SECULARIZAÇÃO Europa: Avanço da secularização exige esforço suplementar de evangelização, diz padre Duarte da Cunha
SECULARIZAÇÃO
Europa: Avanço da secularização exige esforço suplementar de
evangelização, diz padre Duarte da Cunha
Set 15, 2018 - 10:59
Sacerdote português deixa
cargo de secretário-geral do CCEE, após 10 anos, e regressa a Lisboa como
pároco
Foto: Episkopat.pl |
Poznan, Polónia, 15 set 2018
(Ecclesia) – O padre Duarte da Cunha, que nos últimos 10 anos foi
secretário-geral do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE),
disse hoje à Agência ECCLESIA que o avanço da secularização exige o abandono de
uma posição defensiva, por parte dos católicos, e um esforço de evangelização.
“Julgo que a coisa que mais
levo para casa, ao voltar da Europa para Portugal, é verificar que há uma vida
eclesial forte, espalhada por toda a Europa, mesmo que hoje já não seja maioria
– na maior parte dos países, já não é uma maioria viva, mas é forte e dá
esperança”, referiu, na cidade polaca de Poznan, onde decorrem os trabalhos da
assembleia plenária do CCEE.
“Ao mesmo tempo vi isto numa
sociedade muito secularizada, onde se vive como se Deus não existisse. Isso por
todo o lado na Europa – norte, sul, leste ou oeste”, acrescentou.
O responsável, que deixou o
cargo de secretário-geral esta sexta-feira, fala da “novidade” de ter visto,
numa década, a “complexidade” do continente, que tem “bases” comuns, nas suas
raízes cristãs, mas que se multiplica em diferenças na alimentação, nos
horários, na forma de viver, na “relação com a própria identidade”.
O padre Duarte da Cunha diz
ter visto uma “uma grande tensão entre o leste e o oeste”, com uma certa
“aversão” ao ateísmo por parte de quem viveu sob regimes comunistas, no último
século.
Aquilo que lhes peço é que não sejam só protetores da sua
fé, mas sejam anunciadores da fé nos outros países. Por isso, que haja na
Europa não só o movimento da secularização, que se alarga para o leste, mas o
movimento da evangelização que se espalha por toda a Europa”, apelou.
O futuro imediato do sacerdote
passa agora pela Paróquia de Santa Joana Princesa, no centro de Lisboa, a
pedido do cardeal-patriarca, com o desafio de trabalhar numa cidade que é
“laboratório de multiculturalidade”, com diferenças presentes “em diálogo, em
tensão”.
“A Igreja é chamada a fazer comunidade
de todas as pessoas, mantendo e vivificando aquilo que é próprio de cada um, ao
mesmo tempo fazendo viver aquilo que nos une, que é Nosso Senhor Jesus C
Foto: Episkopat.pl |
Sobre as temáticas mais
importantes destes 10 anos, no trabalho do CCEE, o padre Duarte da Cunha disse
aos jornalistas que estas passaram pela nova evangelização e pela família, bem
como pela crise económica, com atenção ao problema do desemprego, das migrações
internas, dos refugiados.
“Vi quanto se empenhou a
Igreja, a nível local, com projetos concretos, que muitas vezes não são
conhecidos”, relatou.
O responsável fala ainda num
“despertar do religioso” na Europa ocidental, em busca de um sentido para a
vida.
“A Igreja tem esta missão de
estar ao lado das pessoas, em qualquer situação, porque é o rosto de Jesus, é a
presença de Jesus que salva”, conclui.
O padre Duarte da Cunha foi
eleito como secretário-geral do CCEE durante a assembleia plenária em 2008 em
Budapeste (Hungria), e reconduzido no cargo cinco anos depois.
O sacerdote do Patriarcado de
Lisboa nasceu a 1 de junho de 1968 e foi ordenado sacerdote em 1993; depois da
licenciatura em Teologia na Universidade Católica Portuguesa fez o doutoramento
na Pontifícia Universidade Gregoriana sobre “A amizade na obra de S. Tomás de
Aquino”.
OC
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