SÍNODO 2018 Jovens pedem «tolerância zero» para abusos na Igreja Católica
SÍNODO 2018
Jovens pedem «tolerância zero»
para abusos na Igreja Católica
Jun 19, 2018 - 10:02
«Guião» da próxima
assembleia consultiva de bispos alerta para situações que minam relação com os
mais novos
Cidade do Vaticano, 19 jun
2018 (Ecclesia) – O documento de trabalho da próxima assembleia do Sínodo dos
Bispos, divulgado hoje pelo Vaticano, sublinha a preocupação das novas gerações
com a implementação da “tolerância zero” para abusos sexuais e económicos na
Igreja Católica.
Estes casos, assinala o texto,
minam a credibilidade da instituição, que sofre ainda com a “falta de
preparação dos ministros ordenados” para trabalhar com os jovens e a
dificuldade de apresentar as suas posições doutrinais e éticas à sociedade
contemporânea.
A 15ª assembleia geral
ordinária do Sínodo dos Bispos, com o tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento
vocacional’, vai decorrer de 3 a 28 de outubro deste ano, por decisão do Papa
Francisco.
Na preparação para este
encontro consultivo de representantes dos episcopados católicos, o Vaticano
promoveu um questionário online e uma reunião pré-sinodal, com jovens de várias
confissões religiosas, em março de 2018, acompanhada nas redes sociais por 15 mil
pessoas.
A Santa Sé pede às comunidades
católicas que evitem a “tentação de culpabilizar os jovens” quando estes se
distanciam da Igreja, que deve “empreender caminhos de conversão” para promover
uma reaproximação.
“Mesmo quando são muito
críticos, no fundo, os jovens pedem que a Igreja seja uma instituição que
brilhe pela exemplaridade, competência, corresponsabilidade e solidez
cultural”.
De várias conferências
episcopais e dos próprios jovens chegaram propostas para uma Igreja “menos
institucional e mais relacional”, capaz de “acolher sem julgar previamente”.
“Hoje os jovens procuram uma
Igreja autêntica. Queremos dizer, especialmente à hierarquia da Igreja, que ela
deve ser transparente, acolhedora, honesta, convidativa, comunicativa,
acessível, alegre e interativa com a comunidade”.
O documento de trabalho de
2018 aborda a relação entre os jovens e a religião e a espiritualidade, que vai
do “desinteresse e apatia” à busca de um sentido para a vida individual e
coletiva.
“Emerge um novo paradigma de
religiosidade, descrita como pouco institucionalizada e cada vez mais
‘líquida’, assinalada por uma radical variedade de percursos individuais, mesmo
entre os que dizem pertencer à mesma confissão”.
Num contexto religioso marcado
pela “variedade e as diferenças”, os jovens católicos confrontam-se com
dificuldades ligadas a perseguições ou a tendências que querem remeter a
prática da fé para o âmbito “puramente privado”.
Segundo o Vaticano, as novas
gerações, em geral, mostram-se “abertas à espiritualidade”, mesmo que o sagrado
não marque presença na sua vida diária; a diversidade de posições é igual
quando o tema é a figura de Jesus, visto como “homem bom e referência ética”
por quem não é cristão.
Do ponto de vista das
comunidades católicas, são identificadas “numerosas atividades” em que os
jovens são protagonistas, com a sua capacidade de trabalhar em equipa.
“Por vezes, esta
disponibilidade depara-se com um excessivo autoritarismo dos adultos e dos
ministros”, lamentam os responsáveis da Santa Sé, em particular no que diz
respeito a papéis de liderança.
Muitos jovens que participaram nas consultas para o próximo Sínodo pedem uma Igreja “realmente a favor dos pobres”, ecológica e capaz de denunciar os males da sociedade.
O ‘Instrumentum Laboris’ fala
ainda na necessidade de rever a oferta da Catequese, “verificando a sua
validade para as novas gerações”.
O Sínodo dos Bispos pode ser
definido, em termos gerais, como uma assembleia consultiva de representantes
dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros
convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja. OC|Ecclesia
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