NIGÉRIA A capelinha das orações por PAULO AIDO
NIGÉRIA
A capelinha das orações por PAULO AIDO * in VM-jun
São as Irmãs de Nossa Senhora de Fátima. |
Quem diria que, há precisamente 101 anos, ali, algures quase no meio do mato, na Nigéria, seria possível encontrar um grupo de mulheres consagradas a Deus e inspiradas na Mensagem de Nossa Senhora aos três pastorinhos? É uma comunidade muito especial. São poucas, as irmãs, mas fazem muito. Uma delas, a madre superiora, a Irmã Florence Golam, sabe que a presença da congregação ali, no norte da Nigéria, é vital para a população que tem sido tão fustigada nos últimos anos por um dos mais brutais grupos terroristas, o Boko Haram. Estas irmãs são, de facto, uma semente de paz numa zona marcada pela violência. Todos os dias, elas partem para as aldeias situadas em redor da casa onde vivem, e que é o centro da comunidade, e vão ajudar as populações a enfrentar o trabalho difícil, por vezes quase impossível, do campo. São irmãs, mas podiam ser até uma das brigadas do Ministério da Agricultura… O que as irmãs ensinam é simples: em bidões azuis colocam camadas de pedra, carvão, areia grossa e areia fina. A água é coada lentamente neste filtro improvisado e torna-se assim fonte de vida. Claro que o trabalho destas irmãs não se esgota nisto. Sempre que elas vão de aldeia em aldeia, procuram também ensinar as populações a irrigar os campos, a fertilizar as terras e, claro, a não terem medo de viver a sua fé apesar das ameaças cada vez mais frequentes dos terroristas.
Terror constante
Ainda recentemente, dois
padres e mais de uma dezena de fiéis foram assassinados a tiro durante uma
missa. Foi na aldeia de Mbalim. Quase todos os dias alguém se sobressalta, na
Nigéria, com notícias de ataques, com histórias de uma violência que está a
fazer crescer o sentimento de insegurança entre as populações. No entanto,
apesar de tudo isto, todos os dias as irmãs continuam a deslocar-se de aldeia
em aldeia, de casa em casa, para cumprirem a missão que as levou até ali,
àquele pedaço de África. A presença destas mulheres consagradas a Nossa Senhora
de Fátima é inspiradora. Elas, na infinita pobreza com que assumiram entregar
as suas vidas a Deus, não pedem nada para si, apesar de precisarem de quase
tudo. E agradecem todas as migalhas de solidariedade que vão recebendo como se
de verdadeiros tesouros se tratassem. E agradecem repetidamente toda a ajuda
que a Fundação AIS lhes oferece. Mas há uma coisa que a irmã Florence gostaria
de ter: uma capela um pouco maior que pudesse acolher toda a comunidade, que
pudesse ser o centro da vida cristã de toda a região. Naquele cantinho da
Nigéria, há um punhado de religiosas inspiradas em Nossa Senhora de Fátima que
desafiam o medo e o terror apenas com as armas da fé. Já que não é possível ter
ali, na aldeia, uma réplica da Capelinha das Aparições como a que existe no
Santuário de Fátima, que tenham ao menos uma capelinha das orações… * in Voz da Missão-jun 2018
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