BISPOS Papa: Rezar pelos bispos
BISPOS
Papa: Rezar pelos bispos
Papa: Rezar pelos bispos
Por autor
12 Setembro 2018
Edward Longo «Jesus
com os apóstolos»
Por L’Osservatore Romano
«Ultimamente parece
que o Grande Acusador acordou, irritado com os bispos», procurando «revelar os
pecados, para que sejam vistos, a fim de escandalizar o povo». Mas «a força do
bispo — “homem de oração, no meio do povo e que se sente escolhido por Deus” —
contra o Grande Acusador é a prece, a de Jesus por ele e a própria».
Foi uma oração «pelos
nossos bispos: por mim, por estes que estão aqui na frente e por todos os
bispos do mundo» que o Papa Francisco pediu celebrando, na terça-feira 11 de
setembro, a missa em Santa Marta. E aos bispos pediu que permaneçam sempre
«próximos do povo de Deus, longe de uma vida aristocrática» que afasta a sua
«unção» sem serem «arrivistas» ou «procurando refúgio nos poderosos e na
elite».
«Comovem o coração a
simplicidade e a transparência, com a qual Lucas nos narra a eleição dos
apóstolos, dos primeiros bispos» observou o Papa, referindo-se ao excerto
evangélico proposto hoje pela liturgia (Lc 6, 12-19), comparando-o
com a atualidade, recordando que neste período «aqui em Roma estão a decorrer —
um deles já terminou — três cursos para os bispos». Promoveram, comentou, um
curso «de atualização para os bispos que completaram dez anos de episcopado»
que «se concluiu recentemente».
No entanto, explicou o
Pontífice, «neste momento estão a decorrer dois cursos: um para setenta e
quatro bispos que pertencem às dioceses que dependem da Congregação de
Propaganda Fide». E outro no qual participam «cento e trinta, cento e quarenta»
prelados «que pertencem à Congregação para os bispos». Portanto, disse o Papa,
todos «os novos bispos, mais de duzentos», participam «nesses dois cursos». E
desta forma, confidenciou, «pensei que neste momento, quando no Vaticano se
realiza esta atividade com os novos bispos, talvez fosse bom meditar um pouco
sobre a eleição dos bispos: como Jesus a realizou a primeira vez, o que nos
ensina».
«São três aspetos —
afirmou Francisco referindo-se ao trecho de Lucas — que causam admiração da
atitude de Jesus». Antes de mais «que Jesus reza». O evangelista escreve:
«Jesus foi para o monte a fim de fazer oração, e passou a noite a orar a Deus».
A «segunda» atitude é que «Jesus escolhe: Ele escolhe os bispos». E a
«terceira, Jesus desce com eles para um sítio plano onde encontra uma grande
multidão: no meio do povo». Precisamente estas, explicou o Pontífice, são as
«três dimensões do ministério espicopal: rezar, ser eleito e estar com o povo».
«Jesus ora, reza pelos
bispos» prosseguiu o Papa. «É a grande consolação que um bispo sente nos
momentos difíceis: Jesus reza por mim». De resto, «disse-o explicitamente a
Pedro: “Rezarei por ti, para que a tua fé não esmoreça”». Sim, insistiu
Francisco, Jesus «reza por todos os bispos. Neste momento, diante do Pai, Jesus
ora. O Bispo encontra consolação e força na consciência de que Jesus ora por
ele, está a rezar por ele». E «isto leva a rezar». Pois «o bispo é um homem de
oração».
«Pedro tinha esta
convicção — observou o Pontífice — quando anunciava ao povo a tarefa dos
bispos: “A nós a oração e o anúncio da palavra”. Não disse: “A nós a
organização dos planos pastorais”». Portanto, espaço à «oração e ao anúncio da
palavra». Deste modo «o bispo sabe que é protegido pela oração de Jesus, e isto
leva-o a rezar». E orar «é o primeiro dever do bispo. Rezar pelo povo de Deus,
por si mesmo, pelo povo de Deus. O bispo é homem de oração».
«A segunda dimensão
que vemos aqui — explicou o Papa — é que Jesus “escolhe” os doze: não são eles
que escolhem». E «isto também nos discípulos: o endemoninhado gadareno que
queria seguir Jesus», depois de ter sido libertado dos demónios. Mas,
resumindo, Jesus respondeu-lhe «não, não te escolhi, tu permaneces aqui e
praticas o bem aqui». Porque «o bispo fiel sabe que não escolheu; o bispo que
ama Jesus não é um arrivista que vai em frente com a sua vocação como se fosse
uma função, talvez olhando para outra possibilidade de ir em frente e subir na
vida». Na realidade «o bispo sente-se escolhido. E tem a certeza de ter sido
escolhido. Isto leva-o ao diálogo com o Senhor: “Tu escolhestes-me, que sou
pouca coisa, que sou pecador”. Tem a humildade. Porque ele, quando se sente
escolhido, percebe o olhar de Jesus sobre a própria existência e isto dá-lhe a
força».
Resumindo, o bispo é
«homem de oração, homem que se sente escolhido por Jesus». E depois,
acrescentou Francisco, é «homem que não tem medo de descer a um sítio plano e
permanecer próximo do povo: é precisamente o bispo que não se afasta do povo:
aliás, sabe que no povo há uma unção para o seu ministério e encontra no povo a
realidade de ser apóstolo de Jesus». Eis «o bispo que permanece distante do
povo — afirmou o Pontífice — que não tem atitudes que o afastam do povo; o
bispo toca o povo e deixa-se tocar pelo povo. Não vai procurar refúgio nos
poderosos, nas elites, não. Serão as elites a criticar o bispo; o povo tem esta
atitude de amor em relação ao bispo, e tem aquela a que chamamos unção
especial: confirma o bispo na vocação».
«Homem no meio do
povo, homem que se sente escolhido por Deus e homem de oração: esta é a força
do bispo» repetiu o Papa, sugerindo que «é bom recordar, nestes tempos em que
parece que o Grande Acusador acordou, irritado com os bispos. É verdade, todos
somos pecadores, nós bispos». O Grande Acusador, afirmou o Pontífice, «procura
revelar os pecados, para que se vejam, para escandalizar o povo. O Grande
Acusador que, como ele mesmo diz a Deus no capítulo 1 do Livro de Job, “dá
voltas pelo mundo procurando o modo para acusar”. A força do bispo contra o
Grande Acusador é a oração, a de Jesus, por ele e a própria; e a humildade de
se sentir escolhido e permanecer próximo do povo de Deus, longe de uma vida
aristocrática que o priva desta unção».
Na conclusão Francisco
exortou a rezar «hoje pelos nossos bispos: por mim, por estes que estão aqui na
frente e por todos os bispos no mundo». JM
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