AMAZÓNIA / incêndios Papa mostra preocupação com incêndios na Amazónia
AMAZÓNIA / incêndios
Papa
mostra preocupação com incêndios na Amazónia
Ago 25, 2019 - 11:28
Região vai estar no centro de um Sínodo especial, em outubro, por
iniciativa de Francisco
Foto: Lusa |
O Papa manifestou hoje no Vaticano a sua preocupação com os incêndios que
atingem a Amazónia, sublinhando que os problemas na região têm um impacto
global.
“Estamos todos preocupados pelos vastos incêndios que deflagraram na
Amazónia. Rezemos para que, com o compromisso de todos, sejam dominados o mais
rapidamente possível. Este pulmão de florestas é vital para o nosso planeta”,
referiu Francisco, numa intervenção sublinhada pelos presentes na Praça de São
Pedro com uma salva de palmas, após a recitação dominical da oração do ângelus.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o
período homólogo de 2018, com 72 953 focos registados até 19 de agosto, sendo a
Amazónia a região mais afetada; esta é a maior floresta tropical do mundo e
possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, incluindo
territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana,
Suriname e Guiana Francesa.
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, autorizou esta sexta-feira o
recurso às Forças Armadas para combater os incêndios na Amazónia, no período
entre 24 de agosto e 24 de setembro, com “ações preventivas e repressivas
contra delitos ambientais”, bem como para “levantamento e combate a focos de
incêndio”.
A 17 de junho, o Vaticano denunciou num novo documento sobre a Amazónia a
exploração levada a cabo por interesses económicos que ameaçam o “pulmão do planeta”
e os direitos dos povos indígenas.
A vida na Amazónia está ameaçada
pela destruição e exploração ambiental, pela violação sistemática dos direitos
humanos elementares da população amazónica. De modo especial a violação dos
direitos dos povos originários, como o direito ao território, à
autodeterminação, à demarcação dos territórios e à consulta e ao consentimento
prévios”, assinala o documento de trabalho da assembleia especial do Sínodo dos
Bispos sobre a Amazónia, que o Papa convocou para outubro.
O texto conta com o contributo das comunidades locais, que apontam o dedo a
“interesses económicos e políticos dos setores dominantes”, em particular
“empresas extrativistas, muitas vezes em conivência, ou com a permissividade
dos governos locais, nacionais e das autoridades tradicionais”.
Entre as ameaças elencadas estão “os grandes interesses económicos, ávidos
de petróleo, gás, madeira, ouro, monoculturas agroindustriais”, bem como
“megaprojetos de infraestruturas, como as hidroelétricas e estradas internacionais,
e atividades ilegais vinculadas ao modelo de desenvolvimento extrativista” de
minérios.
Foto: Lusa |
Já em agosto, o Papa disse que o próximo Sínodo especial sobre a Amazónia é uma resposta da Igreja Católica a preocupações religiosas e ambientais, numa região decisiva para a sobrevivência da humanidade.
“Não é uma reunião de cientistas ou de políticos. Não é um parlamento: é
outra coisa. Nasce da Igreja e terá missão e dimensão evangelizadora. Será um
trabalho de comunhão conduzido pelo Espírito Santo”, explicou, em entrevista
publicada pelo jornal italiano ‘La stampa’.
A reunião de bispos foi anunciada pelo Papa a 15 de outubro de 2017 e vai
refletir sobre o tema ‘Amazónia: Novos caminhos para a Igreja e para uma
ecologia integral’, de 6 a 27 de outubro deste ano.
“A ameaça à vida das populações e do território deriva dos interesses
económicos e políticos dos setores dominantes da sociedade”, sustenta
Francisco, sublinhando que a desflorestação significa “matar a humanidade”.
O tema voltou a ser referido no encontro de oração com peregrinos, esta
manhã, num momento em que vários líderes internacionais e religiosos se têm
manifestado sobre a vaga de incêndios na Amazónia.
Perante milhares de pessoas reunidas no Vaticano, o Papa falou também das
exigências da fé, segundo os ensinamentos de Jesus Cristo, na oração e na
caridade.
“Com a graça de Deus, podemos e devemos gastar a nossa vida pelo bem dos
irmãos, lutar contra qualquer forma de mal e de injustiça”, disse Francisco,
que se despediu com os tradicionais votos de “bom domingo” e “bom almoço”.
OC
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