JUVENTUDE Auschwitz: Jovens entram mudos e saem calados

JUVENTUDE
Auschwitz: Jovens entram mudos e saem calados
Por   P. Armando Soares  in Jornal da Madeira
Papa Francisco no campo de concentração de Auschwitz, 2016 | D.R.

Nas visitas que fiz ao campo de concentração de Auschwitz, acompanhando grupos de dezenas de pessoas, sempre me acontecia na última vez pensar como se fosse a primeira: «o horror perante a monstruosidade do homem». Como foi possível uma coisa destas? “Tanta barbaridade!”
No passado dia 29 de Janeiro 2018 o Papa Francisco disse, ao receber no Vaticano os participantes numa conferência internacional contra o antisemitismo: “Recordo o  silêncio ensurdecedor de que me apercebi na minha visita a Auschwitz-Birkenau: um silêncio inquietante, que apenas deixa espaço para as lágrimas, a oração e o pedido de perdão”. Ali esteve em julho de 2016. E recorda os passos da visita: “entrou a pé, sozinho e em silêncio,… através do famoso portão com as palavras “Arbeit mach frei” (O trabalho liberta). Pouco depois,… sentou-se num banco e rezou silenciosamente, durante mais de dez minutos. Em seguida, Francisco usou um veículo elétrico para ir até ao Muro da Morte, onde os alemães nazis executaram milhares de prisioneiros com uma bala na cabeça”. Papa Francisco conversou e abraçou alguns sobreviventes do campo. 

No seu discurso, o Papa disse: “O inimigo contra quem lutar não é apenas o ódio, em todas as suas formas, mas, ainda mais na raiz, a indiferença. E segundo o Papa, é nesta indiferença que está “a raiz perversa, a raiz de morte que produz desespero e silêncio”. Falou da indiferença como um “vírus” que contagia os dias de hoje, “tempos nos quais estamos cada vez mais ligados aos outros, mas cada vez menos atentos aos outros”. Citou João Paulo II para renovar os votos de que a “inenarrável iniquidade da Shoah nunca mais seja possível”.

Auschwitz é uma rede de campos de concentração no sul da Polónia (Cracóvia) construídos pelo Terceiro Reich nas áreas polacas anexadas pela Alemanha Nazista, maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Mortos: 1,3 milhões. Prisioneiros: judeus, polacos, prisioneiros soviéticos.  Chegados ao campo, os inaptos para o trabalho eram assassinados, os outros trabalhavam até à morte. Os prisioneiros ficavam ali amontoados. O “bloco da morte” era o lugar onde eram aplicados os castigos que consistiam em fechar os prisioneiros em celas minúsculas, onde morriam à fome, eram executados ou enforcados.
Auschwitz-Birkenau era conhecido pelos nazistas como “Solução final”, onde se pretendia aniquilar a população judia. O campo contava com uma extensão de 175 hectares e estava dividido em várias seções delimitadas com arames e grades eletrificadas. Estava equipado com cinco câmaras de gás e fornos crematórios, cada um deles com capacidade para 2.500 prisioneiros.
Depois de chegar ao campo nos vagões de carga de um combóio numa terrível viagem de vários dias, – sem água nem comida -, os prisioneiros eram selecionados. Transportados em comboios, em vagões de carga, sem comida nem bebida, à chegada eram selecionados: câmaras de gás ou campos de trabalho.
 Em 1945 o exército russo avançava a passos rápidos em direção à Polónia. Os nazistas decidiram evacuar Auschwitz com duras marchas que para muitos prisioneiros representaram a morte. Em 27 de janeiro de 1945, as tropas soviéticas libertaram os prisioneiros que restavam no campo. A maior parte deles estava doente e teve pouco tempo de vida.

Numa viagem de 12 dias de combóio, 25 estudantes do Agrupamento de Escolas de Pombal e 6 do ensino secundário de Carregal do Sal vão rumo a Auschwitz-Birkenau, com paragens em Paris (França) e Berlim (Alemanha). Em Auschwitz e Birkenau os jovens vão cumprir a ‘Marcha da Paz’ e visitar o Bairro Judeu de Cracóvia. Em Paris visitam o Memorial da Shoah, dedicado à história dos judeus durante a II Guerra Mundial (1939-1945). Em Berlim, visitam o Museu em Memória dos Judeus e as Portas de Brandemburgo. A iniciativa ‘Combóio da memória, é da Professora Isabel Vicente do AEP.

A professora acredita que a aquisição de conhecimentos relacionados com o genocídio dos judeus pelo regime da Alemanha nazi são importantes para a compreensão da humanidade: “Os alunos entram nos campos mudos e saem calados e começam a olhar para as coisas de forma diferente», afirmou. Merece muitos parabéns por esta iniciativa para a formação dos jovens.  JM





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