AMAZÓNIA/Sínodo Papa sai em defesa do Sínodo da Amazónia, falando em território decisivo para sobrevivência da humanidade
AMAZÓNIA/Sínodo
Papa sai em defesa do Sínodo da Amazónia, falando em território
decisivo para sobrevivência da humanidade
Ago 9, 2019 - 11:22
Em entrevista, Francisco
manifesta ainda preocupações com avanço do nacionalismo e populismo na Europa
O Papa Francisco disse que o próximo Sínodo especial sobre a Amazónia, que
vai decorrer em outubro, no Vaticano, é uma resposta da Igreja Católica a
preocupações religiosas e ambientais, numa região decisiva para a sobrevivência
da humanidade.
“Não é uma reunião de cientistas ou de políticos. Não é um parlamento: é
outra coisa. Nasce da Igreja e terá missão e dimensão evangelizadora. Será um
trabalho de comunhão conduzido pelo Espírito Santo”, explicou, em entrevista
publicada hoje pelo jornal italiano ‘La stampa’.
A reunião de bispos foi anunciada pelo Papa a 15 de outubro de 2017 e vai
refletir sobre o tema ‘Amazónia: Novos caminhos para a Igreja e para uma
ecologia integral’, de 6 a 27 de outubro deste ano.
“A ameaça à vida das populações e do território deriva dos interesses
económicos e políticos dos setores dominantes da sociedade”, sustenta
Francisco, sublinhando que a desflorestação significa “matar a humanidade”.
Este Sínodo especial motivou reações negativas do Governo brasileiro, que
manifestou a “preocupação funcional do Ministro de Estado Chefe do Gabinete de
Segurança Institucional com alguns pontos” dos trabalhos.
O Papa, no entanto, entende que os temas importantes são os que dizem
respeito aos “ministérios da evangelização e aos vários modos de evangelizar”,
na região.
A este respeito, observa que a possibilidade de ordenar indígenas casados,
onde faltam sacerdotes é “simplesmente um número do Instrumentum Laboris”
(Instrumento de trabalho, ndr).
Francisco sublinha que a Amazónia, uma região que envolve nove Estados, é “um
lugar representativo e decisivo”, com um contributo “determinante para a
sobrevivência do planeta”, pelo que “não diz respeito a uma única nação”.
O Papa admite temer “o desaparecimento da biodiversidade” ou o surgimento
de “novas doenças letais”.
“Uma deriva e uma devastação da natureza poderiam levar à morte da
humanidade”, adverte.
A política, prossegue, deve “eliminar as suas próprias conivências e
corrupções” e assumir responsabilidades concretas em questões como “as minas a
céu aberto, que envenenam a água, causando muitas doenças”.
O pontífice fala das suas preocupações em relação à Europa, lamentando a
perda de identidade, ligada a valores humanos e cristãs, e o surgimento de
novos nacionalismos e populismos.
“Estou preocupado porque se ouvem discursos que se assemelham aos de
Hitler em 1934. Nós primeiro. Nós… nós… Estes são pensamentos assustadores”, declarou.
Francisco defende que cada país deve ser “soberano, mas não fechado”,
destacando, a este respeito, que no acolhimento aos imigrantes deve ser
respeitado o direito à vida, “o mais importante de todos”.
OC
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