ABUSOS “Rebelião”: Prefeito da Congregação para os Bispos critica «rebelião» contra o Papa
ABUSOS
“Rebelião”: Prefeito da Congregação para os Bispos critica
«rebelião» contra o Papa
Set 15, 2018 - 13:42
Cardeal Marc Ouellet fala no
impacto dos casos de abusos sexuais e defende maior presença de mulheres na
formação dos sacerdotes
Foto: episkopat.pl |
Poznan, Polónia, 15
set 2018 (Ecclesia) – O prefeito da Congregação para os Bispos (Santa Sé)
criticou hoje o que denominou como “rebelião” contra o Papa, apelando à união
de toda a Igreja para superar a crise provocada pelos casos de abusos sexuais.
“Estamos a enfrentar
uma crise na vida da Igreja, uma crise ao nível da liderança, dos bispos. E até,
em certa medida, uma rebelião, uma rebelião. É uma questão muito séria, que tem
de ser abordada de forma espiritual, não só política”, declarou o cardeal Marc
Ouellet, falando aos jornalistas durante a assembleia plenária do Conselho das
Conferências Episcopais Europeias (CCEE), que decorre na cidade polaca de
Poznan.
O responsável da
Cúria Romana deixou críticas aos “ataques” contra o Papa, considerando-os “uma
ofensa muito séria” e “injusta”.
“Manifestar
solidariedade ao Papa é uma condição ‘sine qua non’ para a nossa solidariedade
entre bispos”, acrescentou o cardeal Ouellet.
A assembleia plenária
do CCEE, cujos trabalhos são acompanhados pela Agência ECCLESIA, vai publicar
uma mensagem de solidariedade ao Papa Francisco.
Segundo o prefeito da
Congregação para os Bispos, com as recentes notícias “há uma consciência
crescente da gravidade deste problema dos abusos na Igreja”.
Os relatórios dizem respeito a muitos anos e muitas vezes temos a
impressão de que nada foi feito recentemente, mas já foi feito muito para os
combater. Penso que é preciso fazer algo mais, dentro da Igreja, na formação
dos padres, certamente com mais prudência na escolha dos bispos”, acrescentou.
O Papa Francisco,
recordou o responsável da Cúria Romana, já implementou medidas para enfrentar
os problemas que surjam com eventual “má gestão” destes casos, por parte dos
bispos.
“Estamos a começar a
implementá-las, temos de coordenar os vários dicastérios da Santa Sé”, para
assegurar que todos trabalham “na mesma direção, com os mesmos parâmetros”,
precisou D. Marc Ouellet.
“Penso que vamos
acelerar a aplicação das normas, com os novos desenvolvimentos”, prosseguiu.
Tendo como pano de
fundo o relatório sobre abusos sexuais na Pensilvânia e o processo que envolve
o antigo cardeal McCarrick, nos Estados Unidos da América, o prefeito da
Congregação para os Bispos considerou desejável que as pessoas possam
manifestar, “com liberdade, a sua cólera, a sua insatisfação”.
“Os pastores devem
ouvir e convidar as pessoas que sofreram a manifestar-se, porque se essas
feridas não são tratadas, acabam por destrui-las”, observou, lamentando os
“danos enormes” provocados pelos abusos às vítimas.
Questionado sobre
eventuais falhas que tenham levado a estes casos, o cardeal Ouellet defendeu
uma maior presença de mulheres na formação dos padres, “para o ensino, para o
discernimento”.
“É um problema
humano, é universal”, precisou.
Foto: episkopat.pl |
Esta manhã, o
vice-presidente do CCEE, cardeal Vincent Nichols, dedicou a sua homilia às
vítimas dos abusos sexuais, pedindo que estas vozes “sejam ouvidas”.
“Abramos os nossos
corações não só à voz alegre dos fiéis mas também à raiva sofrida dos que querem
que os ouçamos”, apelou.
Já o arcebispo de
Riga, D. Zbignev Stankevics, criticou a “generalização” das acusações contra
todos os membros da Igreja, rejeitando que os abusos sexuais sejam aquilo que
“define” a vida e ação comunidade católica.
D. Eamon Martin,
arcebispo de Armagh, na Irlanda, admitiu que a recente viagem do Papa ao país
ficou “ensombrada” pelos escândalos, mas convidou a ter em consideração a
“alegria” da celebração da vida das famílias, no seu Encontro Mundial, que
decorreu em Dublin.
“A Igreja não deve
considerar a questão dos abusos um tema do passado, como se fosse algo que já
acabou, ou como se fosse algo de que nos temos de defender. Pelo contrário,
temos de levar tudo isto para o futuro, como uma parte muito real da nossa
história, enquanto testemunhamos, ao mesmo tempo, a alegria do Evangelho”,
declarou.
O Papa convocou os
presidentes de todas as Conferências Episcopais do mundo para um encontro no
Vaticano, de 21 a 24 de fevereiro de 2019, dedicado ao tema da proteção dos
menores e da prevenção de abusos sobre menores e adultos vulneráveis.
OC
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