PERSEGUIÇÃO: Cristãos Perseguidos «genocídio» Relatório apresentado no Vaticano denuncia contexto de «genocídio»
PERSEGUIÇÃO: Cristãos Perseguidos «genocídio»
Relatório
apresentado no Vaticano denuncia contexto de «genocídio»
Jul 16, 2019 - 13:15 Ecclesia
«Os governos devem perguntar a
si mesmos até que ponto estão realmente empenhados na defesa da liberdade
religiosa», diz responsável da Santa Sé
O subsecretário do Vaticano para as Relações com os Estados
abordou hoje as conclusões de um estudo independente dedicado à perseguição aos
cristãos, uma problemática que está a tomar proporções cada vez mais
“alarmantes” em todo o mundo.
Nas declarações divulgadas hoje pela Santa Sé, o padre
Antoine Camilleri salientou a importância deste trabalho para “uma
crescente consciencialização à volta do problema da discriminação e perseguição
motivada pela crença religiosa” e para denunciar “o contexto trágico em
que vivem os cristãos em diversas partes do mundo”.
“Não podemos ignorar o facto de que a perseguição religiosa
atinge hoje em larga escala uma variedade de comunidades religiosas, grupos e
indivíduos. Infelizmente, muitos destes crimes parecem continuar impunes e a persistir sob pouco mais do que o olhar
envergonhado da comunidade internacional”, frisou aquele responsável.
O ‘Relatório sobre a Perseguição aos Cristãos’, apresentado
em Roma, trata-se de um projeto promovido pelo secretário de Estado para
Assuntos Externos do Reino Unido, Jeremy Hunt, e contou com o contributo do
bispo anglicano de Truro, Philip Mounstephen.
Neste trabalho, é demonstrado que atualmente uma em cada
três pessoas sofrem de perseguição religiosa em todo o mundo, sendo que 80 por
cento das vítimas são cristãs.
Quanto às regiões ou países onde a situação é hoje considerada
mais grave, o relatório aponta para os territórios do Médio Oriente e do Norte
de África, onde a perseguição atinge um nível tão extremo que, de acordo com os
parâmetros da ONU, pode ser considerada como “genocídio”, realçou o
representante do Vaticano.
“A dramática realidade da perseguição religiosa suscita
enorme preocupação na Santa Sé, não só por causa dos cristãos que sofrem, mas
também pela situação de todos quantos partilham uma determinada crença”,
sublinhou o padre Antoine Camilleri, que apela não só aos líderes religiosos,
mas também aos políticos que se empenhem na erradicação deste mal.
“É crucial que se reconheça a responsabilidade dos líderes
religiosos na promoção de uma coexistência pacífica, através do diálogo e da
compreensão mútua, para que as respetivas comunidades e crentes respeitem
aqueles que professam uma fé diferente, em vez de fomentarem a agressão e a
violência”, defendeu o sacerdote.
No final de 2018, a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre
publicou também um relatório sobre a Liberdade Religiosa, que denunciava
um aumento das violações a este direito e uma deterioração da situação das
minorias religiosas, apresentando inclusivamente uma “lista negra” de países
com violações significativas.
Relação essa que destacava 20 nações: Brunei, Cazaquistão,
China, Coreia do Norte, Eritreia, Iémen, Índia, Iraque, Líbia, Maldivas,
Mauritânia, Mianmar, Nigéria, Palestina, Paquistão, Quirguistão, Rússia, Sudão,
Tajiquistão, Turquemenistão.
“Os governos devem perguntar a si mesmos até que ponto estão
realmente empenhados na defesa da liberdade religiosa e no combate à
perseguição baseada na religião ou na crença.”
O padre Antoine Camilleri destacou ainda, durante a
mesma conferência de imprensa, a urgência de combater “outras formas de discriminação e
perseguição religiosa que, mesmo menos radicais ao nível da perseguição
física, são igualmente cerceadoras de uma vivência plena da liberdade
religiosa, e da prática ou da expressão de convicções, quer em privado quer em
público”.
“Aqui refiro-me à tendência crescente, mesmo nas democracias
consolidadas, de criminalizar ou penalizar os líderes religiosos por
apresentarem os fundamentos básicos da sua fé, especialmente em áreas como a
vida, o matrimónio ou a família”, completou.
JCP
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