ECOLOGIA centrada no ser
humano
D. Nuno Brás: “Não há ecologia
sem olharmos para o ser humano”
Por Jornal da Madeira 14
Agosto, 2019
Foto: Jornal da Madeira |
O
Bispo do Funchal defendeu ontem a noção de ecologia integral presente na
encíclica do Papa Francisco “Laudato si”, sobre o cuidado da casa comum.
“Quer
dizer uma ecologia que defenda o mundo criado mas também uma ecologia humana,
ou seja, a relação necessária da vida do ser humano com a natural, inscrita na
própria natureza. A aceitação do outro como dom de Deus, o apreço pelo próprio
corpo na sua feminilidade ou masculinidade, o seu ser homem e ser mulher”,
afirmou.
D.
Nuno Brás presidiu nesta terça-feira, dia 13 de agosto, na igreja de S. Roque à
novena de preparação para a festa do padroeiro desta comunidade paroquial.
Para
além da presença do pároco, P. José Luis Rodrigues, também participaram na
celebração o P. Martins Júnior, o P. Giselo Andrade e o P. Carlos Almada.
Após
a Eucaristia, a comunidade foi convidada a visitar a torre da igreja que
recentemente foi alvo de restauro.
Sobre
o tema escolhido: “A ecologia do Papa Francisco” o Bispo do Funchal começou por
afirmar que o Papa não escreveu uma encíclica “verde” mas uma encíclica de
doutrina social da Igreja.
Sobre o lugar único do ser humano na criação, D. Nuno
disse que “hoje faz-se tudo para defender uma planta rara, mas não se faz tudo
para defender o homem, não se faz tudo para defender a vida humana,
não se faz tudo para defender uma criança que está no útero da mãe. Somos
capazes de defender todos os animais raros, todas as plantas raras, mas
esquecemos tantas vezes, tantas vezes, o ser humano”.
Na homilia, D. Nuno destacou que a “criação é mais do
que natureza” e recordou a expressão do Papa Francisco: “Fomos concebidos no
coração de Deus”.
“A noção de criação, significa que nós dependemos
sempre de Deus, significa um Deus que é Criador”. Por outro lado, “natureza é
simplesmente aquilo que nos é dado”.
O conceito de criação permite “olhar para tudo aquilo
que nos rodeia e procurar ver o dedo de Deus”.
Para o Bispo do Funchal há uma dificuldade em entender
o lugar do ser humano no mundo que conduz à destruição da criação. O mau uso da
tecnologia, “a ideia do crescimento ilimitado, a mentira da disponibilidade
infinita dos bens do planeta” e “uma economia que retira apenas o lucro e só
pensa no lucro”, pode estar na raiz dos problemas ecológicos que hoje
assistimos.
Não há ecologia sem olharmos para o ser humano
Olhar a pessoa humana e perceber que tudo está
interligado. Quando “não se reconhece a importância dum pobre, dum embrião
humano, duma pessoa com deficiência, dificilmente se saberá escutar os gritos
da própria natureza (nº 117)”.
“A mesma energia com que nós havemos de defender a
criação é a mesma energia que nós havemos de usar para defender os mais pobres,
os mais indefesos, aqueles a quem tanta vezes não se reconhece os direitos”,
referiu D. Nuno.
Citando o Papa, afirmou: “não é compatível a defesa da
natureza com a justificação do aborto” (nº 120).
O Bispo do Funchal concluiu a sua reflexão dizendo que
“esta pequena grande encíclica chama-nos a atenção. Atenção para quem somos, a
atenção na nossa relação para com Deus, a atenção da nossa relação para com os
outros, a atenção da nossa relação para com a natureza”.
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