domiciliário
5. O Presidente da UMP
prosseguiu: “Temos de ver o envelhecimento de forma integrada, encarando-o como
uma nova etapa da vida e desenhar soluções apoiadas no apoio domiciliário”. E
José Vieira da Silva, Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social:
“Temos de fazer uso de “todas as ferramentas” existentes visando “diminuir a
percentagem de população que recorre a respostas de natureza institucional e
aumentar a percentagem da população servida por soluções do tipo domiciliário,
de forma a “acrescentar vida aos anos que a vida nos acrescenta”.
Para manter os idosos em casa
temos de responder às necessidades sociais e de saúde. O apoio domiciliário sem
a saúde e o social juntos é uma utopia porque não se vai fazer aquilo que as
pessoas precisam. Há que definir prioridades e distribuir tarefas no sentido de
ter a pessoa na sua própria casa durante o maior tempo possível. Os
dispositivos tecnológicos podem ser uma mais valia na prestação de cuidados de
qualidade no domicílio dos idosos. “Os lares e as unidades de cuidados
continuados devem ser fins de linha”.
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